Sonífero e ábsono. For the First Time, primeiro Début do Black Country New Road, banda britânica que celebra a nova geração do Rock sintetizado por canais de streaming soa estranho e desconexo. Para dizer a verdade a beleza e encanto do álbum está justamente nessas camadas desconcertantes que festeja essa ótima fase do Rock britânico, ao lado de bandas como Squid e Dry Cleaning.
Muitas camadas e elementos dentro do disco fazem referência ao Grunge de bandas como o Nirvana e outras embarcam na atmosfera da sonoridade do Fontaines. Um bom Exemplo disso está na dissonante terceira faixa do álbum “Science Fair”, algumas camadas nessa música me remetem muito a essas duas bandas; seja pelos vocais, batidas, baixo ou guitarras distorcidas. Mas não é apenas isso, essas referências estão diluídas na forte presença jazzista de canções como “Opus”, uma obra sinfônica que transmite urgência e serenidade. São batidas e ritmos introspectivos na medida certa. Desespero e calma, pressa e lentidão.
Aquela obra sinfônica que te leva a um estado de desconstrução de tudo que você achava que conhecia dentro do Pós-Punk.
For the First Time constrói seu próprio espaço de tempo. As canções não possuem um ritmo veloz e contínuo, tudo é construído para agir de maneira descompassada, sem se preocupar com o tempo. Isso edifica a ideia de uma obra cinematográfica sobre a realidade do hoje. Outro ponto primoroso no som do Black Country, New Road, é o uso assertivo dos saxofones, teclados e pianos que quebram o tempo convencional, dando uma ideia de inversão que soa audaciosa, elegante e instigante, e te leva a querer desvendar cada elemento e camadas dentro do álbum. Isso já fica bem evidente no início do álbum com a faixa introdutória “Instrumental” e “Athens France” que cria uma espiral hipnótica e delirante. E de repente você se encontra imerso e impactado com o que está ouvindo, em algum estado desatinado tentando entender qual a proposta disso tudo. O que essa rapaziada da geração streaming está tentando dizer ou evidenciar.
A criatividade artística do grupo hoje formado por: Isaac Wood (voz, guitarra), Tyler Hyde (baixo), Lewis Evans (saxofone), Georgia Ellery(violino), May Kershaw (teclados), Charlie Wayne (bateria) e Luke Mark (guitarras), é primorosa e fidedigna. E a bela e nostálgica capa do álbum representa bem a sonoridade e o conceito de domínio próprio que a banda cria com letras que refletem o cenário de um mundo caótico embasado em acontecimentos da vida real. Diferente, esquisito, autêntico e criativo. Um dos melhores álbuns desse lôbrego ano de 2021.
Lançamento: 5 de fevereiro de 2021
Gênero: Rock Experimental, Pós-Punk e Jazz;
Produtor: Andy Savors;
Para quem gosta de: Fontaines D.C. e Nirvana;
Ouça: "Athens, France, "Science Far" e "Opus".
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