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Por que ainda ouvimos “Rockin’ in the Free World”, de Neil Young

Algumas músicas não envelhecem. Elas apenas esperam o momento certo para nos lembrar que a liberdade também é luta

EPA/NILS MEILVANG
EPA/NILS MEILVANG

Algumas músicas atravessam o tempo não apenas por sua melodia ou refrão memorável, mas porque capturam o espírito de uma era e continuam a falar com o presente. É o caso de “Rockin’ in the Free World”, um dos maiores clássicos do rock e da carreira de Neil Young, lançado em 1989 no álbum “Freedom”. Uma canção urgente, elétrica e feroz — ainda mais relevante hoje do que quando surgiu.

 


O disco Freedom marcou o renascimento artístico de Neil Young após uma década conturbada e criativamente irregular. Com uma mistura de folk, rock e crítica social, o álbum foi aplaudido pela crítica e pelo público. Mas foi “Rockin’ in the Free World” que roubou a cena — abrindo e fechando o disco em duas versões (elétrica e acústica), como se resumisse toda a força poética e política do trabalho.

 

A música foi escrita como uma resposta crítica às políticas sociais e econômicas do governo George H. W. Bush nos EUA, embora Neil Young seja canadense. Ele estava indignado com a forma como os problemas sociais — como o aumento da pobreza, o descaso com os sem-teto e o uso político da liberdade — estavam sendo mascarados por discursos patrióticos vazios. “We got a thousand points of light / For the homeless man / We got a kinder, gentler machine gun hand”, canta ele, com ironia afiada e guitarras incendiárias.

 

Mais do que um músico, Neil Young é um artista completo: ativista, poeta, cronista da alma humana e defensor das causas sociais. Ao longo da carreira, sempre usou sua arte para expressar indignação, compaixão e esperança. Seu estilo cru, sincero e emocional fez dele um dos grandes nomes da música mundial, com uma obra que mistura rock, folk, country e grunge, influenciando gerações.

 


“Rockin’ in the Free World” é muito mais do que um protesto — é um retrato poderoso da tensão entre a promessa da liberdade e a realidade dura de quem vive à margem dela. É uma música que nos sacode, nos faz pensar, gritar e, ainda assim, continuar seguindo em frente, com guitarra em punho e a verdade nos versos.

 

Se você ainda não ouviu essa canção, faça isso agora. Coloque os fones, aumente o volume e sinta a força de um artista que nunca teve medo de falar o que precisava ser dito. Porque algumas músicas não envelhecem. Elas apenas esperam o momento certo para nos lembrar que a liberdade também é luta.



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