Os 40 Melhores Discos Internacionais de 2022
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Os 40 Melhores Discos Internacionais de 2022

Listamos os 40 melhores discos Internacionais de 2022. Aprecie e ouça sem moderação

Imagem Montangem


Se os anos anteriores foram sobre superação, então o ano de 2022 foi quando a música floresceu novamente. Eventos e festivais voltaram ao mundo e a música foi experimentada pessoalmente por todos nós. Já chegou a hora de separar os melhores álbuns internacionais de 2022, assim como listamos os 27 melhores discos nacionais em outra postagem que você encontra aqui, no nosso site. Dessa vez, selecionamos 40 discos que foram os mais ouvidos nas plataformas de streaming, playlists e fones de ouvido da casa.

Há muitos discos que ficaram de fora desta lista e isso pode soar injusto para alguns e satisfatório para outros. Rosalía lançou o álbum "Motomami" para aclamação geral.


Honrosamente, devemos mencionar a artista, por mais que ela não tenha ficado entre os 40 mais preferidos da casa. Tô dizendo, listas são injustas. Outros artistas que merecem ser mencionados são: Andrew Bird, Bonobo, Midlake, Pantha du Prince, Melody's Echo Chamber e outros. Alguém precisa ser sacrificado. Contudo, são álbuns que também valem a pena serem ouvidos antes do ano terminar. Então dê play e se divirta bastante.


A música é relevante e importante em nossas vidas. A cultura, a arte e a música tornam a existência mais agradável, nos fazendo ter esperança em dias melhores e buscar a essência e a paz. Vários desses álbuns tornaram este ano mais leve e renovaram nossa motivação para continuar acreditando em nossos ideais. Foi (e ainda é) um ano de dificuldades, brigas e aprendizados, um ano de boas companhias, risadas e de ótimos filmes, também — conversa para outra lista planejada. A música nunca deixou de existir, mesmo com todas as dificuldades e problemas pelo caminho, sempre esteve presente conosco em todos os momentos de 2022.


Gosto muito da frase que o Jeff Tweedy disse em seu livro de memórias 'Vamos Nessa (Para Podermos Voltar)… ': "A música. Se você a mantiver perto, ninguém pode tirá-la de você. Ela existe. A parte bonita sempre existiu e sempre continuará existindo."


Então, trata-se disto! E nos divertimos, relembramos e recordamos discos lançados e tudo se torna uma brincadeira no final. Espero que curtam a lista e aproveitem para ouvir e relembrar esses discos. Que todos tenham um ótimo ano novo.

(Marcello Almeida).

 

(Textos por: Marcello Almeida, Marlons Silva, Alexandre Tiago e Eduardo Salvalaio).



40- Jethro Tull - The Zealot Gene


Cheio de referências medievais e bíblicas, 'The Zealot Gene' da banda Jethro Tull apresenta a genialidade de seu vocalista com uma sonoridade repleta de violão e flauta.


É um disco feito com cuidado por mostrar a importância de um artista que inova em apresentar um som que consegue ser experimental, único e transformador sem precisar de ser conceitual.


O disco é um sucessor à altura de "The Christmas Album" de 2003 que vem sendo produzido e composto desde 2017 para ser um dos melhores registros auditivos na imensa discografia do grupo britânico que mistura o Progressivo e o Folk em um Rock absurdamente envolvente.


39- Immanuel Wilkins- The 7th Hand


O disco desafia o ouvinte a se jogar plenamente em sua proposta, são canções feitas para proporcionar uma viagem através da alma, o convite perfeito para navegar por pensamentos.


São sete faixas e você não quer que isso acabe. Esse é o sentimento que permeia a obra durante sua audição. Você simplesmente deseja se entregar um pouco mais ao extravagante instrumental de "Shadow" um som jazzístico que deságua nas vertentes do Blues com muito swing. “Lift”, faixa que encerra o disco é uma verdadeira sintonia experimental, sons que atinge o ápice da criatividade de Wilkins, uma música de aproximadamente 26 minutos que mistura o Jazz contemporâneo com o Modal e o Fusion com muita energia e distorções, a faixa mais experimental do álbum e quando ela termina você simplesmente está em êxtase. Som soberbo e triunfal.


38- Father John Misty- Choë and The Next 20th Century


Josh Tillman construiu sua carreira com seu alter ego sarcástico e introvertido. Mas, em seu último álbum, o ex- integrante do Fleet Foxes deixou de lado essa máscara e, ao invés disso, assumiu o papel de artista.


O folkista cria uma reinvenção deslumbrante com 'Choë and The Next 20th Century'. A maioria das músicas é apresentada com um sorriso, mas é um trabalho sombrio quanto o seu álbum anterior. Cada composição é enérgica, mas, ao mesmo tempo, silenciosamente triste, evocando vários tipos de sofrimento.


37- Kevin Morby- This Is A Photograph


'This Is A Photograph', chegou após o sucinto 'Sundowner', é a melhor entrada até agora do compositor que não sabe fazer diferente senão se mostrar naquilo que sabe fazer de melhor. O novo trabalho apresenta uma atmosfera mais lo-fi.


O sétimo disco do cantor de Kansas City fala sobre a fragilidade da vida e a importância do amor, da alegria e da família. "Rock Bottom" é fascinante e remete boas vibrações. Uma bela canção para esse fim de ano.


