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Foto do escritorThaís Sechetin

Relembre 7 álbuns que fazem 30 anos em 2024, parte 2: Os discos que você talvez ouviu

Atualizado: 26 de fev.

Espero poder fazer jus àquela época com esta singela lista.

Jeff Buckley, Hole e Barão Vermelho
Imagem: Montagem



Saudações a você que chegou na segunda parte da nossa lista!


Foi a parte mais difícil da trip. Eu sou 8 ou 80, ignoro as outras 72 possibilidades. E pensar em discos de valor que foram ofuscados pelos grandes sucessos, nos que foram lado B e geniais, ouvi-los outra vez e tentar classificar qual pertence a qual lugar pra montar este texto, foi complicado à beça.


Aqui estão os discos que são muito bons, veicularam bem e você pode se lembrar deles, mas uma coisa ou outra passou batida. E não podem permanecer assim.


Espero poder fazer jus àquela época com esta singela lista. Se por ventura você ouviu os discos em 94, vale a pena escultar novamente. Caso contrário, sempre há tempo!


Grace, do Jeff Buckley


Um dos discos mais tristes daquele ano. Penso que ele é meio como o Unplugged, do Nirvana: Já era bastante melancólico e depois da morte de Buckley ficou pesado de vez.


Em uma resenha que fiz deste disco há mais de dez anos, escrevi que ouvir Grace é como se eu estivesse olhando para o mais belo par de olhos que já vi. Olhos azuis, brincando com a palavra “blue” em inglês, que além da cor, pode significar algo que carrega uma grande tristeza. 


Outro indício da tristeza do álbum aconteceu em um dia desses, rolando meu feed do Instagram, de bobeira. Aí vejo um post com o título “Qual disco parte seu coração?" Fui ler os comentários e, batata! A maioria esmagadora apontava Grace.


As músicas de Grace falam sobre perda, desilusões, saudades e frustrações. Mas o legal é que os arranjos não fazem dele um disco arrastado, graças a sensibilidade estática de Buckley.


Recomendo a quem estiver passando por finais de ciclos. E isso não é ruim.


Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: "Last Goodbye", que tem a capacidade de amolecer até o mais endurecido dos corações, e é de uma capacidade incrível de trazer um ar de "final/recomeço". A música fez parte da trilha sonora do filme Vanilla Sky.


Tire o pó da faixa, ou: Lado B: "Lover, You Should've Come Over”.



 


Heart, Soul & A Voice, do Jon Secada

 

Vai ter música romântica sim! E quando eu verifiquei que este disco do Jon Secada também é de 94, dei pulinhos pra comemorar!


Heart, Soul & A Voice é o título perfeito que descreve todo o álbum. E fez sucesso pra caramba naquela época, deixa eu refrescar sua memória: Você tanto podia ouvir o single “If You Go” explodindo nas FMs quanto assistir ao Jon no Domingão do Faustão.


Este é um disco mais maduro do cantor, feito de verdade com alma e coração. Embora não some um número de hits como o seu álbum antecessor, Jon Secada atingiu o objetivo de soar mais maduro e sincero, ao abrir um pouco mão do pop e investindo em estilos musicais que tinham mais valor sentimental para ele.


Com claras referências a ícones da música como Al Green, Marvin Gaye e KC and The Sunshine Band, o álbum evoca um romantismo quase juvenil. Ao mesmo tempo que, em algumas faixas, Jon encarna o moderno e se joga em batidas de dance, uma das marcas registradas dos anos 90.


Com os singlesIf You Go", Mental Picture” e “Take Me”, o disco é uma ótima pedida pra quando a gente quer ouvir um sonzinho despretensioso, porém de qualidade.


Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: Vou eleger "If You Go", pra você se lembrar bem de 1994: Plano Real, Tetracampeonato de futebol e claro, do Jon arrasando no Domingão e na abertura da Copa.


Tire o pó da faixa, ou: Lado B:La la La



 



Parklife, do Blur

Sem papas na língua, o Blur lança seu terceiro disco repleto de ironias, sarcasmos e críticas. A quê? A praticamente tudo que envolvia o estilo de vida moderno inglês, sobretudo londrino. Boas faixas que retratam essa estrutura são “Girls & Boys” e "Parklife".  


Diz a história que o Blur passava por problemas na época da gravação de Parklife. Dinheiro, graças a timidez das vendas em seu álbum anterior.


Mas o álbum saiu-se maravilhosamente bem, sendo considerado um dos melhores trabalhos da banda, se não o melhor, consolidando o que seria o britpop.


