Um encontro formidável de três grandes compositoras, que resulta em um desfecho sentimental de canções profundas e contagiantes.
Música, literatura e cinema são manifestações artísticas que eu amo. Digo isso como um amante da arte, a ponto de considerar os três tipos de arte como algo extremamente importante e essencial na vida de cada pessoa espalhada pelo mundo. Elas trazem conhecimento, sentimentos, entretenimento e muitas outras coisas inexplicáveis e inimagináveis. Quando se juntam, criam verdadeiras e grandiosas obras culturais que marcam eternamente na mente, no coração e na alma. E é com base nessa emoção que em 2023 é apresentado "The Record", o álbum de estreia do supergrupo estadunidense de Indie Rock, Boygenius, formado pelas talentosas musicistas Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus. Elas são diferentes como pessoas, porém, são unidas pela arte e pela amizade.
Apesar de ter se formado em 2018 com o lançamento do EP "Boygenius", o primeiro álbum do grupo só foi lançado em 2023, pois as três artistas estavam ocupadas trabalhando em seus respectivos álbuns solos. Julien Baker lançou "Little Oblivions" em 2021, Phoebe Bridgers lançou "Punisher" em 2020 e Lucy Dacus lançou "Home Video" em 2021.
Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus possuem origens diferentes, tanto locais (por nascerem em locais diferentes dos Estados Unidos) como culturais. No entanto, elas encontraram no Boygenius uma forma de fortalecer a amizade que possuem e também de criar canções de forma colaborativa. "The Record" retrata muito bem essa união, mostrando que cada uma é essencial na vida das outras, a ponto de poder influenciar no processo de criação de cada uma. O disco foi lançado em 31 de março de 2023 e foi produzido por Boygenius e pela renomada produtora Catherine Marks no famoso estúdio Shangri-La em Malibu. Possui 12 faixas bem interessantes e produzidas, que merecem a audição pelo seu som e a leitura de suas letras.
"Without You Without Them" possui apenas 1:21 de duração, com um bonito coro de vozes que soa como um som inspirado no Folk e no Country. Esse tipo de música é bem comum nos dois gêneros e mostra bem o tipo de lírica que estará presente no disco, com faixas que soam como poesias misturadas a experiências pessoais das cantoras. Além disso, há sons avassaladores que, juntos, dão uma combinação artística acolhedora e ótima para deixar os ouvidos tranquilos e a alma com sensação de suavidade, independentemente se a canção tiver um tom mais pesado ou melancólico.
A faixa seguinte, "$20", tem um som elétrico, onde se percebe a presença de um rock bem explosivo e enérgico. Na letra, percebe-se um tom mais agressivo, como forma de expressar de forma literal suas angústias e seus pensamentos. A letra soa como uma poesia impactante da escritora Sylvia Plath ou até mesmo da poetisa Maya Angelou, com destaque especial para Julien Baker, que utiliza seu talento para fazer desse registro uma das canções mais impactantes do disco.
"Emily, I'm Sorry" é uma canção emocionante que parece ser inspirada nos poemas da poetisa Emily Dickinson, que apresenta uma carga triste. O lírico segue assim, enquanto sua sonoridade é lenta, onde seus destaques são os vocais de Phoebe Bridgers e o seu instrumental, que é muito bonito. A faixa pode servir muito bem como parte da trilha sonora de algum excelente filme de Drama. "Leonard Cohen" é uma homenagem bonita ao ilustre músico Leonard Cohen, com um som lindo e emocionante, seja pelos seus arranjos que se fazem bem presentes, ou pela letra que faz jus à obra do artista canadense, um dos grandes nomes da história da música.
"Not Strong Enough” tem uma mistura de sons acústicos com elétricos e um conjunto vocal muito lindo das cantoras, que é cheio de alto astral ao tratar de um tema muito forte no lírico, que é a Síndrome do Impostor. A música aborda esse tema de uma perspectiva extremamente intimista, trazendo muita coragem e sinceridade para falar sobre o assunto. Se algum filme abordar esse tema, pode colocar essa canção na trilha sonora, pois será uma significativa cereja no bolo da película.
"Revolution 0", "We're In Love" e "True Blue" são três canções muito bem feitas e arranjadas, que assim como as outras faixas citadas nesse texto, merecem ser apreciadas e amadas pelas suas letras excelentes e suas sonoridades que são sinônimo de aconchego para os ouvidos.
“The Record” é um disco muito bom que merece um grande destaque no ano de 2023, por reunir o talento, o carisma e o esforço de três mulheres que merecem destaque todo especial. Para seus arranjos, que são muito bem afinados e posicionados, por letras extremamente ótimas ao tratar de coisas bem profundas, que merecem uma leitura bem especial ao mesmo tempo que soam como poesias. Uma produção que merece muitos aplausos, vocais trazidos de forma bem bonita e exalta o elo de amizade entre elas, detalhes que tornaram esse registro em um conjunto de alta qualidade e recheado de emoções.
The Record
Boygenius
Gênero: Indie Rock
Lançamento: 31 de março de 2023
Ouça: “$20”, “Emily I’m Sorry”, “Not Strong Enough”
Humor: Pungente, Agridoce, Apaixonado
Para que curte: Soccer Mommy, Lucy Dacus, Phoebe Bridgers e Julien Baker
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