O ponto alto do músico e compositor americano soa como uma carta aberta sobre o amor e as conexões da vida após um período doloroso de pandemia. Versos íntimos e pessoais, um doce e bonito recado para as pessoas próximas do artista. Aproveite o momento.


36- Tears For Fears - The Tipping Point



O bom 'Everybody Loves a Happy Ending' de 2004 foi, até então, o último trabalho de estúdio do Tears For Fears, um fantástico duo britânico que desde 1981 formado pelos músicos Roland Orzabal e Curt Smith trazem uma sonoridade com elementos de Rock, New Wave e Synth Pop, e excelentes discos que agitaram culturalmente os anos 80 e 90. Agora 18 anos depois, eles lançam 'The Tipping Point' seu novo e elegante disco que faz jus à sua ótima discografia.


O novo disco é nostálgico, com todo aquele brilho referencial que nos remetem ao Pet Shop Boys, Depeche Mode, The Human League, New Order, Annie Lennox e A-ha.


Os britânicos estão melhorando a cada dia, o que é convidativo e promissor. Isso pode atrair novos seguidores dessa geração e, ao mesmo tempo, deixar os fãs de longa data mais animados com um novo álbum da banda. O sentimento que surge ao ouvir 'The Tipping Point' é de aconchego, carinho e alegria ao se reconectar com a música Eletrônica e o Pop harmonioso e maravilhoso.


35- Scorpions- Rock Believer


A banda alemã Scorpions, que lançou seu primeiro disco em 1972, é conhecida pelo seu Rock envolvente, que influenciou positivamente o Hard Rock e o Heavy Metal, com solos de guitarras elétricas, músicas espetaculares e a voz forte de seu vocalista Klaus Meine.


Isso se intensificou nos anos 80 e 90 com lançamentos de sucesso como "Rock You Like a Hurricane", "Still Loving You", "Big City Nights", "Wind of Change", "No Pain No Gain", dentre outras. Após sete anos do lançamento de seu último disco de estúdio, 'Return To Forever' de 2015, a banda aponta em 2022 com seu próximo trabalho desafiador e explosivo, 'Rock Believer'.


O disco foi gravado durante a pandemia da covid-19 e sofreu alguns adiamentos e atrasos devido aos efeitos da pandemia. 'Rock Believer' teve o produtor Greg Fedelman que ajudou a criar a atmosfera do disco. Vale salientar o recém-chegado, após a saída do baterista James Kottak. Mikkey Dee (ex-Motörhead) assumiu o lugar e está fazendo um bom trabalho, acrescentando uma nova energia na sonoridade do grupo alemão.



34- J-Hope – Jack In The Box


J-hope foi o primeiro membro da banda K-Pop BTS a ter um lançamento solo depois que o grupo se concentrou em projetos individuais, e não perdeu tempo em sair da caixa em que sua arte estava presa. A introspecção sombria – questionando sua identidade, valores e o mundo em geral – resulta em brilhantes e viciantes canções.


O rapper abandona a sua personalidade alegre e entra de cabeça nas sombras da sua escuridão.


'Jack In The Box' apresenta o J-Hope que o mundo conheceu e amou nos últimos nove anos e incendeia essa imagem. Das cinzas, no entanto, surge uma estrela mais emocionante e poderosa do que nunca. Experimente ouvir as faixas "Arson" e "More" e sinta a evolução do músico e compositor.


33- Harry Styles- Harry's House


Aos 28 anos, Styles apresenta um pop de qualidade e genuíno, demonstrando que merece estar ao lado de outros astros masculinos da música pop, como Prince, Michael Jackson, George Michael, Elton John e Robbie Williams, que se destacaram pela qualidade de suas músicas, sem recorrer aos velhos clichês da indústria musical.


Lançado em 20 de maio de 2022, ele foi gravado durante a pandemia da covid-19 nos anos de 2020 e 2021. São 13 faixas bem interessantes e bem-sucedidas. O nome do disco é inspirado na música “Harry's House / Centerpiece" que faz parte do ótimo disco 'The Hissing of Summer Lawns' da cantora Joni Mitchell. Sua sonoridade é uma mistura de Pop com Soul, R&B, Rock, Funk e Synth Pop perfeitamente e elegante.


O terceiro álbum de Styles segue uma linha melodiosa rumo à prosperidade, oferecendo uma proposta estética e carisma muito superiores à fase One Direction.


32- Yeah Yeah Yeahs- Cool It Down


Quase dez anos se passaram desde que os ícones indie lançaram 'Mosquito' de 2013, mas o novo álbum dos YYYs foi finalmente divulgado em setembro. Com poucas músicas, o que se ouviu foi uma corrida enérgica e intensa de tudo matador, sem preenchimento que era estridente, mas maduro, e expansivo, apesar de breve.


Com o novo trabalho o YYYs se mostra focado na atualidade e alçando voos para o futuro. A faixa "Wolf" é o simbolismo dessas características dessa nova fase da banda ardente do rock de Nova York. Um álbum gostoso de ouvir, com canções para todos os momentos da vida.


31- Caroline- Caroline



A paciência admirável choca-se com a urgência gritante em uma obra de pós- punk amplamente instrumental. Acho que essa é a frase que melhor define esse disco do quarteto londrino.


Um disco que apresenta belos acordes de guitarras e belos sopros de metais que marcam profundamente o trabalho de estreia autointitulado. Para ser honesto, foi uma grande surpresa descobrir esse som poucos dias antes de montar essa lista.


