O musical secreto de David Bowie vem à tona: The Spectator revela o último ato imaginado pelo camaleão do rock
- Marcello Almeida

- 5 de set.
- 2 min de leitura
A obra de Bowie sempre foi um organismo vivo

David Bowie sempre foi um artista que viveu à frente de si mesmo, multiplicando personagens e reinventando a própria linguagem. Agora, nove anos após sua morte, surge um capítulo até então desconhecido de sua obra: The Spectator, um musical ambientado no século XVIII que o artista desenvolveu em segredo nos últimos meses de vida.
Segundo o The Guardian, arquivistas encontraram anotações manuscritas no estúdio de Bowie descrevendo a trama do espetáculo, inspirada na arte e na cultura londrina de 300 anos atrás. Entre as referências, aparecem histórias de gangues criminosas e a figura lendária do ladrão “Honest” Jack Sheppard. O projeto permaneceu oculto até mesmo de seus colaboradores mais próximos, guardado em um quarto acessível apenas por ele e seu assistente pessoal.
O material integra o gigantesco acervo doado ao Museu V&A, em Londres, que reúne mais de 90 mil itens do arquivo do músico. Parte dessas descobertas será exibida ao público pela primeira vez no David Bowie Centre, localizado no V&A East Storehouse, em Hackney Wick, cuja inauguração acontece em 13 de setembro. Para marcar a abertura, artistas como Nile Rodgers e o grupo The Last Dinner Party organizarão exposições especiais.
Pouco antes de morrer, Bowie já havia se aventurado pelo teatro musical com Lazarus (2015), escrito em parceria com Enda Walsh e inspirado no romance The Man Who Fell to Earth. The Spectator, agora revelado, sugere a direção que sua imaginação poderia ter seguido se houvesse mais tempo — um mergulho em mitos urbanos, crime e espetáculo, filtrados por sua sensibilidade única.
A descoberta não apenas amplia a compreensão sobre a mente inquieta de Bowie, mas também reforça a sensação de que sua obra é um organismo vivo, que segue se revelando aos poucos.
Mesmo no silêncio da morte, Bowie ainda encontra maneiras de nos surpreender — como se seu último personagem fosse o próprio mistério.














Comentários