“Naus”, o encontro impactante de Vinicius Cantuária e Zeca Baleiro; crítica
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“Naus”, o encontro impactante de Vinicius Cantuária e Zeca Baleiro; crítica

“Naus” marca a reunião de dois nomes importantes da música brasileira, mas pode ser resumido como o impacto sonoro e letrista de duas gerações que se respeitam e admiram

Créditos: Simone Kontraluz / Divulgação

Vinicius Cantuária é um músico brasileiro que nasceu no estado do Amazonas e é um dos grandes músicos da história da música onde foi baterista da banda de Rock 'O Terço', já tocou com grandes nomes da MPB, fez parte do grupo Tigres de Bengala, com uma carreira solo sólida com ótimos sucessos como "Lua e Estrela” e “Só Você” lançadas na década de 1980. Zeca Baleiro é um músico brasileiro que nasceu no estado do Maranhão, e foi uma grande revelação da música na década de 1990, ao misturar diversos gêneros musicais, já cantou com vários músicos importantes do Brasil, tem uma discografia muito boa e já se aventurou na literatura ao lançar livros que mostram muito bem a riqueza do seu lado cultural. E agora esses dois artistas se cruzam em “Naus” que registra de forma sublime e impactante encontro musical dos dois.


A ideia do disco nasceu após, Zeca Baleiro encontrar com Vinicius Cantuária em um aeroporto no ano de 2019. A amizade e a admiração foi recíproca e foi fundamental para produzir o disco que é repleto de versos poéticos e ecletismo, passando por uma sonoridade que destaca uma sintonia em suas músicas e uma sincronia nas vozes e nos instrumentos, graças a orquestração de Walter Costa, e o fato de ter sido gravado em Sonastério uma grandiosa produtora que fica no município brasileiro de Nova Lima, em Minas Gerais, o que possibilitou a criatividade rolar solta, a ponto dos intérpretes se dividirem entre vozes, violões, guitarras, synths, baixos e percussões, contando com participações pontuais de alguns músicos no processo de formação do repertório.


O nome “Naus” pode ser definido por dois motivos. A palavra vem de Manaus que é a cidade natal de Cantuária, escolhido para homenagear a mesma. E o outro motivo é que naus são embarcações que foram essenciais no comércio de Portugal com a África e no intercâmbio com as Índias na época das grandes embarcações e descobertas de terras. E como a amizade dos dois liristas foi uma descoberta boa para ambos, podemos considerar isso como motivo para o disco ter esse nome.

O álbum possui 11 músicas que são belíssimas, onde várias podem ser destacadas. “Carona” pode ser definida como uma segunda versão das clássicas canções “Bandeira” e “Quase Nada” de Baleiro, graças ao seu som de sanfona e de uma letra que mostra o quanto somos seres humanos imperfeitos diante dos acertos e erros da vida, não importa o lugar onde esteja.

“Alma Bossa Nova” que pode ser descrita como uma homenagem ao músico Carlos Lyra e ao gênero musical Bossa Nova, ao promover um som romântico e poético para a pessoa amada com referências ao Jazz.


“Sol da Beleza” uma canção politizada que serve como uma luz para sair dos tempos difíceis, sejam eles no âmbito político ou pessoais. “Chuva Na Guanabara” um samba que remete ao “Samba do Approach” uma inesquecível música que Baleiro produziu com Zeca Pagodinho, a canção traz um tom alegre em sua melodia diante de uma chuva. A faixa título tem uma letra bem intimista com um final sonoro arrebatador que mistura de forma versátil o violão clássico no estilo de Heitor Villa-Lobos e Baden Powell, com elementos de música africana, Toada e Rock Progressivo. “O Dia em Que Jeremias Vaqueiro Viu o Mar Pela Primeira Vez”, uma sonoridade caipira com elementos repentistas ao traduzir musicalmente a sensação de pessoas que são do interior e observam o mar pela primeira vez com toda a sua beleza.


“Flores de Invierno”, um som que faz lembrar da música latina de artistas magistrais como os cubanos do Buena Vista Social Club e da argentina Mercedes Sosa, ao trazer na língua espanhola um caloroso grito de esperança para contemporaneidade. “Relento” um relato sonoro de um viajante sobre suas andanças, cuja sonoridade lembra a ótima canção "Lenha" do repertório musical de Baleiro. “Praia” chega como uma súplica para reencontrar a pessoa amada, com uma melodia digna de um luau, calma e serena.


“Naus” marca a reunião de dois nomes importantes da música brasileira, mas que pode ser resumido como o impacto sonoro e letrista de duas gerações que se respeitam e admiram. Um disco colaborativo, uma seleção de faixas maravilhosas, com ótimas letras e sons impactantes, isso tudo, graças a genialidades de Vinicius Cantuária e Zeca Baleiro que merecem ser sempre exaltadas de forma positiva na história da música brasileira. Ao lado de discos como: "Sobre Viver" de Criolo e "Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém" de Paulo Miklos, ele é de fato, pode ser considerado um dos melhores discos nacionais de 2022 até o momento.

 

Naus

Vinicius Cantuária e Zeca Baleiro


Lançamento: 8 de julho de 2022

Gênero Musical: MPB, Rock, Samba, Música Latina

Humor: Reflexivo, corajoso e rustico.

Ouça: "Naus", "Sol da Beleza", "Carona"


 

NOTA DO CRÍTICO: 9,5

 

Ouça no Spotify:


















 

Veja o vídeo da faixa "Sol da Beleza"


 

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