7 álbuns lançados em 1994, última parte: Os discos que você precisa conhecer
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7 álbuns lançados em 1994, última parte: Os discos que você precisa conhecer

Álbuns históricos, mas que talvez não tiveram o alcance merecido.

Stone Roses, Suede
Imagem: Montagem


Chegamos finalmente à parte final da nossa lista! Parte esta, não menos importante e não menos difícil. Nela estão alguns álbuns que provavelmente você não ouviu e está na hora de mudarmos essa realidade.


Ritmos, histórias curiosas e lugares diferentes do planeta são um pano de fundo para uma parte muito especial de 1994: álbuns históricos, mas que talvez não tiveram o alcance merecido. Ou tiveram, mas isso em algum momento foi deixado pra lá.


Aproveite!


1- Tical, do Method Man



Enquanto no início dos anos 90 o rap/hip hop pipocava nos EUA., aqui no Brasil ele caminhava timidamente, com os primórdios de Thayde e DJ Hum, Racionais e o comecinho do Planet Hemp.


Por isso, talvez poucas pessoas na época conseguiriam acesso e teriam dado o devido valor para figuras como o Method Man.


Se no cinema existe o subgênero terror psicológico, Tical pode se enquadrar nele, mesmo se tratado de uma obra musical. Seus sons abafados, gritos, vozes distorcidas e efeitos de estúdio fazem parecer que coisas bem macabras estão acontecendo. E as letras, falando sobre uso de drogas, tráfico e violência extrema mostram que naquele trabalho não havia a mínima intenção de dourar a pílula.


Não é um disco fácil de ouvir, obviamente. Mas essa atmosfera perturbadora faz de Tical um trabalho galáxias à frente de outros do gênero, inclusive de trabalhos recentes do Method: Dia 01 de março ele lançou um novo single chamado "Feel Away", que não é a mesma coisa. Não me causou as sombrias (e geniais) impressões de Tical. Faltou algo, faltou muito.







 

2- Yank Crime, do Drive like Jehu



Lembremos do seguinte cenário em 1994: Explosão do punk adolescente, coloridos e divertidos. Mas por baixo dos panos, o que estava acontecendo era diferente: gritos de quebrar vidro, guitarras distorcidas e um desgaste nos tímpanos de quem ouvia o segundo (e infelizmente, último) álbum de uma banda chamada Drive Like Jehu.


Formada em San Diego por John “Speedo” Reis, do Rocket From The Crypt, Rick Froberg, Mike Kennedy e Mark Trombino, a banda ficou conhecida depois de seu fim por ser a precursora do Emo. Apesar dela não se parecer em nada com o emo que a gente conhece.


Yank Crime é tosco, barulhento e prático a começar da capa: Um desenho monocromático, criado por Rick, com o nome da banda e álbum posicionadas de forma desconexa.   

Outro trabalho difícil e mais complicado ainda de ser gravado. Devido à sua complexidade e verdadeiro sacrifício em produzi-lo, a banda se separou logo depois do lançamento.


Depois do fim, os membros do Drive tomaram os caminhos mais distintos: Reis e Froberg fundaram o Hot Snakes,o baixista Kennedy tornou-se químico e o baterista Trombino virou produtor e engenheiro de som de bandas bem mais conhecidas, como o Blink 182. Rick Froberg morreu em 30 de junho de 1993, aos 55 anos.




3- Talking  Timbuktu, de Ali Karka Touré e Ry Cooder



Quando o produtor Ry Cooder convenceu o artista maliano Ali Farka a sair de sua aposentadoria, vivendo em uma fazenda de arroz, talvez ninguém esperasse que das sessões de improvisos e imensas dificuldades em lidar com algumas crenças de Ali (como a de sentir espíritos descontentes no estúdio de gravação de Talking Timbuktu), sairia um Grammy de melhor álbum de um artista global.


Talking Timbuktu é uma obra respeitável que faz questionar de onde pode ter surgido o blues: a partir dali, até o cineasta Martin Scorsese acreditou que ele surgiu na África. Os norte-americanos não se deram por vencidos, dizendo que Ali era o John Lee Hocker africano.


No álbum, você obtém a resposta de Ali Karka, seja em sons mais descontraídos e de fortes raízes africanas, como em "Sukoura", quanto viajando no blues de quase 10 minutos de "Amandrai".


Apesar dos louros do álbum, Ali Karka nunca se vislumbrou com o sucesso. É até hoje considerado um dos melhores músicos africanos de todos os tempos e viveu a maior parte do tempo tocando sua música na dita fazenda de arroz.


Fica a minha homenagem e gratidão à contribuição deste grande e espiritualizado músico, pois escrevo estas linhas dia 06 de março, véspera do aniversário de 18 anos de sua morte após uma longa batalha contra um câncer.




4-  Stoner Witch, do Melvins



Este é o segundo de três álbuns da banda com a Atlantic Records, numa tentativa da indústria de sugar tudo o que fosse possível e imaginável da onda grunge. Afinal, Melvins era a banda favorita de kurt Cobain.