Caroline é como se fosse um olhar atencioso no centro do nosso furacão, das nossas inquietações, um conjunto estoicamente paciente e introspectivo que leva o tempo que for necessário para expressar a mensagem que o resto de nós precisa ouvir.


"Dark Blue" que abre o disco já prova isso tudo. Um nome promissor no cenário alternativo. Guarde ele bem.


30- Jockstrap- I Love You Jennifer B



A dupla londrina chega com uma nova perspectiva que cria diversos cenários fascinantes na sua estreia criativa.


A vontade do coprodutor Taylor Skye de reinventar as camadas da música pop em 'I Love You Jennifer B' foi perfeitamente equilibrada com o talento notável da vocalista e violinista Georgia Ellery. O disco é um conjunto de belezas emanadas pela música clássica.


Eles apresentam uma paisagem sonora inexplorada, como a música pop dos anos 60 e a particularidade de Kate Bush, mas embaralhados por uma temperatura moderna que atinge novos ventos no calor da música pop.


29- Steve Lacy- Gemini Rights



Steve Lacy fez um álbum funky que ajudou a aliviar o clima introspectivo e árido em 2022. A faixa 'Static' vai agradar os ouvidos mais exigentes fãs de R&B, enquanto 'Bad Habit' se tornou o primeiro hit número um de Lacy.


A atmosfera apaixonada de 'Sunshine' logo provoca uma onda de dopamina antes do pop sinuoso de 'Give You The World'. Pare de enrolar e vamos dançar com o som sensual de Steve.


O Funk fusion feeling que ajudou a dissipar a tristeza deste ano.


28- Mitski- Laurel Hell


Após o álbum de 2018, Mitski desapareceu e entrou em um hiato indefinido, mas felizmente não ficou fora por muito tempo porque seu sexto álbum 'Laurel Hell' é estonteante e maravilhoso. Canções adocicadas para esse fim de ano.


A cantora chega em 2022 com um álbum repleto de camadas teatrais e misteriosas. 'Laurel Hell' é daqueles discos que instigam o ouvinte, principalmente pela voz agridoce da contora que se tornou uma imagem cult do indie.


Destaque para a canção "The Only Heartbreaker".


27- Black Country, New Road - Ants From Up There


Se você, assim como a gente, vem acompanhando essa cena maravilhosa do rock britânico, com certeza já ouviu por aí o nome dos ingleses do Black Country, New Road, o multifacetado conjunto de Pós-Punk que mistura gêneros distintos em sua sonoridade como Jazz, Math Rock e Klezmer formando canções atmosféricas que alternam entre momentos calmos e picos eletrizantes de intensidade, detalhes esses, que levaram a comparações com bandas como The Fall, Slint e Nirvana.


Ants From Up There é aquele disco deliciosamente saboroso de ouvir, recheado por canções bem mais concisas e equilibradas que despertam um sentimento de felicidade instantânea, e você simplesmente fica em estado de puro êxtase, uma espécie de transe hipnótico, tentando desvendar a verdadeira essência de ouvir música. Sentir isso é algo único e inexplicável.


Não estranhe se você se lembrar de 'Funeral' do Arcade Fire, a atmosfera é a mesma. ‘Ants From Up There’, é um registro incrível de uma banda, no meio do seu voo, entregando abstrações arrebatadoras sobre as aflições da geração z.


26- Wet Leg-Wet Leg


A dupla da Ilha de Wight poderia ter sido apenas mais um grupo musical que fez a trilha sonora do verão de 2021 com o hit 'Chaise Longue'. Entretanto, elas seguiram e lançaram seu debut autointitulado que se tornou uma febre no ano de 2022. O Wet Leg conquistou fãs e ganhou os corações dos críticos especializados em música.


A dupla, com seu estilo peculiar, personalidade e elegância, segue os passos de bandas como Franz Ferdinand e Arctic Monkeys, oferecendo um álbum que não só atendeu às expectativas, como também trouxe de volta o bom humor à música de guitarra britânica, algo muito necessário.


Seu primeiro disco parece uma corrida alucinante por um parque indie de diversões.


25- Cate Le Bon- Pompeii


'Pompeii' de Cate Le Bon pode ser definido como uma obra catártica sobre o medo e a solidão — a tentativa da artista em lidar com suas ansiedades em relação ao estado do mundo sem deixar de lado vigoroso da sua melódia que abriu fendas no coração do pós-punk.


O que salta aos olhos, são as letras da artista, retiradas de contos antigos, ensaios sobre arquitetura, entradas de diários, o que de forma nítida contrasta o elo modernista com o lado íntimo e confessional — uma característica rara para um álbum de Cate Le Bon.


De igual forma que seu inconfundível jeito de introduzir o saxofone e os ritmos inesperados nas nove faixas do disco, muitas dúvidas e interrogações surgidas a partir do contexto da obra permanecem sem resposta. Algo que faz o ouvinte refletir sobre a vida.


24- Arcade Fire - WE



O sentimento de representatividade ganha asas para voar por canções intimas e verdadeiras que te fazem mergulhar em suas memórias mais profundas e refletir sobre tudo o que já enfrentamos e mesmo assim, continuamos seguindo, resistindo e lutando com aquele brilho de esperança em dias melhores.


