Lua Viana inaugura o samba do apocalipse com 'Natureza Morta', seu novo LP sob o projeto Antropoceno
- Marcello Almeida
- 25 de abr.
- 2 min de leitura
Com lançamento marcado para o dia 5 de maio, o disco reúne nove faixas inéditas e colaborativas, incluindo participações do sul-coreano Parannoul e do brasiliense Kaatayra

Conhecida por sua imersão nas reverberações melancólicas do shoegaze à frente do Sonhos Tomam Conta, Lua Viana dá agora um passo ousado rumo ao experimentalismo tropical. Em seu novo projeto, Antropoceno, a artista mergulha no samba — mas não qualquer samba: Natureza Morta é um álbum-conceito que desfigura e reimagina a tradição musical brasileira à luz do colapso climático e do fim do mundo.
Com lançamento marcado para o dia 5 de maio, o disco reúne nove faixas inéditas e colaborativas, incluindo participações do sul-coreano Parannoul e do brasiliense Kaatayra. As parcerias internacionais e intergênero são reflexo do espírito do disco: um samba híbrido, que absorve texturas do post-rock, dream pop, folk metal e da neo-psicodelia, construindo uma paisagem sonora que soa tanto como ruína quanto como rito de passagem.
Lua se apoia em um eixo teórico igualmente potente: o álbum toma como base as obras A Queda do Céu, de Davi Kopenawa & Bruce Albert, e Ideias para Adiar o Fim do Mundo, de Ailton Krenak — dois marcos do pensamento indígena contemporâneo. A artista também incorpora falas da pesquisadora ecossocialista Sabrina Fernandes, ancorando sua música em discursos que desafiam o pensamento colonial e a lógica extrativista.
Já disponíveis, os clipes de “Samba do Fim do Mundo” e “The Waves” (com Parannoul) antecipam o clima do disco: um lirismo angustiado que dança sobre escombros, um Brasil reinventado em meio à catástrofe. No dia 28 de abril, Lua lança o terceiro single, “Gosto de Câncer”, preparando o terreno para a chegada definitiva de Natureza Morta, um marco do samba experimental em tempos de colapso.
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