Por meio de “Ilion”, a Slift entrega ataques instrumentais intensos e viscerais
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Por meio de “Ilion”, a Slift entrega ataques instrumentais intensos e viscerais

Atualizado: 15 de abr.

A proposta do álbum é audaciosa: transcender as expectativas habituais e transportar o ouvinte para um universo onde o extraordinário não apenas se torna tangível, mas também intensamente perceptível.

Slift
Foto: Franck Alix


A banda francesa Slift é um destaque no cenário do rock psicodélico e space rock, originada na cidade de Toulouse. Formada pelos talentosos irmãos Jean Fossat (guitarra e vocais) e Rémi Fossat (baixo e vocais), além Canek Gijon (bateria e vocais), a banda tem se destacado desde o início por sua abordagem musical inovadora, combinando diversos estilos como rock progressivo, krautrock, stoner rock e até mesmo elementos de metal.


O trio é reconhecido por suas apresentações intensas e cheias de energia, proporcionando ao público experiências imersivas por meio de seus shows impactantes. As composições do grupo se caracterizam por sua complexidade e ousadia, explorando sons e texturas que conduzem os ouvintes em uma jornada por paisagens sonoras únicas.


A música do Slift é marcada por uma abundância de experimentações e por uma ampla gama de influências estilísticas, resultando em uma sonoridade distinta que agrada ouvintes de vários gêneros musicais – porém que esteja aberto a experimentações e estruturas musicais desafiadoras. A banda se destaca pela sinergia entre seus integrantes, que facilita a produção de uma sonoridade coesa e harmoniosa.


Durante sua trajetória, a banda tem obtido reconhecimento internacional por sua abordagem inovadora e performances empolgantes, além de ter conquistado uma base de fãs dedicada e apaixonada. Com sua fusão de elementos de rock psicodélico, space rock, krautrock, stoner rock e metal, a banda se firmou como uma das mais promissoras no cenário do rock contemporâneo.



Ilion marca o retorno da banda após quatro anos desde o lançamento de seu último disco, Ummon, em 2020. O novo álbum pode ser considerado uma sequência direta de Ummon, pois mantém a mesma atmosfera opulenta e pomposa, além dos ataques instrumentais intensos e viscerais que caracterizaram seu predecessor. Com uma duração de quase 80 minutos, Ilion oferece uma experiência musical envolvente e ambiciosa, repleta de camadas sonoras e momentos de puro deleite artístico. A continuidade de estilo entre os álbuns cria uma sensação de coesão na discografia da banda.


Ilion é um álbum que se revela de maneira fascinante a cada audição, levando-nos gradativamente a testemunhar algo verdadeiramente monumental. É uma experiência sonora luminosa e envolvente, que captura o ouvinte completamente, imergindo-o em uma esfera intrincada de ritmos psicodélicos, progressivos e experimentais. A proposta do álbum é audaciosa: transcender as expectativas habituais e transportar o ouvinte para um universo onde o extraordinário não apenas se torna tangível, mas também intensamente perceptível.


À medida que cada faixa se desdobra, o ouvinte é levado por uma viagem sonora que desafia os limites dos cantos exploratórios musicais e de novas texturas, além ambiências que renovam e expandem a percepção sonora. Ilion não é apenas um álbum para ser ouvido; é uma obra para ser experienciada, um convite para mergulhar profundamente em camadas sonoras que se entrelaçam de maneira complexa e cativante, cada uma revelando novas facetas de sua riqueza artística.


Alguns dos destaques – embora ele seja todos destacável. A faixa título abre o disco de forma vibrante e explosiva. Sua intensidade inicial é incontestável, estabelecendo uma atmosfera potente de força bruta e domínio sonoro que reverbera por toda a música. Entrega o que o ouvinte vai receber durante todo o disco, notas hipnóticas e contundentes que se fixam na mente, deixando uma impressão duradoura.



The Words That Have Never Been, uma introdução breve e peculiar acontece antes que haja um ataque instrumental metálico e furioso. Aqui nota-se a banda passeando pelo post-rock e pelo space rock em seus momentos mais apaziguados, digamos assim. Há momentos em que elementos de post-hardcore conferem uma textura diferente à música, introduzindo assim, uma energia mais crua e fervorosa. A atenção meticulosa aos detalhes é evidente nas harmonias bem trabalhadas, nas progressões de acordes calculadas e nos arranjos intricados que se entrelaçam habilmente.


Uruk possui uma aura meio macabra na sua introdução. O riff para qual a música evolui é o que considero o melhor de todo o álbum. Com uma energia palpável e envolvente, essa passagem inicial cria uma atmosfera poderosa para a faixa, cativando a atenção do ouvinte desde o início e prometendo uma jornada sonora intensa. Porém, apesar de ser um dos destaques, ainda há um problema na música, conforme ela se desenvolvem, a ausência de uma progressão clara ou de variações significativas ao longo da faixa, provoca uma perda gradual de impacto, nunca chegando no seu clímax, e com isso, comprometendo a experiência aparentemente prometida. Ainda assim, é inegável que apresenta momentos notáveis.



The Story That Has Never Been Told, logo no seu início mostra algo que a destaca das demais faixas, uma sensação esperançosa e pompa dentro de uma atmosfera estimulante e vivaz. Se no geral, houve uma entrega de peças pesadas e densas, o tom mais refrescante exibe um ar flutuante e quase sereno se comparado entre tudo que a banda estava fazendo. Os padrões rítmicos intensificados e as camadas de som em looping geram uma sensação de urgência e intensidade, que mantém o ouvinte atraído.


Essa abordagem rítmica, marcada por padrões hipnóticos e pulsantes, cria um clima de antecipação que cresce conforme a música avança. Essa repetição não apenas gera uma atmosfera familiar para os fãs da banda, mas também alimenta a energia e o dinamismo da faixa. Sua construção metódica e pulsante culmina em uma experiência auditiva eletrizante, elevando a intensidade da música e proporcionando uma sensação de êxtase.



Inicialmente, o álbum pode parecer longo demais, especialmente para aqueles que não estão acostumados com sua abordagem expansiva. No entanto, à medida que o ouvinte se familiariza com a estrutura e a estética do álbum, torna-se mais fácil compreender sua duração e apreciar sua ambição artística. Embora seja verdade que algumas seções poderiam ser encurtadas para potencialmente melhorar o ritmo e a concisão, isso ainda não mudaria o fato de que o álbum é, em essência, longo. A duração faz parte da sua proposta, permitindo à banda explorar uma variedade de ideias musicais com mais liberdade e oferecer uma experiência mais imersiva.


Por fim, embora o álbum possa requerer paciência e atenção do ouvinte, sua extensão também permite momentos de profundidade e experimentação que podem ser apreciados com o tempo. Para aqueles que estão dispostos a se entregar a essa oferta, a duração pode ser vista como uma oportunidade para se envolver com as nuances e camadas do álbum, tornando-o uma experiência mais rica e gratificante.

 

Ilion

Slift


Ano: 2024

Genero: Rock Psicodélico, Acid Rock, Stoner Rock, Space Rock

Ouça: "Ilions" "The Words That Have Never Been”, "The Story That Has Never Been Told"

Pra quem curte: Frankie and the Witch Fingers, All Them Witches, Hooveriii



 

NOTA DO CRÍTICO: 9

 

Ouça, "The Story That Has Never Been Told"


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