‘WE’ sexto álbum de estúdio do Arcade Fire, pode muito bem ser o disco que até agora define melhor nossos tempos de intolerância, incertezas e superestimulação nas redes sociais. Um trabalho fruto de um mundo doente e pandêmico, que foi buscar suas inspirações e contexto na obra do escritor russo Evgeni Zamiatin, que ficou conhecido pelo icônico romance de mesmo nome do disco dos canadenses do Arcade. O livro de Zamiatin narra um futuro distópico, obra que influenciou os romances, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley e 1984, de George Orwell, obras que delinearam muito bem a vida e seus caminhos. Agora chegou a vez de ‘WE’ assumir esse legado.


São canções que se colocam a frente das inseguranças de um mundo virtual que cada vez mais ganha expressividade, isolamento, a guerra na Ucrânia. O produtor Nigel Godrich (Radiohead) transmite essa atmosfera densa e árida para ambientação do disco, porém, sem deixar de lado a magia natural do Arcade Fire, unindo o rock alternativo, o power pop e um álbum conceitual de ficção científica.


23- Yard Act - The Overload


O grupo Pós-Punk, da cidade de Leeds, Yard Act, mistura sagacidade, caos, melodias densas e minimalistas no debut 'The Overload'. A banda Formada em 2019 pelo vocalista James Smith e o baixista Ryan Needham, iniciou seu som com muita austeridade antes de adicionar o guitarrista Sam shijipstone e o baterista Jay Russel.


O universo do disco se constrói a partir de onze faixas pujantes, enfáticas, diretas e ligadas por uma sobrecarga de senso de humor extravagante. São batidas desconexas, loops e grooves que se misturam aos vocais mordazes de Smith e suas letras existencialistas, problemáticas, profundas e apoiadas por um teor político e poético.


'The Overload' funciona como aquele amargo lembrete dos absurdos e armadilhas da vida que nos definem e nos unem na condição humana. Payday com suas linhas de baixo exuberantes (mérito Ryan Needham) remonta os melhores momentos do Franz Ferdinand com ritmos dançantes, energizados e uma letra sagaz sobre a modernidade cultural dos nossos tempos, e Smith é certeiro.


22- Suede- Autofiction


'Autofiction', nono álbum do Suede, chega trazendo doces e nostálgicos lances de urgência, aquele ar harmônico ambientado por uma atmosfera lírica e pela saudade dos anos 90, quando Brett Anderson e cia sonoramente deram início a uma revolução pop britânica, tirando de vez a música Indie inglesa das vertentes do Shoegaze e fusões dance-pop. Inspirados e motivados pelo glam rock de David Bowie e pelo pop romântico e lírico dos Smiths, o Suede desenvolveu uma sonoridade autêntica e sombria com sons de guitarras arrebatadores que soavam densos, sensuais, melódicos e descaradamente ambiciosos.


O disco traz muito dessa ambientação, dessa nostalgia, um retorno “punk” ao básico, com boas doses de nuances de prazer. As canções transmitem sinceridade, honestidade e sentimentos que pulsam com versos fortes, refrões grandes, grudentos e os vocais de Brett que continuam tão poderosos quanto antes. Um retorno vigoroso e apaixonado de uma banda que transmite aquela sensação palpável de estar se divertindo fazendo aquilo que sabe de melhor.


Autofiction é um novo capítulo na história do Suede, um disco que constrói seu próprio impulso emocional.


21- Shearwater- The Great Awakening


Um grupo que é preocupado tanto com as causas animais e ambientais como com a música que fazem. Shearwater é aquela banda que sempre fez questão de flertar com um panorama sonoro onde os variados instrumentos criam texturas muitas vezes estranhas e estilhaçadas. Depois de um hiato de 6 anos, um belo retorno dos americanos.


As canções do Shearwater passeiam em diversos gêneros e transmitem ao ouvinte sentimentos como bucolismo, melancolia, reflexão e até mesmo furor. Engajados com as causas animais e ambientais, as letras das músicas e as capas dos álbuns refletem bem essa atitude inabalável do projeto musical.


Jonathan Meiburg é outro músico que aparece inesperadamente depois de um longo hiato. Mas que não perde sua experiência e paixão em criar música. Embora “The Great Awakening” seja até difícil de recomendar, sobretudo se o ouvinte for novato na sonoridade da banda, é um Shearwater querendo voltar a ativa nesta década tão densa, sombria e caótica. E parece se sentir bem e confiante com isso.



20- Project Gemini- The Children Of Scorpio


Depois de ver algum filme de Ficção Científica, seria indicado logo em seguida ouvir o projeto do músico inglês Paul Osborne. Fácil notar influências que surgem ao longo do disco, e elas não são poucas: Ennio Morricone, Air, Broadcast, DJ Shadow, Madlib. Esteja preparado também para entrar numa colisão de gêneros que passam pelo Acid Folk, Neo Psicodelia ou mesmo o Funk.


Para o projeto, o músico chamou alguns amigos também músicos. Entre eles dois israelitas, o baterista Shuzin e o tecladista Marley Funk. Alguns integrantes da banda Soundcarriersforam convidados. O objetivo era emular as preferências de Osborne ao máximo. E isso acontece nas 14 faixas de “The Children Of Scorpio”. Para um primeiro disco sem muitas pretensões, o resultado soa interessante, dentro da proposta do músico e de sua ligação com o universo da arte, mesmo que nunca estando na liderança de algum grupo.


