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Roger Moreira e Edgard Scandurra enterram a Hatchet: abraço nos bastidores do Somos Rock

Atualizado: 28 de set.

Velhas rixas, memórias e rock — quando o microfone fica mudo, sobra espaço para a paz

Roger Moreira e Edgard Scandurra
Imagem: Reprodução

No último sábado (27), nos bastidores do festival Somos Rock — evento que reuniu Ultraje a Rigor e Ira! no Parque Villa-Lobos, em São Paulo — houve um reencontro que muitos julgavam improvável: Roger Moreira e Edgard Scandurra posaram lado a lado e anunciaram o fim de uma desavença que vinha de décadas. O registro foi publicado por Roger nas redes sociais, com uma legenda direta e sem floreios:



“Acabamos de fazer as pazes. Edgard pediu desculpas sobre as m#rdas que disse de mim e eu aceitei. Preferia que tivesse desmentido em público mas estou eu tornando público. Agora falta o Nasi.”


O gesto — uma foto e uma confissão pública — fala mais do que anos de acusações mútuas. A rixa entre os dois começou na transição entre os anos 1980 e 1990, quando Scandurra saiu do Ultraje para se dedicar ao Ira!; mas tornou-se amplamente pública em 2020, quando Edgard fez duras críticas ao posicionamento político de Roger. Na entrevista ao Pop Fantasma, Scandurra chegou a dizer:


“Acho que no fundo as pessoas querem o bem dos outros. Mas não consigo imaginar um artista de rock apoiando a tortura, gente que tortura os outros. Ou apoiando o preconceito tanto racial quanto identitário, ou apoiando um governo homofóbico.”

E lembrou, com nostalgia crítica, sua relação antiga com Roger:


“A gente [Roger e eu] não se fala. A última coisa que eu soube dele foi que ele estava desse outro lado. Eu não só toquei no Ultraje como dei o nome para a banda!…”


As respostas públicas de Roger naquela época foram igualmente duras — e inflamaram a disputa nas redes. Em posts no X/Twitter, o líder do Ultraje rebateu com palavrões e acusações:


“Sim, não nos falamos mais desde que o Edgard fundou e fez sucesso com o Ultraje, antes de tornar-se um puta dum babaca e ficar me maldizendo por aí. Sempre morreu de inveja. Apoiar a tortura seu c#, cretino!”


E prosseguiu em outro tuíte:


“Edgard se rói de ter que falar do Ultraje em toda entrevista. Já eu, nunca me perguntam do Edgard… Toma sua linha, c#zão! Vc é que apóia ditaduras! Na Venezuela, em Cuba e o car#lho! Babaca! B#nda-mole!”


Além do histórico entre os dois, o episódio ganhou dimensão por incluir terceiros: Nasi (vocalista do Ira!) foi citado por Roger como a “última peça” a ser conciliada — e seu nome carrega, desde 2024, uma aura de tensão. Em entrevista ao programa Futeboteco, Nasi deu uma declaração que muitos interpretaram como ameaça:


“Eu quebro a cara. […] Não se meta comigo. Não fale sobre mim. Entendeu? Porque senão eu vou quebrar a tua cara.”

Naquele mesmo período, Nasi explicou que havia retomado treinamentos de boxe e que não fugiria de confrontos físicos, alimentando ainda mais o clima de animosidade entre músicos veteranos.


Por que a reconciliação importa


O gesto de paz entre Roger e Edgard não é apenas um fato de bastidor: é um sinal. Num país onde debates culturais foram profundamente polarizados nos últimos anos, ver dois nomes históricos do rock nacional escolherem o reencontro público tem um valor simbólico. Primeiro, porque valida a ideia de que rivalidades artísticas podem — e talvez devam — ceder perante a memória coletiva e as causas maiores do ofício: a música, o público, a história. Segundo, porque arrefece uma narrativa de ódio que muitos temiam ver enraizada na cena musical brasileira.


Contexto histórico e cultural


Ultraje a Rigor e Ira! são parte da costura do rock brasileiro dos anos 1980: o primeiro com humor e refrões imediatos, o segundo com o tom mais sóbrio do post-punk nacional. A rixa, que misturou ciúme profissional, diferenças estéticas e, mais recentemente, atritos políticos, acabou espelhando um país dividido. Hoje, o abraço nos bastidores funciona como lente para reler aquela história: não foi apenas sobre egos, mas sobre a transformação do circuito cultural num país que mudou muito desde os anos 80.


O que vem a seguir


Roger já anunciou a reconciliação em público; Edgard respondeu com gestos no evento e a foto sela o ato. Resta saber se Nasi — cujo nome foi citado explicitamente na publicação de Roger — aceitará o encontro público ou manterá a postura reservada/temperamental que exibiu antes. Para o público, a esperança é que o som prevaleça sobre a mensagem agressiva; para os protagonistas, a oportunidade de virar a página em uma carreira que, reconheçamos, é feita de mais do que disputas pessoais.


No fim, ficou a imagem: dois veteranos, meio cinza de estrada, meio curados das feridas antigas, trocando um aperto de mão que vale mais do que milhões de likes — uma lembrança de que, às vezes, a música exige que a gente se reconcilie com o próprio passado.

10 comentários


Convidado:
30 de set.

Fico espantada com a deselegância da postagem. A foto em si já diz tudo, bastava acrescentar uma única palavra “paz”.

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Luis
30 de set.

Roger é um dos únicos artistas conscientes desse país arrombado pela esquerda. Já o Nasi talvez não tenha até hoje entendido os fãs do IRA

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Convidado:
01 de out.
Respondendo a

Simm, artistas e apresentadores que dão aula de consciência de classe, como: Sergio Reis, Ratinho, Antônia Fontenelle, Regina Duarte... bora escutar mais uma vez "Nas Ruas"?

Vai que interpretação de texto desta vez rola, não custa tentar!

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Paulo
30 de set.

Eu curto as músicas do Ultraje, já a postura política do Roger... é ultrajante...

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Roger
30 de set.
Respondendo a

Um dia vc aprende. Quando crescer.

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Perebaliao
30 de set.

Esse Roger sempre foi um bosta. Hoje está aí, mendigando um salário na TV e se achando um rockstar. Babaca do caralho.

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Roger
30 de set.
Respondendo a

Vivo de renda, bobão. Vivo do meu sucesso. Trabalho na TV porque gosto. E sou um rockstar. Já você, não é bosta nenhuma.

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Convidado:
29 de set.

O tal do Roger fala como se fosse o dono da razão e como nunca tivesse falado ( e feito ) merda. Continua sendo o mesmo babaca de sempre. 😂😂😂

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