Obrigado por fazer parte da minha trajetória humana e cultural, Milton! Até logo, Bituca!
No dia 13 de novembro de 2022, Milton Nascimento, um dos notáveis gigantes da música brasileira, encerrou sua trajetória nos palcos com um show apoteótico, emocionante, inesquecível e brilhante que deixou o público e o músico em lágrimas de emoção do início ao fim, com participações especiais, surpresas e também com um muito obrigado a Milton Nascimento por tudo aquilo imensurável que ele representa para a música.
O show aconteceu no estádio Governador Magalhães Pinto, mais conhecido como Mineirão, estádio de futebol localizado na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, às 19 horas e foi transmitido ao vivo pelo streaming Globoplay para assinantes e não assinantes, para o planeta assistir a ele.
É preciso ressaltar que esse foi o último show que Milton Nascimento fez, entretanto, não é uma despedida da música. Ele vai continuar na música, mas shows e turnês, não fará mais.
Antes de começar o show, foi ao ar um vídeo mostrando o porquê de Bituca se considerar como o mais mineiro de todos os cariocas, com um belo passeio pela sua vida e sua trajetória como músico, em seguida, o interprete inicia o seu espetáculo cantando a emblemática “Ponta de Areia” para depois se emocionar em dar boa noite e dedicar à noite em homenagem à bela e inesquecível cantora Gal Costa que havia falecido aos 77 anos, dias antes, (7 de novembro).
Após essa dedicação, Bituca cantou músicas de seus primeiros álbuns como “Morro Velho” e “Canção do Sal” com a presença marcante de Zé Ibarra, o que deu início a mais um momento bem especial por apresentar um músico jovem e que promete ser uma referência ele canta muito bem as canções com tons e timbres bem colocados.
Em seguida veio o terceiro acontecimento sentimental que fez a plateia vibrar de emoção e alegria. Subiram ao palco Beto Guedes, Lô Borges, Toninho Horta e Wagner Tiso. Veio literalmente os músicos que fazem parte do movimento Clube da Esquina em peso e juntamente com Milton eles cantaram e tocaram as maravilhosas canções “Para Lennon e McCartney” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”.
Após a participação deles, Milton canta literalmente quase todas as músicas do disco “Clube da Esquina” de 1972, e também músicas inspiradas no movimento como as belas “Amor de Índio” composta por Beto Guedes, “Fé cega, faca amolada” que faz parte do notável álbum “Minas” de 1975 e “Paula e Bebeto” composta por Milton e Caetano Veloso. Ainda teve espaço para fazer um emocionante dueto com o Zé Ibarra na emblemática “Volver a Los 17” uma música de Violeta Parra que foi marcada na música por Milton Nascimento ter feito um lindo dueto com a deslumbrante cantora argentina Mercedes Sosa, registrado no importante disco “Geraes” de 1976.
Em seguida, mais lágrimas, subiu ao palco o ótimo e carismático Samuel Rosa para pedir palmas ao dono daquele espetáculo, e logo em seguida cantarem juntos a solar e excelente canção “O Trem Azul”.
Após Samuel Rosa sair do palco, teve mais emoção: um medley bem legal de “Calix bento / Peixinhos do mar / Cuitelinho”, uma interpretação louvável de “O cio da terra” canção que ele fez em parceria com Chico Buarque, uma bela interpretação de “Canção da América”, a presença notável de Nelson Ângelo em "Tema de Tostão/Fazenda", uma homenagem especial ao amigo Fernando Brant que faleceu aos 68 anos em 2015; e festivas releituras dos clássicos “Bola de Meia, Bola de Gude” e “Maria, Maria” mostrando que respectivamente não se deve deixar coisas ruins serem consideradas como algo normal, e que é preciso fé na vida para exaltar as coisas boas ao nosso redor. Momento que ainda contou com uma bonita chuva de fogos no céu, colorindo o evento.
No bis ele cantou “Coração de Estudante” que contou com um som bem suave de piano, com a presença de Wagner Tiso e com um caloroso “Viva a democracia” para espantar males antidemocráticos pelo Brasil e pelo mundo. “Travessia” que mostrou o porquê ele se tornou nacionalmente e internacionalmente conhecido e admirado ao ganhar o 2º lugar com essa canção no respeitável “Festival Internacional da Canção” de 1967. “Encontros e Despedidas” marcou explosivamente o fim do show com direito a lágrimas de emoções e sentimentos a flor da pele. A plateia aos prantos por mais de duas horas diante de um ícone da cultura pop brasileira, que trouxe para aquela noite satisfatória toda sua energia, seu talento, sua força, sua determinação e seu carisma.
Como diz um trecho de “Nada Será Como Antes” um famoso cancioneiro de Milton: “Qualquer dia a gente se vê/ Sei que nada será como antes amanhã...” e é assim que digo a ele o meu muito obrigado por ter feito um espetáculo que foi lindo, por fazer parte da minha trajetória humana e cultural, e que um dia a gente se vê, onde espero, que apesar de não ter mais shows seus, possa te ver em belos trabalhos como você fez em um belo dueto com o Criolo na poética “Me Corte Na Boca Do Céu A Morte Não Pede Perdão” e apadrinhando mais artistas como você fez com a banda 14 Bis ou cedendo músicas como fez para a Elis Regina e a Maria Rita.
Obrigado por tudo, Bituca! Até logo!
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