Eduardo Salvalaio
- 6 de set. de 2023
- 3 min de leitura

Que Horas Eu Te Pego? mistura ingredientes para criar uma comédia inserida nos tempos modernos

O diretor faz da época atual com a tecnologia avançada para tecer suas críticas e ironias.

Que Horas Eu Te Pego? é um filme de Comédia dirigido por Gene Stupnitsky (que é radicado americano, porém nasceu na Ucrânia). O diretor não é novato no gênero e chegou a dirigir alguns episódios de séries famosas como The Office (2005-2010) e Hello Ladies (2013-2014). Também recebeu indicações em diversas premiações de TV. Embora seja mais experiente no formato série, no Cinema chega agora ao seu quarto trabalho.

Uma das grandes chamadas do filme é ter Jennifer Lawrence como protagonista. Para quem viu a loira que virou uma das grandes promessas da nova geração de atrizes em películas como Inverno da Alma (2010), Jogos Vorazes (2013-2015) e Mãe (2017), a curiosidade dominará ao vê-la num papel ligado a Comédia. Sobretudo se pegarmos que, mesmo antes do filme ser lançado, a atriz relatou que a história poderia ofender muitas pessoas.

A sinopse também pode não agradar aos mais conservadores. Maddie (Jennifer Lawrence) é uma mulher que se vê à beira da falência. Com carro guinchado e casa prestes a ser hipotecada, vê num anúncio a esperança de melhorar de vida. Um casal rico pede que uma mulher ajude o filho único a ser mais extrovertido e confiante antes de seguir para a faculdade.

Percy (Andrew Barth Feldman) é um adolescente que tem de tudo que o dinheiro pode oferecer, mas que é decidido a não sair de casa, vive grudado em seu smartphone e seus amigos são feitos de forma online. Maddie é a mulher experiente, independente e passou por maus bocados, tipo de pessoa decidida que não se deixa abater por qualquer ofensa que lhe fazem.

Sabemos que muitas Comédias são feitas assim: personagens com características antagônicas que precisam se sintonizar. Dentro de um processo lento misturando besteirol, cenas inusitadas, brigas, surpresas e até mesmo Drama, são personagens que serão transformados até o final.

Na soma geral, Que Horas Eu Te Pego? nem chega a ser tão pesado para esses tempos atuais, isso se pensarmos inclusive em filmes como Quem Vai Ficar com Mary? (1998) e American Pie (1999) que também chegaram cercados de polêmicas na época e apresentaram cenas pesadas para algumas pessoas.

Aliás, Stupnitsky parece se basear bastante nessas duas produções citadas anteriormente para ter algumas ideias neste seu filme. Outra inspiração clara pode ter sido Namorada de Aluguel (1987) se pensarmos no roteiro que envolve atração entre duas pessoas por obrigação de contrato financeiro.

Entretanto, o diretor faz da época atual com a tecnologia avançada para tecer suas críticas e ironias. Numa das cenas, Maddie, num instante de fúria, indaga que os jovens de hoje se satisfazem mais com celulares do que propriamente em transar ou namorar. E na mesma festa que isso acontece, ela quase surta ao ver jovens que desejam filmar tudo para ganharem reputação nas redes sociais.

Nem mesmo a cultura americana é deixada de lado. Exemplo é a citação de que os novos carros não são robustos como os carros antigos feitos pela indústria automobilística do país. Também existe a crítica sobre a forma como os ricos tratam seus filhos: dinheiro e bens materiais em troca de diálogos e carinho (e assim, hipocritamente, acreditam que está tudo bem).

Até Matthew Broderick faz uma ponta como o pai de Percy. O ator que ficou bem conhecido por algumas comédias 80's, aqui faz o papel de um senhor ricaço que ainda gosta de se gabar como um jovem galã.

O filme acaba colocando vários ingredientes que se intercalam na sua trama. Uma fórmula combinada que mistura muita coisa: cenas picantes, cenas dramáticas, nudez, linguagem obscena, humor ácido, romance, críticas ao Way Of Life atual.

Essa é uma Comédia de bons momentos (a linda cena de Percy ao piano) e outros beirando o nonsense (a cena noturna na praia). Nada excepcional, entretanto garante uma diversão para quem viu muito do gênero no passado (entretanto coloque esse sentimento pensando agora dentro dos tempos atuais).