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System of a Down emociona o Brasil e Serj Tankian relembra o 11 de Setembro em fala poderosa

Em meio à euforia que tomou conta do Brasil com os shows arrebatadores do System of a Down, a trajetória de luta, consciência política e coragem do grupo voltou a ganhar destaque.

Serj Tankian
Imagem: Reprodução

Para quem não acompanhava a banda de perto, a passagem recente do SOAD pelo país foi um verdadeiro choque de realidade — não só pelo peso sonoro e intensidade emocional dos shows para quase 300 mil pessoas, mas também pelas ações sociais e posicionamentos firmes que o grupo sustenta há décadas.



E nenhuma figura dentro da banda representa isso com tanta força quanto Serj Tankian. O vocalista, conhecido por suas posições progressistas e críticas afiadas, se tornou um símbolo da resistência no rock desde o lançamento de Toxicity, o clássico álbum da banda lançado em 4 de setembro de 2001 — exatamente uma semana antes dos atentados do 11 de Setembro.


Em meio ao caos que se seguiu ao ataque, Serj publicou um texto manifesto em seu blog pessoal. Nele, convidava os norte-americanos a uma reflexão profunda sobre as ações de seu próprio governo: falava de acordos secretos para garantir petróleo no Oriente Médio, do apoio a regimes autoritários e das contradições que alimentavam décadas de conflitos globais. Foi um gesto ousado, ainda mais vindo de um artista em ascensão meteórica. Você pode ler o texto de Serj completo aqui.


Em entrevista recente ao podcast de Christina Rowatt, Serj voltou a falar sobre o impacto daquele texto. Segundo ele, o que deveria ter sido um período de glória com o sucesso de Toxicity acabou virando uma época de perseguição:


“Aquele foi provavelmente o período mais louco e estressante das nossas vidas enquanto banda. Tinha gente me chamando de traidor por causa das minhas posições. Eu publiquei aquele texto como uma forma de entender o ataque terrorista e a contribuição de 50 anos de política externa norte-americana, porque estávamos todos desacreditados e com medo. Tudo enquanto estávamos em turnê, então foi… sabe, foi interessante [risos].”




Filho de armênios, nascido no Líbano e radicado nos EUA, Serj sempre trouxe o olhar do imigrante politizado que se recusa a abaixar a cabeça. E o SOAD sempre foi isso: uma banda que transforma fúria em arte e indignação em hino. Dá pra imaginar o momento mais glorioso da sua carreira acontecendo ao lado de uma das maiores tragédias do seu país?


É por isso que, mais do que um show, o System of a Down crava sua passagem pelo Brasil como um manifesto em movimento — com gritos que vêm do palco, das ruas e da memória.

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