A viagem psicodélica de Paêbirú completa 50 anos e ganha homenagem em São Paulo

Marcello Almeida
há 23 horas
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O sol da contracultura ainda brilha

Há discos que não pertencem apenas ao seu tempo — pertencem ao imaginário coletivo. Paêbirú - O Caminho da Montanha do Sol, lançado em 1975 por Lula Côrtes e Zé Ramalho, é um desses raros pontos de interseção entre arte, misticismo e resistência cultural. Meio século depois, sua chama segue acesa, inspirando novas gerações e se revelando em cada redescoberta.

No próximo dia 27 e 28 de setembro, o grupo pernambucano Anjo Gabriel, que há duas décadas mistura psicodelia com krautrock, sobe ao palco do Sesc 24 de Maio para celebrar os 50 anos dessa obra mítica. O show integra o projeto “75/25 – Meio século de discos históricos”, que revisita clássicos lançados em 1975 com a força de novos intérpretes.

O disco que sobreviveu às águas e ao tempo

Paêbirú nasceu da parceria visionária de Lula Côrtes e Zé Ramalho, dois artistas nordestinos determinados a criar um trabalho que transcendesse os limites da canção popular. A inspiração veio da mística da Serra do Capibaribe e da cultura popular do sertão. Mas a obra também carrega uma aura de raridade: em 1975, uma enchente no Recife destruiu quase toda a tiragem do LP. Apenas cerca de 300 cópias sobreviveram, o que ajudou a consolidar sua fama de tesouro perdido.

O disco, que contou com participações de Alceu Valença, Geraldo Azevedo e integrantes da Ave Sangria, tornou-se um marco do movimento Udigrudi, a cena alternativa pernambucana dos anos 70, que misturava psicodelia, música regional e poesia experimental.

De Recife para o cinema e além

Cinco décadas depois, Paêbirú continua atravessando gerações. Duas de suas faixas foram recentemente resgatadas para a trilha de O Agente Secreto, novo filme de Kleber Mendonça Filho. E, todos os anos, o álbum é revisitado no Festival Lula Côrtes, em Pernambuco. Agora, ganha homenagem em São Paulo — cidade que guardou a memória do último show de Lula Côrtes.