Nova camisa 2 da Seleção Brasileira, em vermelho e preto, vira discussão política antes mesmo de ser lançada
- Marcello Almeida
- 29 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de abr.
Modelo alternativo para a Copa de 2026 reacende discussão sobre apropriação de símbolos nacionais e ideologia

A possível camisa número 2 da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 ainda nem foi oficializada pela CBF, mas já virou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais — e também motivo de embate político. A combinação de vermelho e preto, que deve ser usada como segundo uniforme, foi revelada pelo site especializado Footy Headlines e causou alvoroço.
Segundo a publicação, a peça deve ser lançada em março de 2026 com o logotipo da Air Jordan estampado — sim, o mesmo da silhueta de Michael Jordan —, camisa vermelha e calção preto. Até o momento, a CBF e a fornecedora de material esportivo não confirmaram nem negaram a novidade.
A Seleção Brasileira, como se sabe, tradicionalmente usa uniformes inspirados nas cores da bandeira nacional: amarelo, azul, verde e branco. Por isso, a camisa vermelha, inédita na era moderna, pegou muita gente de surpresa — ainda que o Brasil já tenha usado vermelho em jogos nos anos 1910 e 1930, por questões práticas de uniforme.
Mas o debate ganhou tom político. A camisa amarela, durante os últimos anos, acabou sendo apropriada como símbolo por apoiadores da extrema-direita, sobretudo por manifestantes favoráveis ao ex-presidente Jair Bolsonaro. E a possibilidade de uma camisa vermelha ser lançada em plena Copa reacendeu a disputa ideológica em torno das cores da seleção.
Parlamentares conservadores criticaram abertamente a mudança. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) escreveu:
“A camisa da seleção sempre foi verde e amarela, as cores da nossa pátria. Mudar isso não faz qualquer sentido. É uma afronta a tudo o que sempre representou o orgulho do nosso povo!”
Na mesma linha, o deputado Arthur Maia (União-BA) declarou:
“A seleção é um dos mais expressivos símbolos do nosso país e obviamente que as cores devem estar relacionadas com a bandeira nacional: o verde, o amarelo e o azul celeste, como sempre atuou a nossa gloriosa seleção canarinho.”
E até o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), da oposição, se posicionou contra:
“As cores da nossa seleção não são uma ‘identidade ideológica’; elas representam o que nos distingue no mundo. As cores de uma seleção têm relação com a identidade nacional. Qualquer cor diferente do verde, amarelo, branco e azul não se justifica.”
A escolha da nova camisa pode ter motivações comerciais e até esportivas, mas o debate mostra como, no Brasil de hoje, até o uniforme da seleção pode se tornar palco de guerra simbólica. Resta saber se a peça realmente será usada na Copa — e por quem.
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