Co-CEOs da Netflix explicam por que decidiram comprar a Warner e dizem estar “100% confiantes” na aprovação do acordo
- Marcello Almeida
- há 7 horas
- 3 min de leitura
A fusão ainda precisará passar por avaliações rigorosas de reguladores nos EUA e no exterior

Em uma conferência com analistas de Wall Street, os co-CEOs da Netflix, Ted Sarandos e Greg Peters, abriram o jogo sobre a histórica aquisição da Warner Bros. Discovery e detalharam por que decidiram avançar num dos maiores acordos já vistos na indústria do entretenimento.
A mudança de postura da empresa chamou atenção. Em outubro, quando a Warner foi oficialmente colocada à venda, Peters havia dito que esse tipo de fusão raramente funciona. Agora, ele afirma que o diferencial está justamente no fato de a Netflix compreender profundamente o setor.
“Historicamente, muitas dessas fusões não deram certo”, disse Peters. “As falhas aconteceram porque quem comprava não entendia o negócio do entretenimento. Nós entendemos os ativos que estamos adquirindo.”
Segundo Peters, a Netflix não está buscando “um salva-vidas”, mas sim expandindo um negócio saudável e em pleno crescimento.
Sarandos, por sua vez, rebateu o temor de que a operação prejudiaria Hollywood — especialmente o mercado de cinema.
“Esta é uma boa história. Somos um negócio saudável que vai ajudar outro negócio a crescer de forma mais saudável”, afirmou. “As oportunidades são grandes para a produção americana e para a indústria do entretenimento como um todo.”
Confiança perante o escrutínio antitruste
A fusão ainda precisará passar por avaliações rigorosas de reguladores nos EUA e no exterior. Produtores e cineastas já enviaram cartas ao Congresso pedindo atenção redobrada ao risco de concentração de mercado.
Mesmo assim, Sarandos se mostra tranquilo:
“Estamos confiantes de que obteremos todas as aprovações necessárias. É um acordo pró-consumidor, pró-inovação, pró-trabalhador, pró-criador e pró-crescimento.”
Durante a conferência, a Netflix também confirmou que pretende combinar seu orçamento anual de conteúdo, estimado em US$ 16 bilhões, com o da Warner. Segundo o CFO Spence Neumann, o estúdio adquirido deve passar por ajustes:
“Buscaremos eficiência de conteúdo ao longo do tempo”, sinalizando possível redução no volume de produção da Warner.
O que sabemos sobre a aquisição Netflix–Warner até agora
A Netflix anunciou a compra da Warner Bros. Discovery por quase US$ 83 bilhões, somando dinheiro e ações — uma das maiores transações da história do entretenimento. A operação avalia cada ação da WBD em US$ 27,75 e só poderá ser concluída depois que a Warner realizar a cisão da divisão Global Networks, que incluirá CNN, TNT e Discovery, criando uma nova empresa chamada Discovery Global.
O que muda para a Netflix?
Adquire um dos acervos mais valiosos do mundo, incluindo HBO, Warner Pictures, DC, Cartoon Network e franquias gigantescas.
Passa a operar um estúdio de cinema com janelas tradicionais e presença global.
Abandona (pela primeira vez) sua estratégia centrada apenas em crescimento orgânico.
Resistência e disputas nos bastidores
A venda da Warner provocou tensão entre concorrentes:
A Paramount Skydance acusou a WBD de favorecer a Netflix.
Grupos políticos republicanos expressaram preocupação com o aumento de poder da Netflix.
Reguladores receberam alertas de potencial impacto sobre concorrência e direitos trabalhistas.
Uma carta enviada pela Paramount à Warner indicou que o acordo com a Netflix poderia nem chegar a ser aprovado, justamente pela pressão regulatória.
O que acontece agora?
As negociações seguem em regime de exclusividade.
A conclusão só deve ocorrer após a cisão da Discovery Global, prevista para o terceiro trimestre de 2026.
A fase mais delicada será a análise antitruste nos EUA e na Europa, que pode se arrastar por meses.
Enquanto isso, a Netflix trabalha para convencer reguladores de que a fusão não sufocará o mercado, mas sim criará um novo modelo híbrido que combine cinema e streaming sob um mesmo guarda-chuva.