E a elaboração do disco não partia de opiniões sobre absolutos nadas. O vocalista e compositor, Damon Albarn e sua trupe, beberam de várias fontes para estruturar o que seria o Parklife: do Kinks, de um livro chamado London Fields e até de transmissões sobre previsão do tempo para a costa britânica da BBC.


Mas principalmente, o Blur tirou inspiração da própria vivência naquela Inglaterra cercada de novidades e ameaças, do dia a dia em que eles estavam inseridos em uma experiência não apenas única, fazendo do disco uma pintura daqueles tempos.

 

Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: "Tracy Jacks": A música conta a história de um homem em crise de meia idade, que surta e cria as situações mais bizarras e constrangedoras. O som deixa a gente com gosto de quero mais, tentando adivinhar o que aquele personagem irreverente aprontaria.


Tire o pó da faixa, ou: Lado B: "This Is a Low": Foi inspirada em uma transmissão de previsão do tempo da costa britânica transmitida pela rádio BBC, fala sobre esperança, de aguentar firme os tempos ruins, os “tempos de baixa”. Além da letra, a melodia é muito bonita. É o tipo de música que eu quero (e acho que preciso) ouvir todos os dias.


Seria ela uma resposta a “Too Much on My Mind”, do Kinks? Quem sabe...



 

 Live Through This, do Hole


Depois do lançamento de Pretty on the Inside, Courtney Love pretendia gravar algo mais melodioso, harmônico, não tão punk rasgado. E conseguiu, embora que com esse feito, recebeu muita crítica de alguns fãs mais tradicionais.

 

Gravado no ano anterior, teve algumas músicas compostas na casa que era de Kurt Cobain e Courtney Love. Há contribuição dele, de acordo com Courtney, nos vocais de algumas faixas, mas há quem até hoje acredite que as letras eram dele, embora essa teoria já tivesse sido derrubada por muitos pesquisadores sobre música, jornalistas e até um dos biógrafos de Kurt.

 

Live Through This foi lançado exatamente uma semana após a morte de Cobain.

 

É um disco que fala sobre feminismo, de uma forma que só Courtney poderia dizer. E essa é mais uma prova de que o disco não pode ter sido escrito por Kurt. Marca a breve participação da baixista Kristen Pfaff no Hole, que morreu dois meses depois dele ser lançado, também aos 27 anos.

 

Para que o álbum alcançasse a estética mais refinada que Courtney tanto queria, o trabalho de músicos como o da própria Kristen, com sua formação clássica e a harmonia de Dana Kletter nos backing vocals contribuíram.

 

E essa nova roupagem do Hole deixou seu legado: O álbum está na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, das Revistas Rolling Stone e NME, e aparece no livro 1001 álbuns para ouvir antes de morrer (e por lá eu o conheci).

 

Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: "Doll Parts"


Tire o pó da faixa, ou: Lado B: "I Think That I Would Die"





Amorica, do Black Crowes



Talvez não seja um álbum muito badalado, mas chegou a ganhar disco de ouro nos EUA, vendendo 500 mil cópias.  

 

O Black Crowes mostra neste trabalho que não devia nada a ninguém, mas continuou amadurecendo, com seu Southern Rock a todo vapor, que você pode ouvir presente em cada faixa.

 

Os Irmãos Robinson já estavam em pé de guerra, mas o estilo de cada um pôde ser estampado no álbum, tanto as influências Classic/psicodélica de Chris, quanto os riffs de Rich. E as composições foram geradas a partir das sessões de gravações de um projeto da banda que não vingou na época, que levaria o nome de Tall.

 

Você não vai lembrar de muitos singles lançados e veiculados, mas com certeza, vai dizer que já ouviu “Nonfiction” e “Wiser Time” por aí. Mas vale também mergulhar em cada uma das outras 9 faixas que compõem o disco.

 

E se você não se lembrar de algumas músicas, com certeza lembrará da capa: A foto com a imagem de uma modelo usando uma tanga com a bandeira dos EUA, com os pelos pubianos aparecendo.

 

A capa realmente chegou às lojas, que logo foi vetada e substituída por uma versão mais aceitável: um fundo preto e só o desenho da tanga aparecendo. A imagem original, na verdade, é a capa da a edição de julho de 1976 da revista adulta Hustler, lançada em comemoração aos 200 anos da independência dos EUA. No final, a banda trabalhou com as duas capas.

 

Eu bem me lembro do disco, com aquela capa, veiculando em várias edições das Revista Bizz que minha irmã sempre comprava. E ficava chocada. E também achava que Amorica devia ser o álbum mais famoso da história do BC, ainda sem tomar conhecimento da existência de Shake Your Money Maker.

