Oasis e o espírito dos anos 90: uma jornada por '(What's The Story) Morning Glory?'
top of page

Oasis e o espírito dos anos 90: uma jornada por '(What's The Story) Morning Glory?'

 Uma tapeçaria sonora de euforia, melancolia e realismo, ecoando o pulso de uma geração.

Oasis
Imagem: Reprodução.


Os anos 90 serviram um caldeirão fervente para a cena musical, especialmente o rock, com o surgimento do britpop em resposta ao enorme domínio da música americana, em especial o Grunge. Um dos discos que colocaram o gênero na boca do mundo foi o aclamado e elogiado '(What's The Story) Morning Glory?', o segundo álbum da banda britânica Oasis, lançado em outubro de 1995. Este disco pode ser considerado o trabalho que melhor definiu esse período empolgante para a cultura pop. Ele surgiu em um momento crucial da cena britânica, marcando o auge do fenômeno britpop. Um movimento que explodiu no mundo como uma bomba atômica, bandas como Blur, Pulp e o próprio Oasis disputando a atenção do público, mídia e crítica especializada. Nesse caldeirão efervescente outro nome importante foi os Stone Roses.


O que torna "(What's The Story).... relevante no cenário indie e uma peça fundamental e canalizadora que ressoa intacto aos efeitos do tempo é justamente sua sonoridade mista que navega agridocemente pelo rock, pop e camadas psicodélicas que deixam claro a influência de bandas como Beatles e Rolling Stones. Sim, esse era um dos efeitos do britpop, resgatar a originalidade do rock britânico oriundo dos longevos anos 60 e 70, e o segundo disco do Oasis fez isso primorosamente recebendo aclamação da crítica e comercial, consolidando a posição dos Gallaghers como uma das mais importantes bandas de sua geração.



Com sua química e canções que inspiram e despertam sensações, a cada segundo disparado de um acorde ou verso grudento, que cola feito chiclete na alma, o disco se revela uma perfeita mistura sonora. Agridocemente, pode levar o ouvinte por uma viagem nostálgica, dosada por influências notáveis de bandas dos anos 60 e 70. Uma dose de frescor e vitalidade na música britânica não foi à toa que o disco dos Gallaghers foi recebido com paixão por uma grande parcela da crítica e público. É aquela velha história: você pode odiar Oasis, mas já se pegou cantando alguma música desse disco em algum momento da sua vida.


São feitos que, por ventura e circunstâncias de uma época, consolidaram o Oasis como uma das maiores bandas de sua geração, lotando estádios, arenas, e o que mais vier à mente. As letras refletem os sentimentos introspectivos sobre temas como amor, amizade e as realidades da vida britânica, algo que ressoou profundamente com a juventude naquele momento (e até hoje). O efeito causado pelo Nirvana, e as letras pessoais e verdadeiras de Kurt Cobain, fizeram jus ao Oasis de uma certa maneira.


Todos esses elementos, vindos do rock clássico com a sensibilidade do pop dos anos 90, podem ser sentidos logo na abertura com 'Hello', uma faixa que, por mais que não seja a mais inovadora do disco, estabelece o tom confiante e exuberante que permeia todo o álbum. Muito desse feito vem da produção, liderada por Noel Gallagher, o principal letrista da banda, e pelo produtor Owen Morris. Juntos, conseguiram trazer para a sonoridade do disco uma abordagem direta e crua, com guitarras distorcidas, vocais melódicos e refrões cativantes. Isso, talvez, explique o motivo de faixas como 'Wonderwall' e 'Don't Look Back in Anger' terem se tornado hinos atemporais, transcendendo gerações.



Ambas as canções trazem aquela paisagem de melancolia e esperança, com uma melodia simples e direta, sem abandonar a emoção e o lado introspectivo. 'Hey Now', uma das menos faladas do disco, combina letras reflexivas com uma sonoridade densa e camadas de guitarras. Ela exemplifica a habilidade da banda de criar faixas de rock sólidas que ainda assim têm um apelo pop. 'Some Might Say' pode muito bem representar o auge do otimismo e do vigor do britpop; a canção é contagiante e reflete as aspirações e a mentalidade da juventude dos anos 90.


Mas claro, toda essa euforia e sucesso que se criou em torno de '(What's The Story) Morning Glory?' também cresceu, impulsionada pela rivalidade midiática entre Oasis e Blur, que dominou as manchetes em 1995. Algo que foi muito além de uma mera competição de vendas de discos; ela representa dois olhares e visões diferentes do britpop. Oasis, com suas raízes operárias e atitude direta, representava um tipo de autenticidade crua; o Blur, com sua abordagem mais artística e irônica, representava um lado mais 'elitista' da cultura britânica, digamos assim.


O fato é que o segundo disco dos irmãos birrentos nos acalentou com aquela que talvez seja uma das mais bonitas canções do Oasis: 'Champagne Supernova'. É uma viagem onírica com uma melodia expansiva que traz imagens poéticas e aquela sensação de inúmeras possibilidades.


O álbum também ajudou a revitalizar o mercado de discos no Reino Unido e teve um impacto global, abrindo caminho para o sucesso de outras bandas britânicas nos Estados Unidos e em outros lugares, passando a ter um impacto mais forte no cenário mundial.



'(What's The Story) Morning Glory?' não é apenas um marco do britpop, mas também um disco que capturou o espírito de uma geração. Com sua mistura de melancolia, euforia e realismo social, os irmãos Gallagher conseguiram olhar para além das janelas dos altos e baixos da vida nos anos 90. Esse sentimento viajou pelas lacunas do tempo e permanece atual, relevante e influente até hoje.

 

(What's The Story) Morning Glory?

Oasis


Ano: 1995

Gênero: Britpop, Indie Rock

Ouça: 'Wonderwall', 'Don't Look Back in Anger', 'Champagne Supernova'

Humor: Catártico, Confiante, Apaixonado

Pra quem curte: Stone Roses, Blur, The Verve


 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Veja o clipe de 'Champagne Supernova'



61 visualizações0 comentário
bottom of page