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“Who Wants to Live Forever”: o adeus épico e melancólico de Stranger Things

Há músicas que não apenas embalam histórias, elas as encerram com dignidade

Cena da 5ª temporada de Stranger Things
Imagem: Reprodução/Netflix

A canção do Queen transforma o fim da série em uma reflexão sobre o tempo, a amizade e o que nos torna humanos.



Desde o início, Stranger Things entendeu algo que poucas produções contemporâneas compreenderam: a música não é apenas trilha, é narrativa. Cada escolha sonora da série sempre foi um espelho da alma de seus personagens, um pulsar invisível entre o horror e a inocência perdida. Agora, ao som de “Who Wants to Live Forever”, do Queen, o ciclo se completa, e a série parece, enfim, aceitar sua própria mortalidade.


A canção escrita por Brian May para o filme Highlander (1986) não é apenas uma balada sobre a morte. É sobre o fardo da eternidade, sobre o amor que resiste mesmo quando o tempo já não existe. Em Stranger Things, essa música chega como um epitáfio: a infância acabou, o mundo mudou, e até os heróis têm que partir. Há algo profundamente simbólico em ver o universo criado pelos irmãos Duffer despedir-se ao som de uma canção que pergunta, com doçura e desespero, quem realmente quer viver para sempre.


Mas nada disso acontece por acaso. Desde a primeira temporada, a trilha sonora foi o coração emocional da série. Foi Should I Stay or Should I Go, do The Clash, que transformou o medo de Will Byers em resistência. Foi Running Up That Hill, de Kate Bush, que deu fôlego à batalha de Max contra seus próprios fantasmas, um hino sobre empatia e o peso de ser humano. E foi Master of Puppets, do Metallica, que transformou Eddie Munson em lenda, guitarra em espada e sacrifício em eternidade.



Agora, com o Queen, a série volta às origens do que sempre foi: uma ode à conexão entre mundos — o real e o imaginário, o humano e o sobrenatural, o passado e o presente. “Who Wants to Live Forever” é a síntese desse universo: grandiosa e triste, como o fim de uma história que ainda vai ressoar por gerações.


Há beleza no adeus. E Stranger Things, com sua trilha feita de memórias, provou que algumas despedidas merecem ser cantadas. Porque a música, quando encontra a verdade, nunca morre.




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