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MPB: Gênero ou movimento musical? Escolha os dois e mergulhe nesse universo infinito

A MPB é como o próprio Brasil: intensa, plural e absolutamente encantadora

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Falar de MPB é entrar em contato com um dos maiores patrimônios culturais do Brasil. Muito mais do que um gênero musical, a Música Popular Brasileira é também um movimento artístico, político e social que atravessa décadas contando a história do país através de melodias, letras e sentimentos. Apesar do termo ter se consolidado nos anos 1960, suas raízes vêm de muito antes — nos sambas-canções de Elizeth Cardoso, nos baiões de Luiz Gonzaga e na revolução melódica da bossa nova com João Gilberto e Tom Jobim. A MPB nasceu antes mesmo de receber esse nome.



Nos anos 60, a MPB tomou os palcos dos festivais e ganhou força em tempos de efervescência cultural e política. Nomes como Chico Buarque, Elis Regina, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Edu Lobo, Erasmo Carlos, Milton Nascimento, Maria Bethânia e Gal Costa deram forma a um gênero que misturava poesia, engajamento e brasilidade.


A década de 1970 expandiu os horizontes musicais da MPB com intensidade e diversidade. O movimento mineiro do Clube da Esquina, liderado por Milton Nascimento e Lô Borges, conectou Minas Gerais ao mundo com lirismo e sofisticação sonora. Já os irreverentes Novos Baianos romperam fronteiras ao mesclar samba, rock, ritmos nordestinos e psicodelia de forma única e libertária.


A cena musical da época também foi marcada por muitos outros nomes que brilharam com força: Luiz Melodia, Tim Maia, Jorge Ben Jor — que já surgia nos anos 1960, mas viveu seu auge criativo nos 1970 —, além de Clara Nunes, Emílio Santiago, Paulinho da Viola, Secos & Molhados, Zé Ramalho, Fafá de Belém, Alceu Valença e os representantes do Pessoal do Ceará como Belchior, Amelinha, Ednardo e Fagner. A MPB, nesse período, se tornou um reflexo vibrante e apaixonado de um Brasil múltiplo, poético e em constante transformação.


Nos anos 1980, o país vivia a redemocratização, e a MPB se entrelaçou ao BRock e à Vanguarda Paulista. Cazuza, Renato Russo, Paralamas do Sucesso, Titãs, Marina Lima, Humberto Gessinger, Lulu Santos, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé e Vânia Bastos são alguns dos muitos nomes que contribuíram para a renovação da MPB com lirismo moderno e atitude pop.


A década de 1990 foi marcada pela inovação. A MPB ganhou novos protagonistas como Zeca Baleiro, Chico César, Lenine, Marisa Monte, Adriana Calcanhotto, Carlinhos Brown, Paulinho Moska e Cássia Eller. Misturando pop, regionalismos, eletrônica e poesia, a música brasileira seguiu inventiva e provocadora.



Nos anos 2000, a MPB continuou vibrante. Surgem vozes como Maria Rita, Ana Carolina, Céu, Roberta Sá, Tulipa Ruiz, Vanessa da Mata, Seu Jorge, Diogo Nogueira e até Pitty, provando que o rock também pode dialogar com a alma da MPB.


Os anos 2010 e 2020 consolidaram o que se chama de Nova MPB. Artistas como Liniker, Luedji Luna, Ana Frango Elétrico, Rubel, Tim Bernardes, Marina Sena, Johnny Hooker, Luiza Lian, Rachel Reis, Francisco, el Hombre e BaianaSystem colocam temas contemporâneos como identidade, afeto, raça, sexualidade e política em destaque — com sonoridades que vão do samba ao indie, do axé à neo-soul, sem perder a poesia que sempre guiou o gênero.


Hoje, a MPB está em todos os cantos e ritmos: no rap de Emicida e Criolo, na lírica sentimental de Chorão com a banda Charlie Brown Jr., no manguebeat de Chico Science, no pop rock da banda Skank, no R&B de Liniker, na eletrônica de Illy, no afrobeat de Bia Ferreira, nos encontros com jazz, pop, soul e tantos outros estilos. A MPB é mais do que um gênero — é um espelho cultural do Brasil.


Ela nasce da cidade e do sertão, do amor e da luta, da tradição e da inovação. É uma música que emociona, transforma, denuncia e celebra. Um campo fértil de experimentação artística, estética e afetiva.


E talvez por isso a MPB nunca envelhece: ela se renova com o tempo, se adapta às dores e alegrias do país e continua falando diretamente com o coração de cada brasileiro.


Então, mergulhe nesse universo. Ouça a MPB com os ouvidos e com a alma. Redescubra os clássicos e se surpreenda com os novos talentos. Porque, ao final das contas, a MPB é como o próprio Brasil: intensa, plural e absolutamente encantadora.

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