Do luto ao riff eterno: há 45 anos, o AC/DC transformava a dor em pura eletricidade
- Marcello Almeida

- 25 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jul.
O trovão nunca morre

Back in Black foi mais que um disco. Foi um grito. Um soco. Um trovão lançado ao mundo em 25 de julho de 1980, quando o AC/DC, ainda atordoado pela morte de Bon Scott, respondeu ao luto com o que sabia fazer melhor: barulho, atitude e alma amplificada no talo. Quarenta e cinco anos depois, esse barulho ainda ecoa — puro, imortal e inconfundível.
A morte de Bon Scott, em fevereiro daquele mesmo ano, foi um baque que quase encerrou a história da banda. Pouca gente acreditava que o AC/DC seguiria em frente. Mas os irmãos Young sabiam que o rock não pede licença — ele explode ou morre. E foi nessa encruzilhada que nasceu Back in Black, uma ode ao amigo perdido, mas também uma prova de que o fogo ainda queimava forte.
Brian Johnson chegou como quem não queria nada e virou gigante. A voz rasgada, a pegada blues, o carisma rascante — tudo se encaixou como se o destino soubesse o que estava fazendo. “Hells Bells” abre o disco com um sino fúnebre e um riff que arrepia até hoje. Depois vem “Shoot to Thrill”, “You Shook Me All Night Long”, “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”, e claro, a faixa-título, que virou hino, camiseta, tatuagem, mantra.
Produzido por Mutt Lange, o álbum é seco, direto, quase cru — mas cada segundo pulsa com vida. A capa preta, sem nenhuma imagem, dizia tudo: aquilo era luto, mas também era postura. Era respeito por Bon Scott, mas era também a recusa em deixar o rock morrer com ele. Back in Black vendeu mais de 50 milhões de cópias. Entrou para o Olimpo dos discos eternos. E fez do AC/DC uma força da natureza.
Mais do que sobreviver à tragédia, o AC/DC escreveu um novo capítulo. E poucas bandas na história fizeram isso com tanta dignidade e tanto barulho. Quatro décadas e meia depois, Back in Black ainda soa como um raio — desses que, quando caem, a gente nunca esquece.
Porque o trovão não morre. Ele só muda de voz.
















Comentários