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South Park desafia Trump, expõe a Paramount e ainda cria um pênis com olhos para escapar da censura

Atualizado: há 2 minutos

Novo episódio da série satiriza o presidente americano mesmo após acordo milionário com a Paramount — e abre especulações sobre despedida da dupla Trey Parker e Matt Stone

South Park desafia Trump
Paramount+

A nova temporada de South Park estreou esta semana nos EUA e já causou um terremoto político, midiático e — por que não? — anatômico. No episódio que marca o retorno da série à TV, os criadores Trey Parker e Matt Stone voltaram suas armas contra ninguém menos que Donald Trump, presidente em seu segundo mandato e atualmente aliado (com cifrões) da própria emissora que exibe o programa.



A crítica não foi sutil: além de retratar Trump literalmente na cama com o diabo, o episódio termina com o presidente vagando pelo deserto, completamente nu, com um micropênis. A cena gerou reações histéricas dentro da Casa Branca e até pedidos de censura vindos da Paramount, dona da Comedy Central e responsável por South Park.



“Não, vocês não vão borrar o pênis dele”

Segundo reportagem da Vulture, executivos da Paramount teriam solicitado que os criadores borrassem o órgão genital animado de Trump, mas Trey Parker rejeitou na hora:

“Não, vocês não vão borrar o pênis dele.”


Para contornar possíveis censuras, Matt Stone explicou a estratégia: “Se colocarmos olhos [cartunescos] no pênis, não vamos precisar borrar. Foi uma conversa inteira com adultos por quatro dias!”


Sim, o pênis virou um personagem. Literalmente.


R$ 90 milhões e uma guerra fria animada


O mais curioso (ou escandaloso) é que tudo isso aconteceu mesmo com um acordo legal milionário em vigor. No ano passado, a Paramount fechou com Trump um contrato de cerca de R$ 90 milhões envolvendo pagamentos ao fundo de sua biblioteca presidencial, em troca da retirada de processos e possíveis colaborações futuras — incluindo PSAs e espaços publicitários. Um arranjo que, na prática, parecia blindar o presidente de críticas dentro do conglomerado.


Mas Trey Parker e Matt Stone sempre foram imprevisíveis — e incorruptíveis. Ao que tudo indica, optaram por comprar briga, mesmo com a faca da Paramount no pescoço.


Despedida?


Alguns fãs mais atentos enxergaram camadas adicionais na estreia da nova temporada. A cena final, em que Cartman diz “eu te amo, cara” para Butters, foi interpretada por parte do público como uma possível despedida dos criadores — ou, pelo menos, uma despedida simbólica diante da possibilidade de cancelamento.



Há quem diga também que o episódio foi alterado de última hora. O conteúdo reflete acontecimentos recentes demais para ter sido planejado com meses de antecedência, o que sugere que Parker e Stone podem ter reescrito o roteiro após o atraso na estreia.


Desenho, censura e resistência


Mais do que uma piada escatológica sobre o pênis do presidente, o episódio toca em pontos sensíveis: a aliança entre grandes corporações de mídia e figuras autoritárias, o uso da cultura como ferramenta política e a linha cada vez mais tênue entre liberdade criativa e autocensura estratégica.


South Park, com toda sua irreverência adolescente e genialidade corrosiva, segue sendo um dos poucos espaços da cultura pop que ainda conseguem morder a mão que paga — e rir disso.



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