Netflix fecha acordo de US$ 83 bilhões para comprar a Warner Bros. Discovery — e promete redefinir o futuro do entretenimento
- Marcello Almeida
- há 10 horas
- 2 min de leitura
Na prática, o setor inteiro observa este movimento como um divisor de águas. Se aprovado, o negócio redesenha a paisagem global do entretenimento

A Netflix anunciou nesta sexta-feira (5) um dos movimentos mais ambiciosos da história da indústria audiovisual: um acordo para adquirir a Warner Bros. Discovery (WBD), avaliada em US$ 83 bilhões em valor empresarial. O negócio, que combina dinheiro e ações, avalia cada ação da WBD em US$ 27,75 — sendo US$ 23,25 em dinheiro e US$ 4,50 em ações da própria Netflix, ajustáveis conforme a cotação na data de fechamento.
Se aprovado, o acordo marca não apenas a maior aquisição já realizada pela Netflix, mas também uma inflexão estratégica decisiva para o setor.
Como o negócio será estruturado
A conclusão depende de um passo crucial: a cisão da divisão Global Networks da WBD — que inclui CNN, TNT, Discovery e outros canais — para formar uma nova empresa chamada Discovery Global, prevista para o terceiro trimestre de 2026. Só após essa separação a aquisição poderá ser sacramentada.
O que muda para a Netflix
A plataforma, que sempre privilegiou o crescimento orgânico e o licenciamento, passa agora a incorporar um ecossistema robusto, incluindo:
O catálogo histórico da Warner Bros., um dos mais valiosos de Hollywood.
As marcas premium HBO/HBO Max, referência global em dramaturgia.
Franquias icônicas, que vão de Harry Potter ao Universo DC.
Um estúdio tradicional, que continuará lançando filmes nos cinemas com janelas de exibição convencionais.
Ou seja: a Netflix não só expande o streaming, como passa a competir de forma mais direta no mercado de cinema, preservando o modelo híbrido adotado recentemente.
Resistências e o iminente escrutínio regulatório
A operação, porém, desperta forte preocupação no setor e no meio político. Nos EUA, grupos de cineastas e sindicatos pediram ao Congresso uma análise severa do acordo, citando:
risco de concentração desproporcional de mercado;
impacto em concorrentes menores;
possíveis efeitos sobre distribuição, negociações trabalhistas e pluralidade cultural.
Legisladores também cobram respostas. A congressista Darrell Issa enviou cartas oficiais ao Departamento de Justiça e à FTC, alertando para os riscos de permitir que a líder global do streaming absorva também o principal catálogo premium do audiovisual. A disputa acirrou tensões entre concorrentes. A Paramount Skydance — uma das interessadas na compra da WBD — acusou a empresa de favorecer a Netflix e chegou a alertar que o acordo poderia naufragar justamente por motivos regulatórios.
O que ainda pode acontecer
Por ora, as negociações permanecem exclusivas, e o anúncio final pode ocorrer caso ambas as empresas alinhem os termos definitivos. O processo regulatório, porém, tende a ser longo, e pode se estender ao longo de 2026.
Na prática, o setor inteiro observa este movimento como um divisor de águas. Se aprovado, o negócio redesenha a paisagem global do entretenimento, consolida um novo polo de poder e inaugura uma era em que streaming, cinema e TV linear passam a coexistir sob um mesmo guarda-chuva estratégico.
A Netflix diz que, com a Warner ao seu lado, pretende “definir o próximo século do entretenimento”. A frase é ambiciosa, mas, diante do tamanho do acordo, ninguém duvida que algo profundo está mudando agora.











