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'Every Loser' lança uma brisa de vitalidade e energia na trajetória de Iggy Pop

Aos 75, ele soa vivaz e vibrante, ao lado de um time de músicos consagrados.

Foto: Jimmy Fontaine


Iggy Pop já se aventurou pelo mundo do jazz, poesia e experimentou a fundo os sabores da música eletrônica. Porém, em seu 19º álbum solo, intitulado ‘Every Loser’, o padrinho do punk, retorna às origens com o bom e velho rock and roll. O título do álbum de longe pode fazer uma menção aos anos 70, quando ele encontrou com David Bowie e Lou Reed no final de 71. Ambos percorriam o caminho do limbo, Bowie era apenas mais um músico perdido em Nova York, Reed ainda se contorcia com o colapso do Velvet Underground, e Iggy nesse período já era tachado de perdedor. Dois anos depois, a coisa tomaria outro rumo, assim como descrito no livro 'Dangerous Glitter', de Dave Thompson, esse encontro resultou em uma química criativa que mudou totalmente a história da música, com mixagem de Bowie, ‘Raw Power', do The Stooges, definiu o que seria o punk. Lou por sua vez se tornou um astro com a canção, “Walk on the Wild Side”, e David Bowie, criou o seu emblemático ícone pop star, Ziggy Stardust.


Em 'Every Loser', Iggy abraça todas essas vertentes do rock pesado e joga uma brisa enérgica em sua carreira. Aos 75 anos, o roqueiro demonstra energia de sobra e esbanja vitalidade em seus vocais precisos e inconfundíveis. Quando muitos de seus colegas de geração já estão mortos ou relembrando seus sucessos para continuar em turnê pelos estádios, o eterno espírito livre do rock promete um álbum feito à moda antiga, que vai “dar uma surra sonora em você”. Ao lado do produtor Andrew Watt, conhecido por já ter trabalhado com artistas como: Miley Cyrus, Morrissey e Elton John. Watt não tenta modificar Iggy Pop em algo que ele não é, mas dá a ele a liberdade para ser todo Iggy Pop que quiser ser.



Ao longo de 11 faixas e pouco mais de 36 minutos, somos agraciados com canções de riffs pesados e composições mais pop como a bonita e inebriante "Morning Show", uma faixa de ritmo mais lento que destaca os vocais excêntricos e de tons cansados, que agrega a canção uma aura contagiante, ou até mesmo em músicas como "Strung Out Johnny", onde o músico vista terrenos do pop do U2, fase 'Achtung Baby, enquanto revisita seu período com Bowie em Berlim, seja pelo requinte que emula "China Girl" quanto por sua letra assolada pelo vício, que funciona como um retorno moderado à orgia de excesso celebrada em "Lust for Life".


“New Atlantis" emula uma ambientação alegre e ensolarada, daquelas que você esperaria de um roqueiro mais velho cantando sobre seu destino e sua trajetória. "Frenzy", faixa que abre o disco, parece ter sido feita para soar perfeitamente em arenas e estádios lotados. A canção lembra muito os elementos e camadas de "Raw Power", que se atualizam na efervescente "Modern Day Ripoff" que chega movida por uma fúria de acordes de guitarras, com Iggy dizendo que não tem mais idade para festejar. “Fiquei sem fumo há muito tempo / Não posso fumar um J ou minhas entranhas voarão”, canta ele em um dos versos da canção.



Pop canta com ardor, intensidade, e uma autoridade autêntica, às vezes revela sua idade, mas soando muito mais vivaz e vibrante do que deveria. Aos 75 anos, Iggy Pop está satisfeito por ser capaz de compor boas canções e cantar com uma banda de rock por trás dele.

Uma parte dos méritos de 'Every Loser', vem de Watt, que reuniu um time vertiginoso de músicos para compor o trabalho, incluindo Chad Smith do Red Hot Chili Peppers, Duff McKagan do Guns N' Roses, Josh Klinghoffer (ex-Red Hot), Stone Gossard do Pearl Jam e o saudoso Taylor Hawkins do Foo Fighters em um dos seus últimos registros gravados. Watt se apoiou em seu elenco de estrelas para dar ao trabalho uma combinação de força e sutileza, e é exatamente isso que ele consegue fazer no novo disco de Pop, um entrosamento que pode deixar pegadas marcantes em faixas como "The Regency" que encerra o disco.

A música na vida de Iggy Pop pode muito bem ser sinônimo de resistência e existência. Uma notória celebridade do punk que sobreviveu aos efeitos do tempo e se tornou uma referência para novos artistas e continua a disseminar sua música com maestria e paixão de um jovem eufórico e destemido, mantendo acesa a chama de sua geração. E ele não precisa provar mais nada para ninguém. Mas talvez ele esteja tentando mais uma vez invadir seu coração como emulou em "Break Into Your Heart" do disco 'Post Pop Depression' (2016), ou simplesmente ele seja "um coração cheio de Napalm" (trecho de "Search And Destroy", do The Stooges). 'Every Loser' é uma comemoração excentricamente alegre da vida de alguém que sabe por que você não deve desperdiçar nenhum momento, ou talvez ele apenas esteja cumprindo a profecia que cantou em "Kill City". "Se eu vou morrer aqui, primeiro vou fazer barulho".

 

Every Loser

Iggy Pop


Lançamento: 6 de janeiro de 2023

Gênero: Punk, Rock, Rock Alternativo

Ouça: "Morning Show", "Strung Out Johnny", "Frenzy"

Humor: Turbulento, Catártico, Intenso


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Veja o clipe de "Strung Out Johnny"



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