'Screamadelica' a obra-prima revolucionária e exuberante do Primal Scream.
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'Screamadelica' a obra-prima revolucionária e exuberante do Primal Scream.

Atualizado: 30 de nov. de 2021



Falar do ano de 1991, e sua relevância para música impossibilita não destacar a importância de ‘Screamadelica’ terceiro álbum do Primal Scream, banda formada no início dos anos 80, por Bobby Gillespie (ex-Jesus and Mary Chain) e Jim Beattie. A carreira do Primal Scream é uma verdadeira odisseia de álbuns que definiram épocas. Começaram realizando um som marcado pelo Indie Pop, com melodias mais limpas e suaves, cuja inspiração vinha de bandas como o Byrds, canalizava em sua sonoridade a doçura que faltava na antiga banda de Gillespie, Jesus And Mary Chain. O brilho criativo do Primal Scream seguia seu caminho distinto, se aventurando pelo Hard Rock ao estilo Stooges, em busca do seu som estelar e revolucionário.


Foi com a ajuda do produtor Andrew Weatherall que o Primal Scream mergulhou na exuberante cena do Acid House, criando um som que mesclava Indie Pop, Techno, Dub e Psicodelia. Nascia então, um dos discos mais emblemáticos e importantes dos anos 90 e o melhor do Primal Scream em sonoridade e processos criativos. Um disco exuberante e poderoso que teve seu brilho ofuscado (pelo tornado chamado Nirvana e seu disco ‘Nevermind’), mas não apagado. ‘Screamadelica’ quebrou barreiras musicais, ajudou na fusão entre a cena Techno e Indie e colocou a banda definitivamente no mundo do mainstream. Uma mistura fantástica de elementos alegres e dançantes com as batidas energizadas do Groove, o que fez do disco um trabalho soberbo e inovador, diferente de tudo que a banda já havia feito antes. Um aperitivo saboroso para compreender a essência das Raves e Acid House.


Foi o primeiro disco da banda a sair pelo selo Creation Records, de Alan McGee. Um trabalho marcado pelo uso excessivo de drogas e ácidos, o disco até entrou para a famosa lista dos álbuns mais chapados do Rock, ao lado de ‘Revolver’ dos Beatles, ‘Station To Station’ do Bowie e outros. Mas por incrível que pareça essa jornada de ácidos e drogas surtiu um efeito positivo na produção de ‘Screamadelica’, possibilitou a banda realizar uma viagem alucinógena necessária para criar uma obra-prima, um clássico absoluto.


O disco abre com a exuberante e sedutora “Movin' On Up” aquela faixa que encontra o seu brilhantismo nas camadas da Black Music, capaz de (conduzir) você a arriscar uns passos dançantes, seguindo o embalo de um estupendo coral ‘gospel’. As guitarras puxam uma certa familiaridade com os Rolling Stones. “Slip Inside This House” possui um clima envolvente, repleto de elementos entre Acid House, Techno e o Funk, os vocais aqui são assumidos pelo guitarrista Robert Young. Entre essas duas primeiras faixas já é possível perceber o poder do processo criativo do Primal Scream.


‘Screamadelica’ com certeza deixou muita gente de boca aberta. Mas o fato é que se torna difícil não entrar no clima atmosférico de “Don’t Fight It, Feel It”, você vai se sentir no meio de uma Rave com muitas luzes, diante de uma viagem alucinante...a música consegue captar muito bem essa ambientação de festas regada por música Eletrônica, sem falar que os vocais de Denise Johnson são provocativos e excitantes. Um disco além do seu tempo, o que o Primal Scream concebeu com ‘Screamadelica’ foi algo surreal e impensável para época.

Mesmo atualmente o álbum permanece com seu brilhantismo e poder sonoro, intactos e impactante. Canções atemporais que não pertencem há um determinada época e conseguem transitar pelo tempo de maneira singular, sem sofrer efeitos dessas transições.

Inner Flight” abusa da psicodelia em certos tons que podem lembrar uns feixes de luzes, estelar de ‘Sgt Peppers...’dos Beatles. Uma faixa instrumental cheia de efeitos, sons metálicos, ruídos, sussurros, coisa bem chapada mesmo.


Come Together” é uma viagem espacial sonora cheia de efeitos robóticos que se misturam aos elementos Indie, Techno e Dub, uma verdadeira salada musical que funciona muito bem. Batidas pontuais, ritmos que não seguem uma velocidade padrão, sendo quebrados por uma ou outra camada de efeitos incrivelmente muito bem trabalhados. O segredo aqui é usufruir da viagem e aproveitar o clima. Afinal de contas logo você vai ser introduzindo em uma das faixas mais icônicas e emblemática do disco “Loaded” essa é uma canção que pode muito bem já ter nascido clássica (um dos grandes sucessos da banda) que mergulha nas vertentes do Gospel, com camadas dançantes energizadas, digna de estar em todas as playlist de uma festa.


Damaged” pode muito bem ter sido a música que influenciou e inspirou bandas como Oasis e Blur, expoentes do famoso Britpop que tomou a cena em meados dos anos 90. Essa é uma de várias importâncias de ‘Screamadelica’ para a música. “Damaged” é uma das faixas mais bonitas do disco, e fez escola para o Oasis criar aquelas baladas viscerais e nostálgicas que consagraram os irmãos Gallagher, fazendo eles serem adorados e odiados no decorrer dos anos. O fato é que Screamadelica já prenunciava tudo isso em 91, abriu portas, reinventou-se, despertou atenção e criou um estilo próprio e autêntico, adorado e cultuado até hoje. Por mais que você tente compreender e descrever esse disco emblemático e soberbo, sempre vai faltar palavras... existem discos que não foram feitos para serem entendidos e explicados com meras palavras e sim, sentidos na alma através de audições.

 

Ficha Técnica:

Artista: Primal Scream

Álbum: Screamadelica

Lançamento: 23 de setembro de 1991

Gênero: Acid House, Techno, Indie Rock

Ouça: "Movin' On Up", "Come Together", "Damaged" e "Loaded"

Para quem Gosta: The Dandy Warhols, Oasis e Blur





 

Ouça o Disco no Spotify:


 

Veja o Vídeo de "Movin' On Up" abaixo:


 

Sobre Marcello Almeida:

É editor e criador do Teoria Cultura.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror, adora bandas como: Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar história sobre música, cinema e literatura.




 


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