Mas apesar da tentativa comercial (não posso dizer “apelo”, porque isso realmente o "Stoner Witch" não tem), não é justo dizer que é um álbum ruim. Ainda assim soa cru, sujo, distorcido no instrumental, apesar dos requintes de estúdio claramente notados.


O álbum fica na linha tênue entre o alternativo e o comercialmente viável, o som sujo e limpinho, as severas críticas e os rasgados elogios e até entre o grunge e o metal. Por tudo isso, vale a pena conhecer pra tirar as suas próprias conclusões.




5-  Second Coming, do Stone Roses



Se a "primeira vinda" do Stones Roses foi cheia de glamour e fama, a segunda deu aquela palavra que começa com “a”, termina com “zar”, que pra não atrair coisa ruim, não me atrevo a escrevê-la.


Após o estouro que foi o álbum anterior,  o Stones Roses, a banda demorou para escrever, produzir e lançar um novo trabalho. Muitas coisas aconteceram e quando Second Coming finalmente foi lançado, recebeu críticas mistas.


Alguns dos pontos que ganharam comparação foram as mudanças no ritmo, os longos solos de guitarra de John Squire e aquela sensação de ouvir mais uma banda de southern rock, ao invés do refinado som alternativo inglês, com nuances eletrônicas.


Antes da turnê internacional que seria feita, Reni saiu da banda, deixando o Stone Roses sem um baterista. O próximo a sair foi John Squire o que deixou a banda sem muita alternativa depois disso a não ser terminar de vez.


Apesar dos pesares, 'Second Coming' é um álbum que merece relevância, se não for pelo som (do qual eu não tenho queixas), que seja pelo contexto histórico.




6-   Dog Man Star, do Suede



Não é à toa que listei o Suede logo após de falar sobre o Stones Roses.


Muitos pontos em comum unem as duas bandas: o termo "britpop", o fato de uma iniciar na mesma época em que a outra lançava seu primeiro álbum, ambas inglesas e sendo aclamadas na primeira metade dos anos 90, lançando seus segundos trabalhos em 1994.


Mas se o Stones Roses infelizmente foi só ladeira abaixo após seu segundo trabalho, o Suede alcançou um feito diferente.


Antes mesmo de terminar as gravações de 'Dog Man Star', desentendimentos fizeram o guitarrista e compositor Bernard Butler deixar a banda. Baita problema!


A solução? Colocar um anúncio (sem a identificação da banda, claro), no NME abrindo audições para um novo guitarrista. Um rapaz de 17 anos chamado Richard Oakes conseguiu a vaga, finalizando o álbum que seria uma obra-prima da banda.


Com sons mais sombrios do que os do álbum anterior (também pudera, o clima de sua produção não poderia resultar em outra coisa), ele transita entre o melodioso e o pesado, saindo um pouco dessa atmosfera apenas na esperançosa faixa “New Generation”.


Outros estilos se mesclam no disco, que tem um pouco de orquestração em "Still Life”, Rock puro em "This Hollywood Life” e psicodelia em “Introducing The Band”, mas todas as faixas sempre tendo o pano de fundo da obscuridade.



7 – Robbi’n The Hood, do Sublime



Para quem adorou conhecer o Sublime em 1996, sinto dizer que aquela banda que alcançou um enorme sucesso comercial e estourou nas rádios não é nem pouco parecida com o Sublime dos dois trabalhos anteriores.


O terceiro álbum, homônimo da banda, com as melodiosas "Santeria" e "What I Got", foi um lançamento póstumo, logo após Bradley Nowell morrer de overdose de heroína. Antes disso, em 1994, eles lançaram um disco que vendeu bem na Califórnia, seu local de origem, chamado 'Robbi’n The Hood'.


O álbum é uma verdadeira bagunça: Repleto de sons aleatórios, que mais parecem vinhetas e músicas curtas de reggae, ska e Hip Hop, é um trabalho cru, porém quase genial. Foi uma das bases para muitas bandas de ska que vieram depois.


Porém não se tratava de um disco onde ninguém sabia o que estava fazendo: Estou longe de questionar as habilidades musicais de Bradley (vocais e guitarra), Bud Gaugh (bateria e percussão), Eric Wilson (baixo), e até de Lou Dog, o cão mascote que sempre representou tão bem a banda.


Apesar de ainda ser bastante experimental, ele é mais elaborado que o primeiro  disco e fez base para o que seria o terceiro. Vale a pena conhecer para comparar com o Sublime que você ouviu através do rádio.



Espero que você tenha curtido essa viagem que pra mim foi além de uma trip musical e se ampliou para uma viagem no tempo e no espaço. Resgatou em mim memórias daquela que foi a melhor época da vida de muitas pessoas: a infância. Afinal, em 1994 eu tinha apenas 6 para 7 anos e com certeza não acompanhei o lançamento dos discos citados nessas listas. O Rock só entrou mesmo na minha vida no ano seguinte, em 1995.


E é dessa forma que espero com os discos citados, resgatar algo de bom em você também. Afinal, o mundo está pedindo por pequenos e singelos gestos assim.


Até a próxima, que quem sabe, seria um resgate de 1995? Quem sabe...





 

 

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