Especial Música Nordestina: 9 discos marcantes que reverenciam o Ceará
- alexandre.tiago209
- há 23 horas
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Esses discos mostram que a música cearense é múltipla, ousada e essencial para entender e se apaixonar ainda mais pela diversidade na cultura brasileira

A música brasileira é uma das mais ricas do mundo, marcada por uma diversidade de ritmos, sons e estilos que revelam sua força cultural. De norte a sul, cada região contribui de forma significativa para esse ecletismo, consolidando o Brasil como uma verdadeira potência musical.
Mesmo com tamanha importância, muitos artistas e discos nordestinos ainda não recebem o reconhecimento merecido. Nomes que transitam pela MPB, rock, samba, forró, maracatu, samba-reggae e tantas outras vertentes continuam sendo tesouros escondidos da nossa cultura.
Por isso, o Teoria Cultural lança este especial dedicado em celebrar a música nordestina. Vamos destacar obras e artistas que marcaram o passado e seguem renovando o presente, merecendo espaço, respeito e, acima de tudo, audição atenta.
Nossa parada agora é no Ceará, é uma das joias culturais do Brasil. Terra de poetas, cantadores, instrumentistas e compositores visionários, o estado se consolidou como um dos grandes polos da música nordestina, revelando artistas que uniram sensibilidade e genialidade.
Ouça sem moderação!
“O Romance do Pavão Mysteriozo” (1974) - Ednardo

Inspirado na literatura de cordel, “O Romance do Pavão Mysteriozo” é um clássico do movimento musical conhecido como Pessoal do Ceará. Ednardo mistura regionalismo, psicodelia e poesia em um trabalho que transcende o tempo.
A faixa-título se tornou um hino da cultura nordestina, celebrando o poder da imaginação e da identidade popular em um álbum repleto de musicalidade e originalidade. Isso credenciou a ela fazer parte da trilha sonora da telenovela “Saramandaia” da TV Globo em 1976.
"Em Busca do Tempo Perdido" (1975) - O Peso

Com um título inspirado no homônimo livro do ilustre escritor francês Marcel Proust, "Em Busca do Perdido", é o primeiro único álbum de estúdio lançado pela banda de rock cearense O Peso. Ele foi lançado em 1975.
Com um som inspirado no Blues, no Rock Psicodélico e no Hard Rock, o disco é um marco histórico por ser considerado um clássico cult do rock no Brasil. Com vocais fortes, bonitas baladas e instrumentos tocando de forma visceral, o disco possui uma sonoridade única com letras carregadas de sentimentalismo e uma boa qualidade produtiva.
Entre seus principais sucessos estão "Não Fique Triste", "Só Agora (Estou Amando)", "Blues" e "Me Chama de Amor".
3. “Alucinação” (1976) - Belchior

Considerado um dos álbuns mais importantes da história da MPB, “Alucinação” é pura ousadia e poesia. Belchior faz do disco um manifesto existencial, questionando padrões, sonhos e desigualdades. Com faixas como “Apenas um Rapaz Latino-Americano”, “Sujeito de Sorte”, “Fotografia 3x4” e “Como Nossos Pais”, o artista cearense transformou a inquietação de uma geração em arte atemporal — um retrato honesto da juventude brasileira dos anos 1970.
“Romance da Lua Lua” (1983) - Amelinha

Com sua voz doce e potente, Amelinha eternizou uma das obras mais belas da MPB dos anos 1980. “Romance da Lua Lua” é um disco que mistura romantismo, regionalismo e poesia com arranjos delicados e melodias marcantes.
A artista cearense expressa neste álbum toda a feminilidade e força da canção popular nordestina, equilibrando sutileza e emoção em faixas que tocam a alma.
"Cantando Para a Vida” (1985) - Eliane

Eliane é um nome essencial do forró e uma das vozes mais queridas do Ceará tanto que é chamada de a “Rainha do Forró”. Além disso, ela é uma pioneiras do Forró Eletrônico. Em “Cantando Para a Vida”, ela apresenta um som dançante e vibrante, que une tradição, versatilidade e modernidade.
O disco marcou época nas rádios e festas populares, mostrando que a música nordestina também pode ser moderna sem perder a essência das raízes. Um dos hits desse disco é a atemporal “Pode Me Torturar”.
“Pedras que Cantam” (1991) - Fagner

Fagner é um dos maiores intérpretes da música brasileira, e “Pedras que Cantam” sintetiza o auge de sua maturidade artística. Com composições intensas, o disco traz letras que falam de amor, dor e identidade nordestina, embaladas pela voz inconfundível do cantor.
É um trabalho que une o lirismo poético à força da tradição popular, reafirmando Fagner como uma das vozes mais emblemáticas do Ceará. Entre os sucessos do álbum está a canção atemporal “Borbulhas de Amor (Tenho um Coração) (Burbujas de Amor)”.
“What Porra Is This?” (2006) - Falcão

Irreverente, sarcástico, cómico e absolutamente original, Falcão desafia convenções em “What Porra Is This?”. Misturando humor, crítica social e um toque de rock brega, o artista cria um retrato bem-humorado do cotidiano brasileiro. O disco é uma aula de criatividade e autenticidade, provando que o humor também é uma forma poderosa de expressão cultural.
“Praieiro” (2016) - Selvagens À Procura de Lei

Representando a nova geração do rock cearense, a banda Selvagens à Procura de Lei mostra em “Praieiro” uma sonoridade madura e reflexiva. O álbum combina guitarras afiadas, poesia urbana e um olhar crítico sobre o mundo contemporâneo. É um trabalho que conecta o Ceará às tendências globais, sem perder o sotaque nem o calor nordestino.
“Jesus Ñ Voltará” (2023) - Mateus Fazeno Rock

Com uma mistura potente de rock, rap e percussão afro-cearense, Mateus Fazeno Rock é uma das vozes mais impactantes da nova cena nordestina. Em “Jesus Ñ Voltará”, ele une poesia política e espiritualidade rebelde em canções que questionam, emocionam e provocam.
O disco reafirma o Ceará como um território fértil de criação, onde tradição e inovação andam de mãos dadas.
Esses discos mostram que a música cearense é múltipla, ousada e essencial para entender e se apaixonar ainda mais pela diversidade na cultura brasileira. Entre o passado e o futuro, o estado segue revelando artistas que transformam o cotidiano em arte e o regional em universal. Do forró ao rock, do romantismo à rebeldia, o Ceará continua a cantar — e o Brasil continua a ouvir.











