Marcello Almeida
- 23 de set. de 2022
- 2 min de leitura

Surte com brilho cósmico de ‘Moonage Daydream’, uma viagem visceral sobre a vida de David Bowie

Um misto cintilante e psicodélico. Um novo olhar atencioso para David Bowie

'Moonage Daydream', documentário sobre o saudoso David Bowie, comandado por Brett Morgen é uma experiência caleidoscópica que vai de um emocionante vídeo ao vivo a uma performance de arte surrealista e deslumbrante até a saída de talk-show entre décadas, uma obra que não se atrela a uma narrativa tradicional. Portanto, se você procura por um documentário sobre rock desses rotineiros e convencionais, vá para outro lugar. 'Moonage Daydream' é uma obra-prima repleta de brilho e psicodelia que vai te deixar extasiado.

O que Brett constrói aqui, vai muito além de um simples documentário, é um olhar caprichado, com lentes apuradas que fazem de 'Moonagem Daydream' um deleite audiovisual para todos os fãs de Bowie, que vai agradar até mesmo aqueles que não são tão familiarizados com a obra do camaleão do rock. Com uma abordagem criativa e distinta, muito apropriada para um dos ícones da cultura pop mais mercuriais da música moderna. Brett consegue nos inserir em uma jornada cintilante, psicodélica e satisfatória.

Não há como negar, estamos diante de uma odisseia cinematográfica que explora o processo criativo, espiritual e musical de Bowie. Não seria exagero dizer que 'Moonage Daydream' é uma carta de amor para Bowie, seus fãs e seu legado.

O documentário trafega pontualmente por imagens do deus glam alienígena, Ziggy Stardust, desfilando hipnoticamente pelo palco, seduzindo os corpos e mentes das pessoas com seu rock and roll sobrenatural. Em certos momentos você pode se ver diante de um show de laser do Pink Floyd com efeitos visuais transformadores. Um filme para ser visto em uma tela IMAX, o efeito cósmico e hipnótico será outro com certeza.

Um misto cintilante e psicodélico. Um novo olhar atencioso para David Bowie. Isso é cinema puro.

Este filme tanto pode ser uma viagem quanto uma obra cinematográfica, uma montagem extraordinária, densa e imersiva que nos leva ao mundo desconhecido de Bowie, identificando as múltiplas identidades que ele explorou nos palcos.

Em Moonage Daydream não vemos Bowie criticando a MTV em 1983 por não apresentar artistas negros. Como não há vestígios de Bowie na pré-fama no programa Tonight em 1964. E você também não vai encontrar Bowie de óculos nos anos 90 prevendo a internet para Jeremy Paxman.

O documentário foca mais nos anos Ziggy. Brett não está nem um pouco preocupado em criar um set de grandes sucessos. É muito melhor que isso. Um retrato fiel de vanguarda sobre um artista que moldou e transformou o cenário musical e o conceito de música pop. Bowie sabia muito bem se reinventar e pintava sua superfície para revelar suas inúmeras camadas abaixo. Um espetáculo maravilhoso sobre o homem que caiu na terra.