Paul Osborne faz bem ao levar sua inquietação, paixão e pesquisa em fatos relacionados a música para além de sua intimidade, transformando essa verve musical em forma de um disco. O músico revela esse dom para nós, ouvintes, muitas vezes também afoitos por mais novidades no cenário musical. Será que o projeto renderá mais álbuns no futuro? Assim esperamos.


19- The Slow Show- Still Life


A banda britânica também melhora a cada disco trazendo canções que se preocupam tanto com letras como com arranjos. Além disso, é impressionante como o grupo se sai bem tanto em incursões jazzísticas, bem como pelo acústico requintado de um Folk.


A voz nasalada e inconfundível de Rob Goodwin, coros de vozes, uma banda afiada, os belos arranjos e as letras poéticas preenchem o repertório dos ingleses, cada vez mais buscando aprendizado e amadurecimento musical.


A vida por vezes tão muito difícil e cheia de percalços encontra seus momentos mágicos na arte. Discos que fazem a gente repensar que, mesmo encobertos por nuvens de melancolia, ainda temos chances de sorrir com a melodia que é vital para atravessar dias complicados. O The Slow Show pensa nisso desde o primeiro disco e não deixou esse pensamento de lado agora, ao criar Still Life.


18- Get Well Soon – Amen


O músico alemão Konstantin Gropper mais uma vez surpreende num disco com belas faixas que passam pelo Eletrônico, Rock e até Experimental.


Apesar de chegar praticamente aos 15 anos de atividade, Get Well Soon costuma apresentar um período longo entre o lançamento de um álbum e outro. Por exemplo, ‘Love’ foi ser lançado somente em 2016, 6 anos após ‘Vexations’. Apesar disso, o músico nunca fica parado. Gosta de também de se envolver com cinema e já fez trilhas sonoras para filmes do cineasta Win Wenders.


Get Well Soon continua com sua discografia segura após 4 anos. Ainda faz música que aguça nossa curiosidade, está sempre em constante aprendizado, procura criar um álbum onde cada faixa tenta soar diferente, mesmo depois de inúmeras audições precisas. Konstantin Grooper é um músico que não tem medo de fundir gêneros, que se sente bem usando tanto elementos acústicos como eletrônicos, com ideias sempre em constantes redemoinhos por sua cabeça. Não importa quanto tempo leve para ele lançar mais novidades. Nem vamos reclamar disso.


17- Traams- Personal Best


Dizer que os ingleses do TRAAMS inovam por completo o gênero Pós-Punk pode ser exagero. Entretanto, difícil ficar imune a uma banda que melhora sua sonoridade juntando o passado da música (Kraut-Rock, por exemplo) com o som feito na época atual.


‘Hallie’ tem uma estrutura sonora que destaca a criatividade do grupo em relação aos arranjos, aqui o destaque fica por conta de como os instrumentos são arranjados estrategicamente em camadas dentro da canção. ‘Comedown’ é o tipo de música perfeita para se fechar um álbum. Refrão grudento, arranjo bem distribuído oferecendo um instrumental abrangente.


TRAAMS é mais uma banda que supera os tempos sombrios passados pela pandemia e entrega um trabalho que prova a criatividade que possui. Os ingleses voltam depois do hiato sabendo incorporar novas formas para a música que executam, composições marcantes que conseguem unir o visceral e o cerebral tudo num mesmo lugar.



16- Sharon Van Etten - We' ve Been Going About This All Wrong


No seu novo trabalho, Sharon usa adequadamente os sons extraídos dos sintetizadores e guitarras, com letras líricas sobre amor e filhos, enquanto tenta acertar as coisas com suas aflições e ansiedades sobre o processo de maternidade, sexo e autoimagem.


À medida que o disco progride, as canções tomam nuances maravilhosas, Van Etten libera uma grande quantidade de dor e alegria, tudo misturado em camadas envolventes e contagiantes.


'We' ve Been Going About This All Wrong' por hora, parece ser uma resposta para todos os medos e questionamentos que em um determinado momento da vida temos que encarar, porém, a cantora sabe muito bem como trilhar esse caminho e focar sua música em uma sonoridade melódica e agridoce que conquista o ouvinte logo na primeira faixa "Darkness Fades". E que canção! Simplesmente maravilho isso aqui.


15- Warpaint- radiate Like This


Após uma pausa de seis anos, o quarteto de Los Angeles, Warpaint, lança o álbum 'Radiate Like This'. Não reinventa a roda, mas mantém a consistência criativa, com uma coleção de dez faixas que apresentam esforços espaciais e completos da banda ('Hard To Tell You') é uma prova do poder melódico da banda, ('Send Nudes') inspira com sua vibe delicada e convidativa para entrar no universo do quarteto. A espera de meia década valeu a pena.


'Radiate Like This' é extremamente dinâmico ao longo das suas diversas vibrações, mas que se mantêm unificadas. Pensamentos românticos e a estabilidade de uma das bandas mais sólidas do indie rock.


14- Destroyer- Labyrinthitis


Outro músico bem experiente, o canadense Dan Bejar retorna com mais um disco de faixas grudentas com belos instrumentais aliados à inconfundível voz do cantor.


Como acontece com todo músico inquieto e investigativo, a discografia do projeto foi aumentando, garantindo mais profundidade sonora ao se expandir em outros gêneros e experimentos musicais. De um começo centrado no universo Indie, Destroyer passou a atingir um status de Mainstream, atraindo atenção no cenário musical, sendo referência para vários artistas que estreiam hoje em dia.


