top of page

Perry Bamonte, guitarrista do The Cure, morre aos 65 anos e deixa um legado silencioso, mas fundamental

Algumas presenças não precisam estar no centro do palco para moldar a história

Perry Bamonte durante show com o The Cure em 2023
Perry Bamonte durante show com o The Cure em 2023 (Grosby Group/Divulgação)

A história do The Cure também foi escrita por quem soube ouvir, sustentar e criar nos espaços entre as notas.



Notícia triste para os fãs do The Cure nesta sexta-feira (26). Perry Bamonte, guitarrista e tecladista que integrou diferentes fases da banda, morreu aos 65 anos durante o período de Natal. A informação foi confirmada pelos próprios integrantes do grupo por meio de um comunicado oficial.


Na nota, o The Cure descreveu Bamonte como “quieto, intenso, intuitivo, confiável e imensamente criativo”, acrescentando que “‘Teddy’ era uma parte vital e de coração quente da história do The Cure”. Palavras que ajudam a dimensionar o papel de um músico que nunca buscou protagonismo, mas foi essencial para a engrenagem emocional e sonora da banda.


Perry Bamonte entrou no universo do The Cure inicialmente como músico de apoio entre 1984 e 1989, período em que o grupo consolidava sua identidade entre o pós-punk, o gótico e a expansão melódica que marcaria os anos seguintes. Em 1990, tornou-se membro oficial da formação, participando de discos importantes como Wish (1992) — um dos álbuns mais populares e emocionalmente abertos da banda — e Wild Mood Swings (1996), trabalho marcado pela diversidade estética e pelo espírito experimental.


Mais do que riffs ou solos memoráveis, Bamonte foi um construtor de atmosferas. Seu trabalho com guitarras, teclados e camadas sonoras ajudou a sustentar a densidade emocional que sempre definiu o The Cure. Ele entendia que, na banda de Robert Smith, o silêncio, o eco e a repetição eram tão importantes quanto a nota tocada.



Após deixar o grupo em 2005, Bamonte retornou ao Cure em 2022, em um movimento que soou como reconciliação com a própria história. Seu último show com a banda aconteceu em novembro de 2024, em Londres — uma despedida discreta, coerente com a postura de quem sempre preferiu a música ao holofote.


Créditos da imagem: Perry Bamonte, do The Cure (Reprodução)
Créditos da imagem: Perry Bamonte, do The Cure (Reprodução)

Segundo o comunicado oficial, o músico faleceu em casa após enfrentar uma doença recente, cujo diagnóstico não foi revelado. A ausência de detalhes reforça o tom reservado que sempre marcou sua trajetória pessoal e artística.


A morte de Perry Bamonte não encerra apenas um capítulo do The Cure, mas lembra que grandes bandas também são feitas de figuras silenciosas, sensíveis e profundamente comprometidas com a arte coletiva. Seu legado permanece nas texturas, nos climas e nas emoções que continuam ecoando em cada acorde da banda.


Alguns músicos não pedem atenção, eles permanecem, mesmo quando partem.



bottom of page