Steven Tyler ressuscita em Birmingham — e transforma despedida do Black Sabbath em retorno visceral
- Marcello Almeida
- há 5 dias
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Enquanto uns se despedem, outros renascem. E alguns, como Steven Tyler, fazem as duas coisas ao mesmo tempo

O Back to the Beginning era, por definição, um rito de fim. O último rugido do Black Sabbath com sua formação original. A despedida definitiva de Ozzy Osbourne, não só do Sabbath, mas da carreira solo também. Birmingham, a cidade que pariu o heavy metal, agora se tornava o túmulo glorioso de seus próprios deuses.
Mas então… entrou Steven Tyler.
O homem que desafiou o tempo, as cordas vocais, as drogas, os excessos e até a própria morte criativa. Em 2023, uma fratura na laringe parecia ter encerrado sua jornada com o Aerosmith. A turnê final foi suspensa. O mundo se despediu. Mas ele não. Porque Steven nunca foi feito de carne comum. Ele é feito de palco, microfone e suor quente de arena.
Em Birmingham, ele voltou.
Não para roubar o show — mas para incendiar o templo. Com 77 anos nas costas e uma vida inteira de caos nas veias, Steven Tyler subiu ao palco como se fosse sua primeira vez. Ou a última. Cantou como se o rock ainda dependesse dele pra seguir vivo. E, por alguns minutos, dependia.
“The Train Kept-a-Rollin’” foi o aviso. O trovão. Ao lado de uma banda formada por deuses e demônios do rock — Ronnie Wood, Tom Morello, Nuno Bettencourt, Rudy Sarzo, Travis Barker, Chad Smith, Andrew Watt — Tyler soltou sua alma em forma de voz. Depois veio “Walk This Way”, o hino de uma geração. E ainda deu tempo de cuspir um pedaço de “Whole Lotta Love”, como se evocasse Plant e Page direto das entranhas do blues sujo e lascivo dos anos 70.
Foram apenas “duas músicas e meia”. Mas quem precisa de mais quando se canta com o corpo inteiro, como se cada nota fosse uma batalha vencida contra o esquecimento?
A grandeza do momento foi tamanha que Steven foi o único cantor convidado que não cantou Sabbath nem Ozzy. Não precisou. Sua presença já era uma oferenda sagrada. Era o rock dizendo: “ainda estou aqui”. Em carne, osso, cicatriz e fúria.
E aí vem a pergunta que ninguém consegue ignorar: será que o Aerosmith volta? Será que Tyler encara o fim como um ponto final ou apenas reticências? Se não voltar, paciência. O que ele fez em Birmingham já foi o bastante pra lembrar o mundo por que ele é — e sempre será — um dos últimos frontmen de verdade.
Mas que seria lindo ver a turnê se encerrar como deve… ah, seria.
O Back to the Beginning está disponível em stream no backtothebeginning.com por R$ 82,25. Mas o que Steven Tyler fez naquele palco não tem preço. Foi milagre. Foi rock. Foi renascimento.
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