O décimo terceiro álbum do projeto, Labyrinthitis, foi composto ainda em 2020, com a ajuda do parceiro John Collins, durante o isolamento. Porém, somente 1 ano depois é que a gravação do álbum começou a acontecer. Aqui, o trabalho passeia por grooves e experimentalismos, não se importa em abraçar o clima dançante da New Wave 80’s, não esquece da Modernidade apesar de ainda ter laços afetivos com a música do passado, funde Rock e Eletrônica em doses corretas, traz referências de personalidades do passado (Tintoretto) para a música mundial.


‘Tintoretto, It’s For You’ traz uma sonoridade caótica onde fica exposta toda a exploração criativa e experimental do músico. Guiada por uma sonoridade que transita entre o Pós-Punk raivoso e uma Eletrônica estilhaçada, a canção é um dos destaques do álbum. ‘Eat The Wine, Drink The Bread’ traz um baixo acentuado, guitarra dedilhada e é uma das faixas com mais poder de conquistar o ouvinte, com toda sua carga Pop-Rock contagiante (não é á toa que foi um dos singles do disco).


13- Beach House- Once Twice Melody


Chegando quase a duas décadas em atividade, o duo Beach House (de Baltimore) conseguiu se transformar num dos nomes mais importantes do cenário musical. E não é por menos. Victoria Legrand e Alex Scally buscam, por meio de gêneros como Dream-Pop, Shoegaze e Neo-Psicodelia, revestir sua música em variadas texturas, camadas e panoramas. Os dois primeiros álbuns da dupla confirmam bem essa teoria, 'Beach House' (2006) e, sobretudo, 'Devotion' (2008).


Num mesmo disco, o Beach House é capaz de criar uma canção de clima sombrio ("Modern Love Stories"), mas também sabe deixar aquele clássico instantâneo, melodia Pop digna dos tempos que hits radiofônicos apareciam à exaustão, canção segura de estar entre as melhores do ano ("Superstar").


Um disco longo, um projeto bem ambicioso da dupla que continua firme num universo musical que vai muito além do Dream-Pop comum e pasteurizado.


12- Björk- Fossora


A vida muitas vezes pode ser dura e perversa, em muitos momentos podemos nos encontrar em uma enorme montanha-russa — tudo que sobe deve descer, mas talvez você não precise cultuar a queda. Com ‘Utopia’ de 2017, Björk, mergulhou plenamente nas ondas abundantes do otimismo, ativismo, flautas e canto dos pássaros; suas camadas estavam todas envoltas de luzes.


Em seu décimo disco, ‘Fossora’ (lançado em 30 de setembro), a cantora embarcou em uma atmosfera árida e sombria: pandemia, isolamento e a morte de sua mãe, detalhes que construíram uma reação profunda, ancorando-se na família, na pátria e no corpo. O mundo atmosférico de ‘Fossora’ é mais denso, forte e pesado: as batidas ligeiras do duo indonésio Gabber Modus Operandi são fundidas com o Techno tectônico de Björk, que ganham novas nuances com os enfeitados clarinetes baixos, cortesia do sexteto islandês Murmuri.


Um álbum de refúgio e de força revigorante. Daqueles discos que precisam ser ouvidos e reouvidos com total atenção, são inúmeros detalhes e sons distribuídos em 13 faixas revigorantes. Se você já ouviu canções como “Pluto” e “Mutual Core”, não ficará espantado e chocado com as nuances de ‘Fossora’.


11- Beyoncé- Renaissance


A capa desse novo trabalho chama a atenção por conter a famosa, montada em um cavalo, mostrando ser inevitável a comparação com a bela pintura “Lady Godiva”, do pintor britânico John Colier, que foi feita no século XIX. Apesar de ela não confirmar, a lembrança é vista como uma inspiração bem elaborada.


"Renaissance" foi gravado e produzido durante a pandemia da COVID-19, entre 2020 e 2021. Beyoncé lançou um disco com 16 faixas que conectam os ouvintes com a música através de emoções e ritmos, promovendo um renascimento nas vidas das pessoas e também na carreira profissional da cantora ao passar por suas origens musicais.


“Renaissance” é um disco que precisa ser degustado aos poucos e ver nele uma cantora que não se cansa de reinventar. Claro que há faixas que empolgam mais e outras menos, mas ainda assim, é um trabalho muito bom e bem feito que apresenta o talentoso e a versatilidade de Beyoncé em misturar gêneros musicais com letras emocionais, participações excelentes, sonoridade que é empolgante e mostra as suas influências e referências de forma excepcional em mostrar o porquê ela é um dos grandes nomes da música.


10- Kendrick Lamar- Mr. Morale & The Big Steppers


'Mr. Morale & The Big Steppers' abre um novo conceito na obra de Lamar e amplia seu repertório após o elogiado 'DAMN' 2017, que o consagrou com o prêmio Pulitzer em 2018. O novo disco deixa nuances de familiaridade com rappers como Tupac Shakur, The Notorious Big e Jay Z e outros. Segundo o rapper Eminem, o novo disco de Kendrick o deixou de boca aberta e sem palavras.


O disco ainda traz parcerias inusitadas como Taylour Paige, Sampha, Kodak Black e Beth Gibbons. Acrescentando a atmosfera do álbum personalidades distintas, explorando perfeitamente cada tema em evidência.


