“O Raimundos é uma vida que eu deixei”, diz Rodolfo Abrantes
- Marcello Almeida
- há 3 dias
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“Se eu fosse cantar hoje uma música do Raimundos eu ia pagar mico, porque eu não lembro"

Mais de vinte anos depois de sua saída do Raimundos, o cantor Rodolfo Abrantes voltou a refletir sobre o passado e sobre a possibilidade, tão sonhada por muitos fãs, de uma reunião com a banda que marcou o rock brasileiro nos anos 1990.
Em participação recente no Ticaracaticast, o músico, que se converteu ao cristianismo após deixar o grupo, foi sincero ao admitir que a ideia o deixaria dividido entre o carinho pela história e a fidelidade ao caminho espiritual que escolheu seguir.
“Eu tenho certeza que muita gente ficaria muito feliz com isso. Eu tenho certeza que eu ficaria rico do dia pra noite. Eu tô só colocando os pontos. Eu [também] tenho certeza que eu não ia conseguir [me] olhar no espelho. Porque o Raimundos não é uma banda que eu abandonei, é uma vida que eu deixei. E eu sangrei pra deixar. Tipo, custou sangue, primeiro do meu Deus. Porque, assim, eu entendo completamente que as músicas eram engraçadas, eram bem-humoradas… É engraçado.”
Durante a conversa, Rodolfo demonstrou carinho e distanciamento ao mesmo tempo em relação à antiga banda. Ele contou que recentemente foi marcado em um vídeo de um fã cantando “Pompem”, faixa lançada pelos Raimundos em 1999, mas confessou que já não lembrava da música:
“Se eu fosse cantar hoje uma música do Raimundos eu ia pagar mico, porque eu não lembro. Eu busquei no letras.com, falei, ‘o que é essa música fala?’. Cara, sério, eu quase vomitei de tanto rir. Eu tive uma crise de riso. Eu falei, ‘meu irmão, que coisa louca’. Tipo, assim, eu entendo que é engraçado, sabe? Mas a carga que eu coloquei naquilo, eu derramei demais. Sabe aquela rua que você levou um pau e ficou em coma? Volta lá umas 10 vezes por semana…”
Apesar da ruptura dolorosa, o diálogo entre Rodolfo e os ex-integrantes foi retomado em 2020, quando Digão ligou para o ex-vocalista, um gesto que selou a reconciliação e trouxe paz a uma história marcada por excessos e mágoas.
Em outras entrevistas, Rodolfo já havia afirmado que nunca renegou o legado musical que construiu com os Raimundos, reconhecendo o impacto cultural e emocional das músicas que marcaram uma geração. No ano passado, ele viveu outro reencontro simbólico com Fred Castro, baterista original da banda, após 23 anos sem se verem.
Hoje, Rodolfo segue firme em sua jornada espiritual e musical, carregando o mesmo vigor de antes, mas com outro propósito.
E talvez seja justamente essa transformação que mantém viva a força de sua história: a de quem um dia gritou alto, e agora encontra silêncio sem arrependimento.
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