SoundCloud anuncia que artistas ficarão com 100% de seus royalties de distribuição
- Marcello Almeida
- há 1 hora
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Uma mudança que pode redesenhar o futuro da música independente

Plataforma elimina sua parte na receita e amplia modelo centrado no artista em resposta às desigualdades do streaming.
O SoundCloud acaba de dar um passo histórico na relação entre artistas e plataformas de streaming. A empresa anunciou que, a partir deste mês, músicos que utilizam os planos Artist e Artist Pro passarão a ficar com 100% dos royalties de distribuição, sem qualquer retenção por parte da plataforma.
Na prática, isso significa que todo o valor arrecadado nas principais plataformas digitais, incluindo Spotify, Apple Music, YouTube Music e TikTok — será repassado integralmente aos artistas. Até agora, o SoundCloud retinha uma porcentagem sobre essas receitas.
“O SoundCloud sempre priorizou os artistas. Com este lançamento, estamos levando essa missão adiante, oferecendo uma assinatura verdadeiramente completa — com distribuição sem complicações, comunidade sem barreiras e monetização sem concessões, incluindo apoio direto de seus fãs”, declarou o CEO Eliah Seton.
Descrita oficialmente como “a assinatura que mais prioriza o artista no mercado”, a iniciativa reforça a posição do SoundCloud como uma das poucas plataformas dispostas a desafiar o modelo concentrador das gigantes do streaming.
Apoio direto de fãs e nova economia da música
Além da distribuição sem taxas, a empresa implementará um sistema de apoio direto, inicialmente disponível apenas nos Estados Unidos. Com ele, fãs poderão contribuir financeiramente com seus artistas favoritos diretamente nas páginas de perfil, por meio de um novo botão de apoio.
Quem fizer doações será reconhecido com um selo de agradecimento visível nas páginas dos artistas, uma forma simbólica, mas significativa, de reforçar a comunidade entre criadores e ouvintes.
A medida chega num momento crítico. Dados recentes indicam que artistas independentes enfrentam cada vez mais dificuldade para gerar renda sustentável com o streaming, especialmente após o Spotify desmonetizar todas as músicas com menos de 1.000 reproduções em abril de 2024 — decisão amplamente criticada por músicos e associações culturais.
Enquanto o Spotify comemorava lucros bilionários (superando €1 bilhão em 2024) e executava cortes de funcionários, o SoundCloud tenta se posicionar como o contraponto: uma empresa que aposta em transparência, comunidade e justiça criativa.
Um novo rumo para a música independente
A decisão do SoundCloud vem em sintonia com o movimento crescente de artistas exigindo melhores condições financeiras e maior autonomia sobre suas obras. Em 2025, nomes como Kate Nash se uniram à Music Venue Trust, no Reino Unido, para pressionar governos e plataformas por reformas no modelo de streaming e mais apoio a músicos em início de carreira.
A mudança, portanto, não é apenas um gesto simbólico. É um reposicionamento estrutural dentro de uma indústria cada vez mais concentrada nas mãos de poucos players e onde a maioria dos artistas luta para sobreviver economicamente.
Se der certo, o novo modelo do SoundCloud pode se tornar o ponto de virada da economia criativa, um retorno à essência do que o streaming prometia ser: liberdade, acesso e sustentabilidade para quem cria.











