Ana Luísa Ramos apresenta suavidade e sentimentalismo no convidativo Solaris
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Ana Luísa Ramos apresenta suavidade e sentimentalismo no convidativo Solaris

O álbum é uma introdução cativante ao talentoso trabalho da artista.



Ana Luísa Ramos, cantora e compositora brasileira nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, deu início à sua carreira musical ainda na infância, participando do Coral Infantil da Cia Minaz e, aos 14 anos, integrando a Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Com uma trajetória internacional, já lançou mais de 15 álbuns e EPs, consolidando-se como uma artista de renome tanto que atualmente mora no Canadá para conciliar sua rotina de shows entre Brasil e diversos países do mundo.


Em 2016, lançou seu primeiro disco solo, Um, seguido por Amanheceu em 2021, fruto de uma parceria com o selo canadense The Citadel House, que lhe rendeu o prêmio de Artista de Jazz do Ano no MusicNL Awards. Agora, em 2024, apresenta seu terceiro trabalho solo, Solaris.



O título do álbum, embora remeta a obras icônicas da ficção científica, como o livro de Stanisław Lem e o filme de Andrei Tarkovski, traz uma proposta singular. Solaris, do latim, significa pertencente à luz do sol, refletindo a proposta de Ana Luísa de um álbum repleto de suavidade e sentimentalismo, oferecendo uma sonoridade cristalina, poética e acolhedora.


Produzido em colaboração com Dean Stairs, o álbum foi gravado entre maio e setembro de 2023 e conta com a participação especial de Eric Taylor Escudero, parceiro de Ana & Eric. Os arranjos ficaram por conta de Daniel Bondaczuk, com a percussão de Clovis Badari. A capa, fotografada por Sarah Kierstead, apresenta elementos orgânicos e naturais, convidando o ouvinte a explorar as 10 faixas do álbum.


Prologue, sua faixa de abertura, é um som atmosférico e instrumental que tem referências no seu som de artistas como Hermeto Pascoal, Amaro Freitas, Alice Coltrane, Nina Simone, Diana Krall e até mesmo a banda Azymuth, para fazer uma introdução bem simples e delirante, mostrando bem suas intenções sonoras, emocionais e sensoriais aos diversos ouvidos espalhados pelo mundo. Enquanto que I See Myself In You traz esse mesmo som em aspecto meditativo e aborda na letra o uso das renovações e perspectivas emocionais.

 

Clouds traz sonoramente uma mistura bonita e envolvente de Jazz com Bossa Nova, cantada em inglês, com uma letra reflexiva que mostra a importância de viver o tempo presente e contemplar as coisas boas da vida, sejam elas pequenas ou grandes. Uma faixa ideal para ouvir enquanto admira: um pôr do sol, as ondas do mar batendo na areia da praia, uma tarde ensolarada na piscina, uma noite de céu estrelado, um dia de frio ameno e muitas outras maravilhas que a vida proporciona.

 


Clareia é uma bonita homenagem que ela fez para a sua filha Clara, ao mostrar na letra um forte amor maternal ao mesmo tempo que expressa sentimentos pela primeira vez com ampla dimensão emocional. Seu som remete a um Jazz que transita entre o Pop e a MPB de forma linear, onde se sente uma inspiração na jazzista brasileira Eliane Elias, que faz do piano um protagonista necessário e importante na sua forma de fazer música. A maternidade é presente novamente em Little Fingers.

 

Ser Saudade é um samba que traz metais bem feitos por Doug Felício e Otavio Nestares, que trazem um impacto sonoro imersivo e um lírico forte que trata do sentimento saudade, em como ele corrói os pensamentos e até a alma quando sentimos ele no instante em que se manifesta de forma bem apertada e presente.

 

From This Love fala sobre um amor completo, arrebatador e correspondido. Seu canto é bem elevado e pode ser comparado, de forma benéfica, com Billie Holiday, Sarah Vaughan e Astrud Gilberto, por saber controlar bem seus tons e timbres, o que faz dela uma faixa bem especial para o conjunto completo do disco. Esse sentimento é sentido de forma tão avassaladora em Like a Dream, com elementos da Bossa Nova na sua parte sonora.

 


No Meu Lar traz uma canção que faz uma devoção ao lar que cada um de nós temos, ao exaltar suas preciosidades. Ela dialoga bem com a faixa de abertura e a última, que vem a ser Meditation, na qual traz uma ambientação aconchegante, ideal para ser apreciada com um copo de cerveja ou uma taça de vinho na mão, proporcionando amor próprio, leveza e um encerramento digno para o disco.


Solaris é um álbum envolvente, harmonioso e introspectivo, que reflete a habilidade de Ana Luísa Ramos em transmitir emoção e poesia através de sua música, conquistando admiradores dentro e fora do Brasil. Com letras inspiradas, sonoridade suave e experiências viscerais, o álbum é uma introdução cativante ao talentoso trabalho da artista.

 

Solaris

Ana Luísa Ramos


Lançamento: 2024

Gênero: Jazz, Bossa Nova, MPB

Ouça: Clouds, Ser Saudade, Clareia

Para quem gosta de: Eliane Elias, Astrud Gilberto, Sarah Vaughan



 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Ouça "Clouds" abaixo:


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