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“Sempre odiei essa palavra”: vocalista do Pulp critica o termo Britpop e celebra o espírito da época

“Se as pessoas voltarem a sentir que podem fazer seu próprio som e isso ser notado — isso sim seria maravilhoso.”

Jarvis Cocker do Pulp
CRÉDITO: Sacha Lecca/Rolling Stone via Getty Images

Jarvis Cocker não quer saber de nostalgia preguiçosa. Em nova entrevista à NME, o vocalista do Pulp refletiu sobre a retomada do interesse pelos anos 90, mas foi categórico sobre o termo que virou sinônimo de toda uma era:


“Sempre odiei essa palavra. Jamais me associaria a ela por vontade própria.”



O comentário veio durante a divulgação de More, o novo álbum da banda e o primeiro em 24 anos. Em meio a um “verão renascentista do Britpop”, com o retorno de nomes como Oasis, Suede e Supergrass aos palcos, Cocker deixou claro que o que o interessava não era a estética nem o saudosismo — mas a urgência criativa daquele momento:


“Foi uma época emocionante antes de eles chegarem com essa definição de bandas indie começando a fazer sucesso na cena mainstream. Parecia que uma revolução poderia acontecer.”


Para ele, o mais importante seria recuperar a inquietação artística daquele tempo, e não simplesmente reviver os hits em versões envelhecidas:


“Se as pessoas voltarem a sentir isso – que podem fazer seu próprio som e que isso pode ser notado –, seria ótimo. Se esse tipo de atitude voltar, eu ficaria muito animado. Mas não com a palavra ‘BP’ — é uma palavra terrível.”


Ao ser questionado se pretende assistir aos shows de reunião do Oasis, Cocker brincou com a elegância habitual:


“Se eu puder entrar na lista de convidados, adoraria ver o que eles fazem!”



A volta do Pulp também foi desenhada com sutileza ao longo dos últimos dois anos: a banda retornou aos palcos em 2023 após mais de uma década parada e assinou com a Rough Trade em 2024. Nos shows mais recentes, apresentaram inéditas como “Farmer’s Market”, “My Sex” e “A Sunset”, antecipando o clima do novo disco.


More chega cercado de expectativa, mas Jarvis parece menos interessado em modismos do que em catalisar novas possibilidades. A revolução continua — só não chame isso de Britpop.



Para Jarvis, música boa não precisa de rótulo. Precisa de vontade.



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