 

 Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: "Nonfiction"


Tire o pó da faixa, ou: Lado B: A bela “Descending” e seu maravilhoso piano no final.



 

Carne Crua, do Barão Vermelho


É definitivamente um álbum de Rock: Simples, direto, ousado. Sem frufru.


Talvez foi ofuscado por outros grandes lançamentos nacionais daquele ano, como Chico Science, Raimundos, Skank, Mundo Livre S.A e Cássia Eller.


Aliás, faço menção honrosa a esses três últimos, que só não entraram aqui porque quero fazer uma lista um pouco menos óbvia do que as que você, sem muito trabalho, encontrará publicada.


Voltando ao assunto, outra possibilidade da pouca expressão de Carne Crua foi a má distribuição do álbum pela gravadora Warner. O que foi uma baita mancada, pois com a distribuição certa, ele certamente disputaria em pé de igualdade com os discos antes citados.


Graças ao álbum que o Barão Vermelho pôde ter o que sempre mereceu: mais peso nas suas músicas e uma melhor qualidade de gravação e mixagem (foi mixado no Nas Nuvens).


 E independente do número de vendas ou críticas recebidas, é em Carne Crua que tem minhas duas músicas favoritas de toda a história do Barão “Meus Bons Amigos” e “Daqui por Diante”.


É um trabalho que merece ser lembrado.

 

Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A: Daqui por Diante: “Que angústia desesperada, minha fé parece cansada e nada mais me acalma” é um trecho atemporal. Melhor: Era profecia sobre os males do novo século.


Tire o pó da faixa, ou: Lado B: A irreverente, irônica e provocativa “Pergunte ao Tio Zé



 


Voodoo Lounge, dos Stones

 

Depois de tantas novidades musicais surgindo mundo afora, parece que nos anos 90 não tinha mais espaço para o Rolling Stones.

 

Ledo engano.

 

Os Stones não se deram por vencidos, sacudiram a poeira, assinaram com a Virgin Records e contrataram o até então jovem produtor Don Was. E assim nasceu o Voodoo Lounge.


Don Was merece um espaço especial aqui. Fã dos Stones desde criança, mesmo depois de meses trabalhando na gravação do álbum, ele ainda não podia olhar nos olhos dos músicos enquanto eles tocavam, para não estragar tudo, envolvendo o lado emocional.


 Ele era tão fã dos Stones que sempre comprava os discos novos no exato dia de seu lançamento. Com exceção de Voodoo Lounge que, claro, ele ganhou sua cópia dias antes.


O que Don fez com os Rolling Stones foi explorar possibilidades. Trazendo novidades e diversas formas de ritmos, eles conseguiram chegar a um excelente resultado: mais de 70 músicas escritas, sendo 15 escolhidas para o disco, mesclando várias fases de Mick Jagger como cantor e também com a harmônica, além do tradicional blues de Keith Richards.


O álbum deu à banda seu primeiro Grammy como Melhor Álbum de Rock. A turnê de Voodoo Lounge abalou as estruturas do Rock entre 1994 e 1995 e por sorte nossa, passaram por aqui.


O primeiro single do álbum, "Love Is Strong", foi ouvido ao mesmo tempo no mundo inteiro, em 21 de junho de 1994. No Brasil, a Rádio Transamérica entrou em rede para tocá-la, às oito da noite.


O mais interessante de Voodoo Lounge é que ele se torna um álbum onde a banda quis experimentar, sem cobranças. Quando ele toca, é fácil imaginar os Stones descalços, bebendo tranquilamente e jogando conversa fora, relaxados e entretidos consigo mesmos, sem precisar provar mais nada a ninguém.


E com Voodoo Lounge, os Stones mostraram tanto pra galera cabeluda do grunge, quanto pra trupe da franjinha britpop, a importância de ouvir os mais velhos.


Vale a pena ouvir pela milésima vez, ou: Lado A:"Sparks Will Fly

Tire o pó da faixa, ou: Lado B: "Thru and Thru": Se  não tem blues com o Keith Richards, não é álbum dos Stones. E esta merece destaque especial, aparecendo na final da segunda temporada de A Família Soprano.



  

E aí, curtiram?


Sinceramente, pegar um ano cheio de obras-primas e selecionar só 21 trabalhos (dividindo por tema, ainda por cima), é coisa de gente que gosta de sofrer.


Se me conheço, vou me torturar durante meses por ter deixado de fora algumas preciosidades. Mas você pode me ajudar, comentando quem você quer que esteja na próxima lista, onde dando um pequeno spoiler, será nível gente grande. O que provavelmente alguns de nós ainda não éramos em 1994.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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