'O Homem Que Caiu Na Terra' uma obra soberba que desenha um retrato fidedigno da nossa atualidade.
top of page

'O Homem Que Caiu Na Terra' uma obra soberba que desenha um retrato fidedigno da nossa atualidade.



"O universo não foi feito à medida do ser humano, mas tão pouco lhe é adverso: é-lhe indiferente" (Carl Sagan)

'O Homem Que Caiu Na Terra', de Walter Tevis foi publicado a primeira vez em 1963, uma jornada científica bem respectiva que vai narrar os anseios, dores e a solidão de um extraterrestre que sai do seu planeta natal Anthea em busca de novos recursos para salvar seu povo, pois seu planeta já se encontra escasso de recursos próprios e ele simplesmente aterrissa na terra para executar sua missão.


A narrativa parte desse princípio quando esse ser chega no interior dos Estados Unidos adotando a fisionomia de um humano e passa a se chamar Thomas Newton. Não demora muito para que ele se torne um grande empresário e milionário, devido a toda sua inteligência e tecnologia que trouxe do seu mundo. Thomas tem o intuito de construir uma enorme maquina misteriosa e investe todos seus recursos nesse projeto.

O interessante da narrativa da obra é observar como Thomas apesar de toda sua inteligência e riqueza leva uma vida ordinária, sozinho e indiferente com a vida aqui na terra. Além disso, tem a saudade de casa que bate profundamente em sua memória. Sem falar que o sujeito sente muitas dores devido ao seu corpo frágil. A anatomia humana não condiz com seu esqueleto e ele sofre muito com isso.

De maneira intrigante o convívio com os humanos afeta Thomas de forma bem deprimente. Cercado de gente egoísta, individualista, gananciosa e maldosa e isso o, deixa ainda mais deprimindo e solitário, e ele acaba se entregando a bebida até mesmo como uma forma de anestesiar a imensa dor que sente nesse vazio proporcionado por esse, planeta chamado terra. Tevis usa de metáforas para tecer críticas a maneira destrutiva que nós humanos vivemos e usamos nossos recursos naturais. Newton não é um homem e tão pouco um alienígena. Um ser que habita entre essas duas circunstâncias e a medida que vai passando mais tempo na terra vai se tornando frágil, impotente e sem vontade própria. Quantas vezes nos sentimos assim? Sempre irão existir momentos onde seremos niilistas e apáticos ao mundo ao nosso redor.


Ser diferente no mundo onde vivemos já é excludente, e esse sentimento de exclusão afeta Newton de maneira gradual, ele se sente diferente dos humanos, mas a convivência com pessoas vai cada vez mais desencadeando aspectos e sentimentos que o tornam humano, seu mundo estava doente, morrendo e ele veio parar em um outro mundo ainda mais doente.


O Homem Que Caiu Na Terra não é um livro de suspense, ação ou aventura. É um conto de ficção científica que trata de assuntos existencialistas como o sentimento de solidão vivenciado pelo protagonista e sua perspicácia sobre a vida humana. Um livro que segue relevante e atual sobre as questões abordadas nele. E Walter Tevis foi primoroso na construção desse personagem. Tem uma parte nesse livro extremamente incrível e impactante e muito original. Aliás, o livro todo é uma obra fascinante do início ao fim. A maneira como Tevis tratou essa história emanado por uma escrita simplista, direta e pontual, torna a leitura cativante.


Sobre a edição da Darkside eu não preciso nem dizer ser magistral, é fabulosa. A dona caveira arrasa sempre. 'O Homem Que Caiu Na Terra' foi adaptado para o cinema pelo diretor Nicolas Roeg em 1976. Contou com a participação do ilustre David Bowie vivendo sua primeira experiência cinematográfica na pele de Thomas Newton.

 

Ficha Técnica:

O Homem Que Caiu Na Terra

Autor: Walter Tevis

Lançamento mais Recente: 2016

Editora: Darkside

Tradução: Taissa Reis

Gênero: Ficção Científica

páginas: 224

Publicação original: 1963

Obra adaptada para o cinema em 1976 (Nicolas Roeg)

 

Notas sobre o Autor:

Walter Tevis (1928-1984) nasceu em São Francisco, Califórnia. Foi professor de literatura na Universidade de Ohio e autor de romances e contos traduzidos em pelo menos 18 idiomas. Três dos seis romances que escreveu foram adaptados para o cinema: The Hustler (1959), The Color Of Money (1984) e o Homem que Caiu na Terra (1963). Este, dirigido por Nicolas Roeg em 1976, marca a estreia de David Bowie como ator. O filme logo se tornou um clássico e influenciou a cultura pop como poucas outras obras de ficção científica. Saiba mais em Waltertevis.com.

 

Sobre Marcello

É editor e criador do Teoria Cultural.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror. Adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar histórias sobre: música, cinema e literatura. marce.almeidasilvaa@gmail.com

 

67 visualizações0 comentário
bottom of page