Carla Zambelli é presa na Itália após fuga internacional: bolsonarismo entra em colapso moral
- Marcello Almeida
- há 4 dias
- 2 min de leitura
O cerco se fecha — e o próximo nome pode ser ainda mais alto

Deputada federal foi incluída na lista vermelha da Interpol e detida em Roma; ela já havia sido condenada pelo STF a 10 anos de prisão por falsidade ideológica e invasão de sistema do CNJ.
Dois meses depois de fugir do Brasil, Carla Zambelli foi localizada e presa em Roma, na Itália. A deputada federal do PL de São Paulo havia sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de reclusão por falsidade ideológica e invasão de sistema eletrônico. Após ser incluída na lista vermelha da Interpol, passou a ser considerada foragida em 196 países.
A prisão foi determinada por Alexandre de Moraes, que classificou a viagem como uma tentativa inequívoca de escapar da aplicação da lei penal. Zambelli deixou o Brasil pela fronteira com a Argentina, seguiu para os EUA e depois desembarcou na Itália, onde afirmava estar “intocável” graças à cidadania italiana. A declaração foi feita em entrevista à CNN Brasil, pouco antes da ordem de prisão preventiva emitida por Moraes.
Na ação que motivou a condenação, Zambelli foi acusada de forjar e inserir documentos falsos no sistema do CNJ ao lado do hacker Walter Delgatti, incluindo um mandado de prisão fraudulento contra o próprio Moraes. Delgatti foi condenado a mais de oito anos de prisão. A tentativa de golpe digital revelou um projeto delirante de desmoralização das instituições, movido por vingança e desinformação.
Agora, caberá ao plenário da Câmara dos Deputados decidir se mantém ou derruba a prisão da parlamentar. Paralelamente, Zambelli também responde por outro processo, em que é acusada de porte ilegal de arma e constrangimento ilegal — episódio ocorrido em plena campanha eleitoral de 2022, quando ela perseguiu um homem negro armada nas ruas de São Paulo. Já há maioria para condená-la nesse caso também, o que pode lhe custar o mandato.
A prisão da deputada simboliza algo maior: a decomposição de um projeto autoritário que flertou com o colapso institucional. Carla não é apenas uma figura excêntrica — ela era uma das vozes mais estridentes do bolsonarismo raiz, braço armado do discurso de ódio, da perseguição a ministros do Supremo e da disseminação de fake news.
Ao ser presa em solo europeu, após se dizer inalcançável, Zambelli se torna ícone involuntário da queda de um delírio político que desafiou as leis, a democracia e a realidade. E se ela cai, outros podem cair. O cerco se fecha — e o próximo nome pode ser ainda mais alto.
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