Foo Fighters lança “Asking for a Friend” e inicia nova fase com Ilan Rubin na bateria
- Marcello Almeida

- há 4 dias
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Nova formação marca o início de um novo ciclo na história da banda liderada por Dave Grohl

O Foo Fighters deu início a um novo capítulo de sua trajetória com o lançamento de “Asking for a Friend”, primeiro single da banda desde a entrada do baterista Ilan Rubin — conhecido por seus trabalhos com o Nine Inch Nails e o Angels & Airwaves. A faixa marca a transição oficial após a saída de Josh Freese, que retornou ao grupo de Trent Reznor, resultando em uma curiosa “troca de bateristas” entre as bandas.
O lançamento chegou acompanhado de uma carta assinada por Dave Grohl, em que o vocalista reflete sobre fé, recomeço e gratidão após quase três décadas de estrada. No texto, Grohl relata uma experiência simbólica no Japão, enquanto observava o Monte Fuji coberto por nuvens — metáfora para o reencontro com a esperança após tempos difíceis. “Asking for a Friend é uma canção para aqueles que esperaram pacientemente no frio, confiando apenas na fé para ver o horizonte surgir”, escreve o músico.
Além do single, o Foo Fighters anunciou uma turnê por estádios da América do Norte, que acontecerá entre 4 de agosto e 26 de setembro de 2026, com abertura do Queens of the Stone Age, banda liderada por Josh Homme, parceiro de Grohl em projetos como o Them Crooked Vultures.
Em sua carta, o líder do Foo Fighters também celebrou a amizade de 33 anos com Homme e o reencontro com o público após o retorno aos palcos:
“Desde nosso retorno, fomos lembrados do motivo pelo qual amamos o que fazemos. Temos o núcleo mais sólido, e o sol finalmente está nascendo no horizonte.”
Com “Asking for a Friend”, o Foo Fighters reafirma sua essência — entre perdas, mudanças e renascimentos — transformando cada novo começo em um testemunho de resistência e fé no poder do som.
Leia a carta de Dave na íntegra
‘Espero que amanhã o céu limpe e você consiga vê-lo. É uma visão tão bonita’, me disse o concierge, com um tom levemente arrependido.
Sorri e caminhei até o terraço externo do hotel, sob a chuva suave da tarde. Olhando para as águas calmas do Lago Kawaguchi logo abaixo, encontrei uma parede espessa e impenetrável de mau tempo no horizonte. Eu sabia que o Monte Fuji – a montanha mais alta do Japão e uma das maravilhas naturais mais majestosas do mundo – estava escondido em algum lugar atrás daquelas nuvens, em um glorioso sono. Todo mapa, folheto e foto me prometiam que ele estava lá, a uma curta distância do nosso hotel. Tendo tocado inúmeras vezes no lendário festival Fuji Rock ao longo dos últimos 28 anos com o Foo Fighters, Queens of the Stone Age e Them Crooked Vultures, eu já conhecia bem sua lenda. Só não conseguia vê-lo fisicamente.
Quando a noite caiu, me sentei em silêncio na varanda do hotel, envolto pela névoa e pelo frio, esperando que as nuvens se dissipassem – ansiando por algum sinal de que o gigante realmente existia. Mas, à medida que as horas passavam, o fuso horário começou a pesar, e acabei indo para a cama, na esperança de que, no dia seguinte, o céu finalmente se abrisse e meu desejo se realizasse.
Depois de algumas horas de sono (quem me conhece bem sabe que sou alérgico a dormir), voltei à varanda com um cobertor pesado e retomei minha vigília. Eu estava determinado (outra característica bem conhecida por quem me conhece) a testemunhar a montanha surgindo diante dos meus olhos, em tempo real. Mas… havia movimento agora. Uma pausa na chuva e uma mudança no vento começaram a separar as camadas de neblina e névoa sobre o lago, revelando, de tempos em tempos, pequenos e nítidos recortes do contorno da montanha – apenas para vê-los serem engolidos novamente pelo manto de névoa e chuva. Por mais frustrante que fosse, não desisti. Esperei pacientemente.
Um teste de fé, digamos assim.
Não demorou muito para que as estrelas aparecessem no céu noturno. De repente, a neblina se dissipou, e… lá estava ele. Imponente na escuridão. Prendi a respiração diante de sua imensidão. Fiquei em reverência. Dessa distância, parecia ainda maior e mais nítido do que quando estive aos seus pés, tantas vezes antes. Humilhado diante de sua silhueta colossal, meu coração se encheu de gratidão e humildade ao ver meu desejo se concretizar. Eu tinha minha prova. Me senti tão pequeno diante de algo tão vasto.
Fiquei ali por horas, absorvendo tudo.
Quando o sol começou a nascer e o horizonte a leste começou a brilhar, vi um clarão no céu – como um relâmpago – e uma estrela cadente cruzou o topo da montanha.
Fiz um novo pedido e comecei o meu dia. Pura serendipidade.
À medida que as nuvens lentamente se dissipam e a vida volta a ganhar forma, há muitos motivos para sentir gratidão. E humildade. Eu sei disso – e sinto isso – todos os dias.
Desde o nosso retorno aos palcos em San Luis Obispo, há cinco semanas, fomos lembrados do motivo pelo qual amamos e somos eternamente devotos a fazer o que fazemos com o Foo Fighters. Desde o processo de reconexão como banda, revisitando uma lista de músicas de 30 anos, até repensar versões com a bênção incrível de termos Ilan Rubin na bateria, e reencontrar nossos fãs incríveis, entregando tudo o que temos (não importa o tamanho do palco), sabemos que não estaríamos aqui sem eles. Temos o núcleo mais sólido – e o sol finalmente está nascendo no horizonte.
E que melhor maneira de compartilhar essa vista do que com amigos próximos?
Em 1992, vi pela primeira vez o lendário Kyuss tocar no Off Ramp, em Seattle, e conheci Josh Homme. A banda era amiga de um amigo, e não demorou para que o álbum ‘Blues for the Red Sun’ se tornasse a trilha sonora daquele verão.
Trinta e três anos depois, com muitos quilômetros percorridos, compartilhei alguns dos momentos musicais mais gratificantes da minha vida ao lado do meu querido amigo Josh – um vínculo de vida inteira que vai muito além do som que fizemos juntos. Por isso, é com enorme felicidade que podemos compartilhar este próximo capítulo junto dos poderosos Queens of the Stone Age.
Preparem-se.
Mas nada disso estaria completo sem uma nova música minha, de Pat, Nate, Chris, Rami e Ilan. “Asking for a Friend” é uma canção para aqueles que esperaram pacientemente no frio, confiando apenas na esperança e na fé para ver o horizonte surgir. Que buscaram “provas” enquanto se agarravam a um desejo – até o sol voltar a brilhar.
Uma entre muitas músicas que ainda virão…
Vamos ver essa montanha surgir juntos.
— Dave















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