'Pick-Up Full Of Pink Carnations' pode ser um bom reencontro com indie rock do The Vaccines
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'Pick-Up Full Of Pink Carnations' pode ser um bom reencontro com indie rock do The Vaccines

Um álbum de simplicidade atraente, o mais direto desde sua estreia.

The Vaccines
Crédito: Wrenne Evans


What Did You Expect From The Vaccines? Uma pergunta lançada lá no longínquo ano de 2011, em um disco que pode ser considerado um marco e um registro classudo do indie rock. A resposta pode muito bem ter chegado com o sexto álbum de estúdio dos The Vaccines, 'Pick-Up Full Of Pink Carnations', título que faz menção à canção ‘American Pie' de Don McLean. O álbum chega repleto de ótimos refrãos, guitarras ganchosas e um bom uso de sintetizadores que, por hora, lembram as vertentes do The Killers, com algumas nuances de Bruce Springsteen. Com um pé na New Wave dos anos 80, poderia caber facilmente na trilha sonora de Clube dos Cinco de 1985.


Esse é o primeiro trabalho sem o guitarrista Freddie Cowan, que saiu da banda no ano passado, após a saída do baterista Pete Robertson em 2016. Se você achava que a banda perderia a empolgação e ritmo, se enganou. Aqui temos um álbum recheado de composições que continuam fiéis ao som indie de alta octanagem. O disco já abre com uma faixa virtuosa e de ótimas guitarras. 'Sometimes, I Swear' soa nostálgica e melódica, e ganha força em uma melodia que conversa agridocemente com os vocais de Justin Young.



É inquestionável o dom de Young para criar versos que são fáceis de serem cantarolados por aí. Não é difícil encontrar temas profundos e outros mais sutis em suas letras, que acabam acrescentando uma atmosfera mais sombria na música do Vaccines, algo que combina com esses tempos áridos. Mas também existe um sentimento de liberdade e algo estradeiro nessas canções, que casam liricamente com a capa de 'Pick-Up Full Of Pink'. Além disso, esse é um trabalho mais sobre os efeitos do tempo, sobre envelhecer e aceitar as amarguras impostas pela vida, mas com gotas de esperanças. Estas são encapsuladas em versos que destilam sobre as inúmeras possibilidades da vida. Ela pode não ser como você quer, mas apresenta caminhos; a estrada pode ser um deles.


“Heartbreak Kid” pode muito bem ser uma versão moderna da sonoridade da banda, vestida em uma roupagem pop que traz um certo ar refrescante e mantém o ritmo contagiante e dançante do disco. Isso, talvez, explique por que os Vaccines continuam sendo um grande atrativo em festivais. Aqui, temos canções prontas para funcionarem em grandes estádios e arenas.


Muito desse frescor e charme envolvente surge das mãos do talentoso produtor Andrew Wells (Halsey, Phoebe Bridgers), que consegue traduzir e capturar a essência da banda sem modificá-la, deixando o som mais límpido e direto. As canções também parecem ter sido inspiradas e influenciadas pela vivência do vocalista Young na Costa Oeste da América. O disco esbanja paisagens cinematográficas, enquanto Justin imagina um romance perfeito e a pessoa ideal para dividir a vida em faixas líricas, poéticas que não deixam de citar Mark Twain, Edgar Allan Poe e Dennis Wilson.



Basta seguir os versos melosos de 'Sunkissed' que narra uma história de amor dosada por humor e nostalgia: "Estávamos tão apaixonados que reservamos um hotel no Hilton, deixei crescer minha barba à la Dennis Wilson, ficou seis semanas, o mundo nunca saberia, querida (que explosão)," diz um dos versos da canção. Talvez a menos enérgica do disco.


Já faixas como 'Lunar Eclipse' e 'Another Nightmare' emulam as canções mais pop do Cure. A banda continua explorando o passado através de lentes coloridas, dissecando amores do passado e as decisões que às vezes precisamos tomar na vida. Fica aquela pergunta martelando na mente: e se? Existem camadas e tons espalhados por aqui, que remetem a faixas de sucesso do primeiro disco, como 'If You Wanna' e 'Post Break-Up Sex'.


O álbum pode até ser mais do mesmo e não trazer nada revolucionário para o gênero, mas acaba sendo um reencontro satisfatório com a discografia da banda. Se você, assim como esse que vos escreve, ouviu a beça o primeiro disco e, por circunstâncias preferenciais e pessoais, acabou deixando os Vaccines de lado depois disso, 'Pick-Up Full Of Pink' pode ser um reflexo de boas lembranças de momentos e pessoas que ficaram guardadas em um certo capítulo da vida.



'The Dreamer' e 'Anonymous In Los Feliz' deixam claro que o velho indie rock dos Vaccines ainda é capaz de contagiar com boas melodias e versos cativantes. Esse é um disco que encontra o melhor da banda: um álbum de simplicidade atraente, o mais direto desde sua estreia. Um disco repleto de hits perfeitos para cair na estrada sem destino. Aproveite a viagem.

 

'Pick-Up Full Of Pink Carnations'

The Vaccines


Ano: 2024

Gênero: Indie Rock

Ouça: "Sometimes, I Swear", "Lunar Eclipse", "The Dreamer"

Humor: Nostálgico, Enérgico, Contgiante

Pra quem curte: Spector, Circa Waves


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Veja o clipe de 'Sometimes, I Swear'






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