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Entrevista rara mostra como o livro O Perfume influenciou Kurt Cobain

Entre o perfume e o abismo, Kurt Cobain confessou o livro que o fez querer desaparecer

Kurt Cobain do Nirvana
Imagem: Divulgação

Uma entrevista de Kurt Cobain ao canal canadense MuchMusic TV, gravada nove meses antes de sua morte em abril de 1994, voltou a circular nas redes e reacendeu o fascínio em torno da mente por trás do Nirvana. No registro, o cantor fala com a apresentadora Erica Ehm sobre o livro que ele diz ter lido “umas dez vezes”: O Perfume, de Patrick Süskind — obra que inspirou diretamente a canção “Scentless Apprentice”.



Na conversa, Kurt descreve a premissa do romance, a história de um aprendiz de perfumista obcecado pelos cheiros humanos e enojado pela presença das pessoas, e demonstra o quanto se identificava com o protagonista:


“Na virada do século, este aprendiz de perfume francês está apenas enojado, basicamente, de todos os seres humanos, mas não pode se afastar deles.”

Com seu humor ácido, Cobain ainda brinca que o livro o fez “querer cortar o nariz”. Em seguida, o vocalista aprofunda a confissão:


“Sou hipocondríaco, isso me afeta. Ele segue esta jornada, essa caminhada da morte. Viaja para áreas rurais, sempre à noite. Sempre que sente o cheiro de um ser humano, mesmo que distante, ele fica com nojo e se esconde. Ele só queria ficar longe das pessoas… Eu posso me relacionar com isso.”


Kurt revelou que essa foi a única vez em que usou uma história pré-existente como base para uma música, transformando a angústia literária de Süskind em gritos e distorções dentro do universo do Nirvana.


Anos depois, o livro ganharia as telas no filme Perfume: A História de um Assassino (2007), dirigido por Tom Tykwer e estrelado por Ben Whishaw, Dustin Hoffman e Alan Rickman — mas foi Kurt quem capturou primeiro o horror e a poesia dessa narrativa em forma de som.


O eco da arte e o fim do processo


Curiosamente, o vídeo resgatado reaparece pouco depois de outra notícia envolvendo o Nirvana: o encerramento do processo movido por Spencer Elden, o bebê da icônica capa de Nevermind (1991).



O juiz federal Fernando M. Olguin rejeitou a acusação de que a imagem constituía “pornografia infantil”, afirmando que a foto “nem chegava perto de atender à definição de conteúdo ilegal”.


Mais de trinta anos depois, o legado do Nirvana segue oscilando entre a polêmica e o sublime, como se a dor, o nojo e a beleza que Kurt encontrou em O Perfume ainda pairassem sobre tudo o que deixou.



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