top of page

Entre o lúdico e o colapso: quem é a Polly Noise and the Cracks, o trio-máscara do shoegaze nacional

Identidade rasgada, som em colapso: o trio que faz da distorção um manifesto

Polly Noise and the Cracks
Imagem: Reprodução

Na penumbra da estética, entre sons reverberados e distorções que parecem vir do fundo da alma, uma presença surge: três corpos mascarados, imóveis por um instante e, depois… o ruído, a melodia, o som.



Essa é Polly Noise and the Cracks, um trio que vem transformando palcos em pequenas experiências distópicas. Formada por Fernanda Gamarano, Priscilla Fernandes e Ian Veiga, a banda é um híbrido de sonoridades que flerta com o indie, dreampop e o shoegaze, mas recusa rótulos. Porque Polly Noise não soa como nada que você já tenha escutado — ela te atravessa, instiga e convida a experimentar o novo.


Nascida em São Bernardo do Campo, berço de resistência, fábricas e revoltas operárias, a banda carrega no DNA a tensão do asfalto industrial. Mas é no palco que o conceito se revela: máscaras negras ocultam os rostos e anulam as feições. Nada de selfie. Nada de moldura. Apenas presença — e ruído. O trio assume um visual que mistura brinquedos quebrados, cyber marionetes e fragmentos de algo que já foi humano, numa performance que escancara o vazio da imagem como produto.



“É uma crítica à forma como a cultura pop molda a imagem da mulher. A gente se recusa a ser moldada”, diz Fernanda, em entrevista à cena alternativa local.


Imagem: Reprodução
Imagem: Reprodução

Nos shows, o som parece vir de um lugar entre o sonho e o colapso. Guitarras disformes, movimentos coreografados com rigidez de máquina, loops que se repetem como se algo estivesse prestes a travar. A estética é como um glitch emocional.


Mas não se trata só de conceito. Polly Noise and the Cracks é também representatividade viva. Em um circuito alternativo ainda dominado por padrões cisheteronormativos, o trio — formado por mulheres, pessoas LGBTQIA+ e não-bináries — ergue sua voz não só nos palcos, mas no imaginário de quem precisa de novos espelhos.


Com quatro singles lançados e um álbum previsto para 2025, a nova fase da banda já começou: o primeiro single do disco, “It’s Ok”, chegou às plataformas no início de maio e deu o tom do que vem por aí — intensidade, atmosfera e confrontos existenciais em forma de som.




O aviso está dado. Isso não é só música. É sensorialidade em conflito, é identidade rasgada, é corpo pulsando no glitch da cultura.


Quem tiver coragem, que se aproxime.

Comments


bottom of page