top of page

People Watching: Sam Fender entrega um disco poderoso, inspirado no Heartland Rock de Bruce Springsteen

Foto do escritor: alexandre.tiago209alexandre.tiago209


Mais do que um simples disco, "People Watching" é um convite para refletirmos sobre o mundo ao nosso redor e nossas conexões

Sam Fender
Foto: Divulgação

Como você descobre novos artistas e músicas? No passado, este redator recorria à MTV, lojas de discos e estações de rádio. Hoje, com o Spotify, sites especializados, amigos e redes sociais, a experiência se tornou ainda mais acessível. Mas, em 2025, um lançamento se destaca e atrai a atenção de muitos: “People Watching”, o novo álbum de Sam Fender.

 

O cantor e compositor britânico, conhecido por suas letras profundas e melodias envolventes, entrega um disco que reflete as inquietações dos tempos atuais. Inspirado no Heartland Rock de Bruce Springsteen e na sonoridade de bandas como U2, Dire Straits, Rolling Stones, Midnight Oil e The Killers, Fender constrói um trabalho maduro, audacioso e emocionalmente impactante. Mesmo sendo um artista relativamente novo, ele já demonstra um nível de talento e sensibilidade que o coloca entre os grandes nomes da música contemporânea.

 

Famoso por abordar questões sociais em suas composições, Sam já havia impressionado em “Hypersonic Missiles” (2019), “Seventeen Going Under” (2021) e no EP de estreia “Dead Boys” em 2018. No entanto, é com People Watching que ele atinge um novo patamar. O disco combina elementos clássicos do Heartland Rock com uma abordagem moderna, criando uma experiência emocionante e visceral. São 11 faixas que somam quase 49 minutos de duração, conduzindo o ouvinte por uma jornada de reflexão, nostalgia e energia pulsante.

 

Produzido pelo próprio Sam Fender, ao lado de Adam Granduciel (The War On Drugs), Dean Thompson, Joe Atkinson e Markus Dravs, o álbum se destaca não apenas pela sonoridade envolvente, mas também pela identidade visual impactante. A capa é uma fotografia da renomada fotógrafa britânica Tish Murtha, conhecida por registrar a vida da classe trabalhadora em Newcastle, na Inglaterra.

 


Em 1984, Bruce Springsteen lançou Born in the U.S.A., e em 1987, a banda Midnight Oil apresentou Beds Are Burning. Ambas são canções politizadas que serviram como manifestos musicais: enquanto Born in the U.S.A. denunciava o abandono dos veteranos de guerra americanos, Beds Are Burning defendia os direitos dos aborígenes australianos e alertava para injustiças ambientais. Além de se tornarem grandes sucessos, essas músicas expuseram as fragilidades humanas diante das crises do mundo, reforçando a necessidade de reflexão e transformação. Como disse Bob Marley na música "War": “Até que os direitos humanos básicos sejam igualmente garantidos a todos, sem discriminação de raça, isso é guerra.”

 

Inspirado nessa abordagem crítica e social, Sam Fender compôs “People Watching”, a faixa-título do álbum, refletindo sobre a passagem do tempo, a solidão e a observação da vida cotidiana em um mundo cada vez mais tecnológico e isolado. Ele canaliza as ideologias de Born in the U.S.A. e Beds Are Burning para provocar o ouvinte, convidando-o a enxergar as dores do presente com sensibilidade e esperança. 


A sonoridade da faixa é enérgica, elétrica e grandiosa, com uma influência clara dos Rolling Stones. Além de abrir o álbum com força, People Watching se consagra como um dos momentos mais marcantes da carreira de Sam Fender, funcionando como um cartão de visitas impecável para quem deseja explorar sua obra de maneira atemporal e avassaladora.

 

Outro grande destaque é "Nostalgia’s Lie'', uma mistura perfeita entre U2, Bruce Springsteen, Tom Petty e The Killers. Com uma pegada acústica e uma interpretação vocal carregada de emoção, a faixa reflete sobre a relação entre passado e presente, explorando o impacto emocional dos lugares e pessoas que moldaram nossas vidas.

 

O legado de Springsteen também se faz presente em “Wild Long Lie”, que traz teclados vibrantes e uma linha de baixo poderosa, e em “Little Bit Closer”, que destaca a intensidade vocal de Fender. Já “Crumbling Empire” se destaca pela abordagem direta sobre a decadência do "sonho americano", trazendo uma reflexão contundente sobre desigualdade e desesperança.

 

Quando o Dire Straits estava em seu auge, com Mark Knopfler à frente na guitarra e nos vocais, a banda ajudou a consolidar o Roots Rock com álbuns e músicas icônicas. Esse legado segue vivo na carreira solo de Knopfler e ressurge com força no trabalho de Sam Fender.

 

Na faixa "Arm’s Length", Fender presta uma homenagem impecável a essa sonoridade, mesclando-a com a estética musical de Bruce Springsteen em uma abordagem moderna. A canção reflete sobre a complexidade das relações humanas, explorando o dilema entre a necessidade de proximidade e a tendência de manter os outros à distância, seja física ou emocionalmente.


Com um instrumental contagiante, a faixa se destaca pelo uso marcante de backing vocals, guitarras distorcidas e uma interpretação intensa de Fender. A junção desses elementos não apenas reforça a maturidade do artista, mas também faz da faixa um dos grandes momentos do álbum.

 

Apesar da forte influência do Heartland Rock, "People Watching" também se permite explorar novas texturas musicais. Em "TV Dinner", Fender mergulha no folk indie inspirado em Kurt Vile, enquanto "Something Heavy" traz um flerte com o rock alternativo no estilo de Soul Asylum.

 

O encerramento do álbum, "Remember My Name", é uma das faixas mais emocionantes do disco. Em um tom nostálgico e poético, Sam revisita memórias de sua infância e homenageia seus avós, criando um desfecho perfeito para essa jornada musical repleta de sentimentos e profundidade.



Com "People Watching", Sam Fender reafirma sua posição como um dos artistas mais promissores de sua geração. Sua habilidade em misturar o legado de Bruce Springsteen, Tom Petty e outros ícones do Heartland Rock com uma roupagem contemporânea resulta em um álbum autêntico, político e emocionalmente envolvente.

 


Mais do que um simples disco, "People Watching" é um convite para refletirmos sobre o mundo ao nosso redor, nossas conexões e a importância de vivermos o presente com mais intensidade. Um trabalho memorável que já marca 2025 como um ano sonoro, espiritual, sentimental e profundamente relevante para a música.

 

 

People Watching

Sam Fender


Ano: 2025

Gênero: Rock, Heartland Rock

Para quem gosta de: Bruce Springsteen, Mark Knopfler e Tom Petty

Ouça: "People Watching", "Arm's Length" e "Remember My Name"

 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Veja o clipe de "People Watching"


Comments


bottom of page