O problema é que a série acaba se tornando Teen demais.
Atenção, aqui abordamos uma breve análise da primeira temporada da série. Sem SPOILERS.
The Boys surgiu em 2015 e se destacou por fazer uma abordagem diferente das produções de super-heróis às quais estávamos habituados. Aqui, nossos heróis não são tão bonzinhos assim, há muito sangue espalhado e corpos dilacerados. Quem poderia defender os humanos, acaba sendo uma mortal ameaça, dentro de um roteiro subversivo, cínico e violento.
Enquanto Capitão Pátria (Antony Starr) e outros ‘heróis’ não chegam para a quarta temporada, Gen V é uma boa opção, sobretudo porque expande o universo de The Boys. Aqui, somos transportados para a Universidade Godolkin, um lugar exclusivo para educar e treinar os jovens heróis. Problema que esse cenário não é o que aparenta ser, muitos segredos testarão os limites físicos e a moral dos personagens.
Gen V consegue misturar seus gêneros à vontade. De forma dramática, somos afetados melancolicamente com os jovens que não conseguem lidar com seus poderes e acabam matando seus próprios pais acidentalmente (num flashback da infância de um dos personagens), em outra ocasião, não se surpreenda se você ficar diante de uma cena com um órgão genital explodindo. Tudo muito inusitado e embolado.
Isso mesmo. Ação, Drama, Sci-fi, Humor Ácido e nem mesmo o erótico e o pornográfico ficam de fora. Fora isso, estamos diante de jovens descobrindo a sexualidade, se divertindo em festas pela faculdade e, por que não, brigando para serem os melhores dentro de uma seleção de alunos especiais (e isso pode lhes abrir a oportunidade para fazer parte dos Sete de The Boys).
Problema é que a série acaba se tornando Teen demais. Outras temáticas que poderiam ganhar mais abordagem acabam perdidas na trama. Racismo, bipolaridade, bissexualidade, ruptura familiar. Esses temas surgem, muitas vezes de forma bem rasa, mais para garantir um toque dramático em meio a muito banho de sangue e vísceras.
Muitos personagens como Grilinha (na estupenda atuação de Emma Meyer) acabam se sobressaindo. Solitária apesar de irreverente, vítima de constantes bullyings, a jovem também tem seu poder influenciado pelos transtornos alimentares. Com certeza, é uma personagem que pode se encaixar para dialogar com a situação de muitos jovens na nossa sociedade. Infelizmente, outros personagens não ganham tanto destaque, mesmo Marie Moreau (Jaz Sinclair) com todo seu passado conturbado e tentando aceitar a si mesma.
O elenco contém alguns novos rostos, outros velhos conhecidos. Destaque vai para Patrick Schwarzenegger (filho do famoso Arnold Schwarzenegger) no papel do Golden Boy e o brasileiro Marco Pigossi que é o Doutor Edison Cardosa na trama. Além disso, personagens da série The Boys aparecem em alguns episódios como é o caso do Capitão Pátria, Grace Mallory (Laila Robbins) e Victoria Neuman (Claudia Doumit).
Um dos aspectos importantes desse universo é a trilha sonora. Marcante em The Boys, aqui não é diferente. Existe todo um cuidado para agradar os mais variados tipos de espectadores. Muitas vezes é a música que chega em cenas cruciais e que casa tão bem com o resultado impactante. Nessa variedade, temos: Hole (‘Celebrity Skin’), Salt-N-Pepa (‘Whatta Man’), Annie Lennox (‘I Put a Spell on You’), Spandau Ballet (‘True’), Wolf Alice (‘Don't Delete the Kisses’), entre outros.
Com um oitavo episódio que gera brecha confortavelmente para uma segunda temporada, a série pode consertar algumas lacunas, pode ser mais adulta ou mesmo pode ser ainda mais descontrolada. Para quem não se sentiu bem com a irreverência e a subversão de The Boys, fuja também de Gen V. Não é uma série fácil para muitos espectadores. Pesada, irreverente, ousada, safada, até mesmo bagunçada. Tudo com espírito juvenil, descompromissado, rebelde. Lidar com superpoderes nem sempre pode ser confortável. E aguardem por muito mais cabeças explodindo.
Gen V
Em andamento (2023 -)
Criado por: Evan Goldberg, Eric Kripke e Craig Rosenberg
Duração: 1temporada
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