O disco pode ser definido como um depoimento de um artista que esbanja genialidade, criatividade e sentimentalismo em relação ao mundo. Sem medo de demonstrar seus sentimentos, fragilidades e emoções com uma autenticidade e personalidade admirável e respeitável.


9- Taylor Swift- Midnights


Olhar para carreira pop brilhante de Taylor Swift, que foi do country ao pop mainstream, logo surge na mente artistas que seguiram caminhos semelhantes como Dolly Parton e Wilie Nelson, que se tornaram grandes ícones da cultura pop com seus trabalhos dos anos 70- Taylor abandonou sua fase country assim como um cameleão troca de pele, uma mudança necessária para revelar que ela podia ir além, uma compositora populista e perspicaz, com muito a dizer.


Se em trabalhos anteriores ainda residia aquele sentimento competitivo, em seu décimo disco, Taylor parece ter se libertado da pressão competitiva. Agora, sim, ela entende que não precisa mais disso. Porém, alguns fãs podem ficar intrigados com os caminhos que ela pode assumir adiante. Entretanto, a cantora de 32 anos, parece saber muito bem onde ela quer chegar e centrar sua obra. Como se ela estivesse mais interessada em focar na atmosfera do que seguir velhas tendências. Com isso, ‘Midnights’ acaba se tornando uma busca reflexiva e menos focado em reinvenção.


Se você gosta de canções bucólicas, melódicas e pop doce, o novo disco de Swift é um delicioso banquete para colocar bons fones de ouvido durante uma noite de insônia e apertar o play.


8- Fontaines D.C.- Skinty Fia


O Fontaines D.C. praticamente experimentou de tudo um pouco em sua breve existência. A banda que apontou em 2019, com o aclamado e explosivo ‘Dogrel’, abriu portas para o renascimento do Post-Punk moderno, trazendo caos, guitarras barulhentas e os vocais icônicos de Grian Chatten; definitivamente o grupo cresceu no conceito de público e crítica. Não passou muito tempo, e bateu na porta o incrível ‘A Hero’s Death’ de 2020, os irlandeses começaram a colher os frutos plantados. O disco chegou ao número dois no Reino Unido e levou a banda a uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Rock.


Se a nossa vida mudou de 2019 para cá! Com o Fontaines não foi diferente. Skinty Fia é o álbum mais minucioso e aventureiro da banda até agora. Eles definitivamente embarcaram em uma viagem sonora pelos anos 80 e 90, expandindo seus conceitos Pós-Punk. Se você procura por uma música como “Boys In The Better Land”? É melhor tirar seu cavalo da chuva. O Fontaines como banda difundiu seu universo musical e abraçou sonoridades como Indie-Pop, Rave-Rock e Britpop.


7- Danger Mouse & Black Thought- Cheat Codes


As grandes figuras modernas aclamadas por gerações estão no auge de seus processos criativos em uma colaboração há muito esperada que sempre aguça a curiosidade do ouvinte.


Danger Mouse e Roots MC Black Thought, que fizeram sucesso nos anos 2000, têm uma parceria antiga, mas só agora se tornou concreta.


O álbum solo de Danger Mouse, focado no hip-hop, desde sua colaboração com MF Doom em 2005, 'The Mouse And The Mask', sempre seria um grande evento. Juntando-se ao líder do The Roots, MC Black Thought (uma das forças mais consistentemente perspicazes do rap), a dupla apresentou uma coleção de joias do hip-hop elegante e direta que também contou com contribuições de Run The Jewels, A$AP Rocky e o falecido DOOM.


O resultado é satisfatório e inteligente, mantendo a qualidade. Contém compassos sólidos, batidas ricas e pesadas.


6- Wilco- Cruel Country


Poucas bandas de rock criaram um processo criativo estimulante com paixão e fervor quanto Wilco, de Chicago, banda liderada pelo carismático cantor e compositor: Jeff Tweedy. O grupo nasceu das cinzas do antigo projeto de Jeff, Uncle Tupelo, que ajudou a consagrar uma nova vertente americana, o Country Alternativo. Wilco, no início possuía muitas características do Tupelo, discos como ‘AM’ (1995) e ‘Being There’ (1996), beberam da fonte do Alt Country, gênero que foi ficando cada vez mais distante da banda com o passar dos anos, ‘Summerteeth’ de 1999, traçou um novo direcionamento para carreira do Wilco, que passou a se tornar uma banda de rock experimental, sempre cuidando para que seus discos entregassem algo de novo.


O ápice criativo veio com o exuberante ‘yankee Hotel Foxtrot’ de 2002, e o Wilco começou a se destacar na cena alternativa com uma capacidade mutante de transitar por arranjos simples e experimentais.


Quase trinta anos depois, Wilco regressa em suas raízes do começo, com um disco mais simples e direto, mas com toda aquela habilidade de transformar um indivíduo. ‘Cruel Country’, 12º álbum de estúdio da banda, revisita essas origens de maneira cativante e nostálgica, um disco duplo, gravado ao vivo, uma verdadeira sessão Alt Country e Folk-Rock, com o poder absoluto do som acústico. Fãs da fase inicial do Wilco, vão se apaixonar fácil, fácil por ‘Cruel Country’.


5- The Weeknd- Dawn FM


The Weeknd criou um sucesso em 2020 com 'After Hours', o disco que o fez parte da estratosfera pop que lota estádios. Seu seguinte álbum, 'Dawn FM', então, tinha grandes expectativas – e não decepcionou.


