Perfect - Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar: um disco com uso de imaginação ilimitada e coragem de romper fronteiras musicais
top of page

Perfect - Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar: um disco com uso de imaginação ilimitada e coragem de romper fronteiras musicais

Mais original e distintivo que sua estreia, o grupo abraça com mais força ainda a sua identidade musical, levando o ouvinte em uma jornada sonora repleta de reviravoltas e surpresas emocionantes.

Banda Perfect
Foto: Facebook


Originária da cidade de Akron, no nordeste de Ohio, Perfect é uma banda americana que transcende os limites do rock progressivo. Sua jornada começou em 2017 sob o nome de Perfect Girl, com Tony Batey nos vocais, baixo e saxofone, Sam Holik na guitarra e Jake Ross na bateria. No entanto, o grupo logo evoluiu, abandonando o Girl de seu nome original após mudanças significativas na formação. A mudança mais notável ocorreu em 2019, quando o baixista Sam Colgrove entrou para substituir Batey. Foi nesse momento que a banda abraçou uma abordagem ainda mais experimental e complexa. Inspirados pelo math rock, avant-prog e jazz fusion, Perfect mergulhou em territórios sonoros desconhecidos, desafiando as convenções do gênero.


Após um período de intensa dedicação e trabalho criativo, a banda finalmente compartilhou o seu álbum de estreia em agosto de 2022. Este lançamento representou não apenas um ponto culminante de seus esforços, mas também um novo capítulo na evolução do seu som, marcado pela entrada de Ian Palmerton nos vocais, Michael Weber no teclado e Eric Perez no saxofone. Essas adições à formação enriqueceram significativamente o espectro sonoro do grupo, conferindo à sua música uma profundidade e uma amplitude ainda maiores, tornando o seu som mais envolvente e vibrante.



A banda tem uma enorme capacidade em fundir talento e criatividade, conseguindo dessa forma surpreender seu público – infelizmente, ainda pequeno. Esta abordagem à música tem permitido a Perfect não apenas deixar sua marca no cenário musical contemporâneo, mas também inspirar outros artistas e público a questionar e também expandir suas próprias concepções sobre o que a música pode ser. Bandas assim também podem ser encaradas como uma espécie de lembrete poderoso de que a música, em sua essência, é um campo ilimitado de possibilidades criativas, onde um dos cernes está a coragem de explorar o desconhecido e a paixão por compartilhar essa exploração com o mundo, ainda que isso possa ser um tiro no pé em questão comercial.


Após ouvir apenas alguns minutos de Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar, fica claro que a banda não está nenhum pouco interessada em simplificar o seu som para tentar capturar mais ouvintes do que conseguiram em seu álbum de estreia, muito longe disso, decidindo ser excêntrica até mesmo na escolha de título do disco. Soando de forma mais original e distintivo que sua estreia, o grupo abraça com mais força ainda a sua identidade musical, levando o ouvinte em uma jornada sonora repleta de reviravoltas e surpresas emocionantes.


Com suas 6 faixas distribuídas ao longo de 44 minutos, o álbum apresenta-se como uma experiência musical intensa e complexa, caracterizada por uma abordagem avant-garde que desafia as convenções da música tradicional. A banda convida o ouvinte para uma jornada sonora que pode ser descrita como uma "avalanche musical", onde a intensidade e a imprevisibilidade são os principais elementos.



A natureza desafiadora e até um pouco assustadora do álbum sugere que ele não é facilmente acessível para uma escuta casual ou como uma trilha sonora de fundo para atividades diárias. Em vez disso, demanda uma atenção plena e uma disposição para se imergir em uma experiência auditiva que transcende as expectativas normais de estrutura e harmonia musical. A proposta é claramente voltada para aqueles momentos em que o ouvinte deseja explorar as fronteiras do que é comumente aceito como música, desafiando-se a encontrar beleza e significado em composições que deliberadamente evitam a simplicidade.


Tudo é marcado por uma complexidade rítmica e harmônica, com uso frequente de dissonâncias, acidentes, mudanças abruptas de tempo e dinâmica, além de momentos que beiram o cacofônico. Estes elementos contribuem para uma sensação de intensidade e saturação sonora que pode ser percebida como cansativa, não por ser monótona, mas pela demanda constante de atenção e pela dificuldade em antecipar o que vem a seguir.


Longe de ser um detrimento, essa característica é o que confere ao álbum seu valor único para um nicho específico de ouvintes. Aqueles dispostos a enfrentar esse desafio podem descobrir novas camadas de apreciação musical, reconhecendo a habilidade e a intenção por trás de composições que intencionalmente subvertem as normas e exploram o potencial expressivo do som. Para esses ouvintes, o álbum não é apenas um conjunto de faixas, mas um convite a reflexões mais profundas sobre a natureza da música e sua capacidade de evocar emoções, imagens e ideias.



Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar não é apenas uma continuação de sua jornada musical, mas sim um salto audacioso em direção ao desconhecido, demonstrando não apenas a habilidade técnica da banda, mas também sua imaginação ilimitada e sua coragem de romper fronteiras.

 

Monkey Jockey and the Safari Tick Sugar

Perfect


Ano: 2024

Gênero: Rock Progressivo, Rock Experimental, Avan-Prog, Jazz Rock

Ouça: Todo o álbum

Humor: Alucinante, Insano

Pra quem curte: Yezda Urfa, Mirthrandir, Happy The Man


 

NOTA DO CRÍTICO: 8,5

 

Ouça, "Christ Excavations"



34 visualizações0 comentário
bottom of page