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Em Pangeia, Paula Cavalciuk exalta a tradição caipira sem esquecer de outros gêneros e de temas atuais

Regionalismo, tradições caipiras, latinidade, modernidade, lirismo e até o espírito de maternidade rondam "Pangeia"

Crédito: @caodenado


Paula Cavalciuk é uma cantora e compositora de Sorocaba (SP). Quando lançou seu primeiro disco em 2016, "Morte & Vida", ela recebeu diversos elogios e, inclusive, foi indicada ao Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) como artista revelação. Na época, também chamou a atenção de outros grandes nomes da música brasileira como Gilberto Gil.

 

Outro bom momento da artista foi quando o belo e criativo clipe de ‘Morte e Vida Uterina’ (canção do primeiro disco) ganhou o prêmio de melhor animação em algumas premiações como o Cinefest (Votorantim/SP) e Anima Latina (Argentina).

 

Oito anos depois, eis que vem o desafio do segundo álbum. "Pangeia" chega cercado de expectativas e com algumas particularidades. O trabalho com 12 faixas e 32 minutos de duração vem após um período atribulado de pandemia, e, sob esse aspecto, a própria cantora revelou em entrevistas que o tempo de isolamento lhe fez refletir melhor sobre o mundo a sua volta e até a influência em algumas composições.

 


Outro fato muito importante foi que, durante a gravação do álbum, ocorrida em 2022, Paula estava grávida de sua filha (no último trimestre de gestação). Pra fechar, é preciso ressaltar que a cantora contou com um financiamento coletivo na plataforma Catarse para o lançamento desse trabalho.

 

O disco foi produzido pelo experiente Bruno Buarque que tem em seu currículo parcerias com Criolo, Ney Matogrosso e Karina Buhr. A cantora contou com a colaboração de Anderson Charnoski que ficou responsável pelos arranjos, violão e viola.

 

‘Queda-Te’ aposta num bolero suave regido por belos dedilhados e vocais cândidos, abrindo espaço para uma percussão atraente e marcante. Em ‘Deus Na Internet’ a cantora assume vocais bem agudos e a melodia coloca um sentimento caipira de raiz atualizado com a época moderna.

 

A viola, um dos principais instrumentos na música da cantora, não se encaixa apenas na atitude caipira. É dela que sai o flerte com a Música Flamenca de ‘Soledad’ ou mesmo o breve Folk de ‘Mamífera’.

 

Paula tem todo um carinho com as letras, elas podem representar sensações, sentidos e significados distintos no álbum. Existe a poesia certeira de ‘Dança do Vento’ (‘vento que tirou a flor pra dançar me chamou também...’). Detalhe que essa canção foi composta alguns meses depois de Paula perder o pai e a mãe.

 

Não falta a auto-ironia de ‘Bem Idiota’ (‘eu seria bem mais rico, escreveria um livro, orgulho garantido, não fosse idiota...’). A vida caipira e a valorização do nosso próprio lugar de nascimento ficam expostos em ‘Pangeia’ (‘quem plantou uma roça não liga de pisar em barro, quem nadou no rio não se arrisca em correnteza...’).



Regionalismo, tradições caipiras, latinidade, modernidade, lirismo e até o espírito de maternidade rondam "Pangeia". Um disco capaz de revelar novamente que o Brasil não está parado em suas novidades musicais. A nossa musicalidade continua acesa em artistas como Paula Cavalciuk.

 

Observação:

A título de curiosidade, a palavra Pangeia origina-se do fato de todos os continentes estarem juntos (pan do grego = todo, inteiro) e exprime a noção de totalidade, universalidade, formando um único bloco de terra (Gea) ou Geia, Gaia ou Ge como a Titã grega que personificava a terra com todos os seus elementos. Informação retirada daqui.

 

  

Pangeia

Paula Cavalciuk


Ano: 2024

Gênero: Pop, MPB, Música Regional Brasileira

Ouça: "Mamífera", "Dança do Vento", "Bem Idiota"


 

NOTA DO CRÍTICO: 7,0

 

Ouça Mamífera













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