Wilco regressa em suas raízes com o elegante e expansivo 'Cruel Country'
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Wilco regressa em suas raízes com o elegante e expansivo 'Cruel Country'


Wilco CRÉDITO: Jamie Kelter Davis

Poucas bandas de rock criaram um processo criativo estimulante com paixão e fervor quanto Wilco, de Chicago, banda liderada pelo carismático cantor e compositor: Jeff Tweedy. O grupo nasceu das cinzas do antigo projeto de Jeff, Uncle Tupelo, que ajudou a consagrar uma nova vertente americana, o Country Alternativo. Wilco, no início possuía muitas características do Tupelo, discos como ‘AM’ (1995) e ‘Being There’ (1996), beberam da fonte do Alt Country, gênero que foi ficando cada vez mais distante da banda com o passar dos anos, ‘Summerteeth’ de 1999, traçou um novo direcionamento para carreira do Wilco, que passou a se tornar uma banda de rock experimental, sempre cuidando para que seus discos entregassem algo de novo. O ápice criativo veio com o exuberante ‘yankee Hotel Foxtrot’ de 2002, e o Wilco começou a se destacar na cena alternativa com uma capacidade mutante de transitar por arranjos simples e experimentais.


Quase trinta anos depois, Wilco regressa em suas raízes do começo, com um disco mais simples e direto, mas com toda aquela habilidade de transformar um indivíduo. ‘Cruel Country’, 12º álbum de estúdio da banda, revisita essas origens de maneira cativante e nostálgica, um disco duplo, gravado ao vivo, uma verdadeira sessão Alt Country e Folk-Rock, com o poder absoluto do som acústico. Fãs da fase inicial do Wilco, vão se apaixonar fácil, fácil por ‘Cruel Country’. Mas, se engana, quem pensa, que o disco é apenas voltado para isso, podemos classificá-lo, como um disco Country, sem os habituais clichês do gênero, canções se aventurando pelo universo Folk e rock experimental, sem nenhum problema. “I Am My Mother”, faixa que abre o disco deixa isso bem estabelecido, e caberia perfeitamente em um disco do Dylan, sem problema algum.


“Cruel Country” (faixa-título), adota uma abordagem íntima e dinâmica que remete aos primeiros trabalhos de Jeff Tweedy. Estaria a banda se referindo a uma nação ou a um gênero musical? Essa, é uma música que divide a dualidade entre o momento turbulento da América, com o legado Country da banda. “Hints” entraria fácil em ‘Sky Blue Sky de 2007, a faixa parece entregar a paixão de Tweedy por canções tristes, aquelas que parecem mais autênticas e profundas. Mas ‘Cruel Country’ não é um disco triste, pelo contrário, a química entre os seis integrantes do Wilco acende a alegria do álbum, não permitindo que ele caia na escuridão.

Voltar às origens do início, talvez seja o recomeço necessário, para se reencontrar com o seu eu novamente. Nenhuma banda chega nesse denominador comum, sem antes ter vivido as mágoas e as dores do mundo. Onde entra a importância da música, ela te ajuda a sobreviver a tudo isso, ela te mantém vivo

Em muitos momentos, a sonoridade do novo disco remete não apenas aos primeiros trabalhos do Wilco, mas também ao ótimo ‘Anodyne’ do Uncle Tupelo. A voz de Jeff Tweedy ecoa tranquila e lindamente por todas as 21 faixas do álbum. “Story To Tell” se consagra como uma das músicas mais bonitas do trabalho da banda, a faixa parece pegar emprestado a magia dos Beatles, construindo seu universo melódico em torno de quatro minutos.


O sentimento que transborda desse reencontro de seis amigos voltando a fazer música juntos ao vivo na mesma sala, é de união e amizade. Seis pessoas se divertindo, compartilhando suas energias, enfrentando juntos os momentos turbulentos, deixando o lado humano sobressair sobre a arte. A paixão do Wilco pela música, funciona como o coração de cada canção de 'Cruel Country', e não seria blasfêmia dizer ser o melhor álbum da banda desde 'Sky Blue Sky.


Faixas como "Darkness Is Cheap" e "The Empty Condor" demostram um certo calor e emoção no processo de criação que se torna satisfatório o convite ao ouvinte para navegar pela ambientação e atmosfera do disco. A banda parece preferir baladas rústicas e melancólicas. A climática "Many Worlds", alça voos crescentes em torno dos seus oito minutos. Portanto, 'Cruel Country', parece tão uniformizado e idealizado como qualquer outra obra na discografia do Wilco, comovente e bonito. Um disco Country que desmantela silenciosamente o que esperamos de discos assim. Um registro completamente divertido e sincero.

 

'Cruel Country'

Wilco


Lançamento: 27 de maio de 2022

Gênero: Alt Country, Rock Alternativo, Folk

Ouça: "Cruel Country", "The Empty Condor" e "Darkness Is Cheap"

Humor: íntimo, Enigmático e melancólico

 

NOTA DO CRÍTICO: 7,5

 

Ouça a faixa "Cruel Country" abaixo:


 

Spotify:
















 






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