Playmoboys lança “Ainda há tanto em mim” e prepara disco para 2025
- Marcello Almeida

- 30 de mai.
- 2 min de leitura
É o Playmoboys mais maduro, mais synth, mais sujo, mais bonito. E mais necessário do que nunca

“Ainda há tanto em mim.” A frase, solta no ar, já parece verso perdido de um diário de despedida — mas é o nome do novo single dos Playmoboys em parceria com Oh! I Kill, e também um grito. Um recomeço. Uma reinvenção.
A dupla — que marcou época na cena indie brasileira dos anos 2010 e fez história dividindo palco com ninguém menos que The Libertines — volta agora com uma canção que sintetiza tudo o que o projeto já viveu, sentiu e sobreviveu. O vocalista Conrado Muylaert crava sem medo:
“Queremos entregar algo que fique na memória do indie BR.”
E dessa vez não é promessa vazia. “Ainda há tanto em mim” vem carregada de synths oitentistas e guitarras que brilham como neon na madrugada, mas com o peso de quem carrega cicatrizes nos versos. A faixa tem aquele cheiro de pista indie às três da manhã, mas também carrega a angústia crônica de quem tenta amar no século XXI. É pop, é melódica, mas tem alma demais pra tocar na superfície. É o Playmoboys mais ousado, mais maduro, mais vivo.
No lado B, “Mesmo vício” aparece em versão acústica — e o que era antes uma canção sobre desejo agora soa como confissão. O tipo de faixa que você escuta sozinho, sem luz, com o coração batendo devagar. Íntima, crua, linda.

Mas pra entender o momento atual do Playmoboys, é preciso olhar no retrovisor. Em 2013, a banda explodiu em silêncio quando Carl Barât e Gary Powell, da lendária The Libertines, se apaixonaram por “Baby, There’s No End” — uma parceria com Ivy Hoodrave que fez o som da pequena Campos dos Goytacazes ecoar em Londres. O show pra pouco mais de 100 pessoas naquela noite virou lenda. Um daqueles encontros improváveis que marcam a trajetória de quem faz música com verdade.
Depois disso, veio o disco Nada é de uma vez, lançado em 2023, um álbum que apareceu em várias listas de melhores do ano — incluindo Teoria Cultural, TMDQA e Hits Perdidos. Um trabalho de transição, onde a banda ainda testava caminhos e burilava sua estética com mais dor do que certeza.
Agora, em 2025, Playmoboys chega com um disco pronto e uma fé incendiária: “Estamos confiantes que será nosso melhor trabalho, e vai fazer história no indie brasileiro.”
A expectativa é alta. Mas é aquele tipo de expectativa que não pesa — porque, na verdade, ela pulsa. Como um coração novo. Como um amor que insiste em voltar. Como uma banda que já viu o fim, mas ainda canta: “ainda há tanto em mim.”















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