“Mata-Leão”: Lorena Moura estreia com personalidade, lirismo e frescor na MPB contemporânea
- alexandre.tiago209
- há 14 horas
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Um disco que reafirma a importância de observar as novas vozes da música brasileira e que posiciona Lorena Moura como um nome promissor da MPB contemporânea

A música brasileira segue em constante renovação, revelando novos talentos e ampliando horizontes sonoros — e 2025 apresentou nomes que merecem atenção. Entre eles, Lorena Moura desponta como uma das estreias mais instigantes do ano. Cantora, compositora, instrumentista e estudante de música, a artista carioca impressiona pela personalidade, pela voz delicada e pela presença artística marcante, qualidades que se consolidam em “Mata-Leão”, seu álbum de estreia lançado em 2025.
O título do disco carrega múltiplos significados. Mata-Leão é um golpe conhecido nas artes marciais, especialmente no judô e no jiu-jitsu, mas também uma expressão popular associada ao enfrentamento de desafios cotidianos — referência que dialoga, ainda que indiretamente, com a mitologia grega e os trabalhos de Hércules. Independentemente da origem exata da inspiração, Lorena Moura acerta ao transformar o conceito em identidade artística, unindo ousadia, sensibilidade e coerência estética.
Lançado em 12 de novembro de 2025, o disco reúne oito faixas e cerca de 26 minutos de duração. As letras foram escritas durante a pandemia da Covid-19, em parceria com o letrista Luca Fustagno, e revelam um trabalho intimista, profundo e acolhedor. Musicalmente, o álbum dialoga com a MPB dos anos 1970 e 1980, equilibrando suavidade, introspecção e refinamento sonoro.
Entre os destaques está “Quis”, um blues-rock que passeia por referências dos Beatles, da Tropicália e do Clube da Esquina, flertando com o pós-rock. A canção cria uma atmosfera envolvente e dançante, onde o sentimentalismo — longe de excessos — ganha contornos sensíveis e deixa a voz cristalina de Lorena flutuar com naturalidade.
O disco também transita por diferentes estilos com segurança: o pop com bossa nova em “Mãe”, o indie rock pulsante de “Carinho”, o blues em tom de balada em “Manhã”, além da melancolia empática presente em “Tripulação/Eu” e “Elise”. Já “Perigo” surge como um dos ápices do álbum, reunindo referências diversas em uma construção lírica e sonora misteriosa, que instiga e amplia a curiosidade sobre os próximos passos da artista.
Essa sensação de expectativa se intensifica na faixa de encerramento, “Titanomaquia”, que utiliza a guerra mitológica entre deuses gregos (não o disco da banda Titãs) como metáfora para refletir sobre polarização política, fragmentações sociais e retratos do Brasil contemporâneo. Tudo isso embalado por um samba leve e aconchegante, que encerra o disco com inteligência e sensibilidade.
“Mata-Leão” é uma estreia segura, criativa e cheia de identidade. Lorena Moura demonstra maturidade artística ao apresentar um repertório coeso, letras profundas, sonoridade bem trabalhada e uma voz que transmite verdade. Um disco que reafirma a importância de observar as novas vozes da música brasileira e que posiciona Lorena como um nome promissor da MPB contemporânea.