Ele se destacou, percorrendo um caminho de histórias de superação pessoal, crescendo e libertando o amor, decorado com sintetizadores com tons de ficção científica.

Dawn FM parece ser o primeiro passo de uma longa caminhada de Weeknd para encontrar a paz interior; talvez da próxima vez que o ouvirmos, esteja ele totalmente abraçando a luz do dia com canções cada vez mais cativantes e inspiradoras.

Um disco que chegou sem alardes e logo se tornou um dos mais adorados entre os críticos. O quinto álbum de Abel Tesfaye, apresentado sob o nome de Weeknd, é também o mais perturbadoramente brilhante, unindo citações de Rilke e a narração de Jim Carrey.


Weeknd mostra que é muito mais do que parece; confirma seu status como uma das maiores estrelas vivas, um autor com muita inspiração e originalidade.


4- Arctic Monkeys- The Car


A primeira impressão ouvindo ‘The Car’, novo álbum de estúdio do Arctic Monkeys (sétimo na ótima discografia da banda), é de que, o grupo de Sheffield, Inglaterra, trafega pelos caminhos da maturidade, deixando transbordar em canções, as vivências de todo esse percurso no decorrer de 16 anos de estrada, juntos como uma banda e como uma família. Porém, ‘The Car’ pode até dar continuidade no elegante e elogiado ‘Tranquility Base Hotel & Casino’ de 2018, portanto, Alex Turner e cia apresentam canções implacáveis, sedutoras e alinhadas em um trabalho sucinto e equilibrado, que forja magistralmente a química e a sintonia entre eles.


“There’d Better Be A Mirrorball”, que saiu como o primeiro single do álbum, chegou marcando presença, fornecendo uma prévia do novo disco, uma faixa com uma introdução de piano soberba e misteriosa, que logo se joga em uma melodia nostálgica carregada por um romance contemporâneo doloroso que caberia perfeitamente em um filme Noir.


'The Car' é um disco avassalador e ambicioso. Com certeza, essas canções irão te instigar a revistar esse álbum várias vezes. Mesmo assim, pode não ser o suficiente para compreender o tamanho de sua grandeza.


3- The Smile - A Light For Attracting Attention



O Radiohead é daquelas bandas que despertam atenções no mundo todo, muito pelo poder criativo que envolve o grupo, detalhe esse, que classificou o conjunto de Yorke como uma das melhores bandas dos últimos tempos. Dito isso, quando seus membros se envolvem em projetos paralelos isso aguça a imaginação e atiça a curiosidade sobre o que essas mentes brilhantes estão aprontando.


Acontece que Thom Yorke e Jonny Greenwood resolveram se aventurar e experimentar novos elementos e chamaram Tom Skinner do Sons Of Kemet para fazer parte do show melancólico, límpido, abstruso e certeiro para os tempos atuais. Desse encontro nasceu o The Smile, e após várias provocações, singles e uma série de shows aclamados, o disco de estreia da banda já se encontra presente entre nós. ‘A Light For Attracting Attention’ confirma tudo aquilo já experimentado nos singles que antecederam o lançamento.


Sempre capaz de explorar o nosso medo coletivo, Yorke tratou de temas distópicos em uma sucessão de arranjos criativos que variaram entre jazz, prog, Afrobeat e pós-punk enérgico.


2- Big Thief- Dragon New Warm Mountain I Believe In You


Nos quatro primeiros álbuns, Big Thief mergulhou no folk feliz e adocicado, no psych desbotado e no rock empoeirado. Seu quinto disco, um álbum duplo de 20 faixas tão maximalista e extenso quanto seu título, os viu expandir seus horizontes ainda mais. De folk hoedowns ('Spud Infinity') a solos de guitarra triturados ('Simulation Swarm') e além, 'Dragon…' estava longe de ser musicalmente ou tematicamente coerente, mas a força inquestionável de suas 20 faixas significava que não importava muito. Um trabalho no mínimo brilhante e emocionante de se ouvir. Com a incrível capacidade de te transportar para lugares imagináveis.


Talvez 'Dragon New...' seja o resultado esperado após dois grandes discos em sequência ‘U.F.O.F’. e ‘Two Hands', (ambos de 2019), e o cenário pandêmico atual que assolou e mudou radicalmente nossas vidas. Temos um álbum duplo e extenso, com um título que vem a calhar. São canções nostálgicas e melancólicas no estilo aquele Country Rock bucólico que adoramos em Harvest do já mencionado Neil Young. Entre uma balada, e um Indie mais guitarrístico e as lindas melodias Folks- temos vinte canções que não soam repetitivas e nem tornam o álbum cansativo.


A banda parece estar desbravando novos caminhos e mistérios, enquanto adentra em uma atmosfera aventureira natural e celestial.


1- Alvvays- Blue Rev


Um hiato (para os admiradores, bastante longo) de cinco anos, roubo de gravações, inundações e os efeitos devastadores dos nefastos tempos pandêmicos parecem ter fortalecido ainda mais o poder criativo da cultuada banda canadense. ‘Blue Rev’ é um compêndio rebuscado de melodias inspiradíssimas, barulho celestial, delicadeza arrasadora.


É noventista - sem nostalgia barata - em muitos momentos, mas perfeitamente cabível, emblemático e necessário para os anos estranhos que temos vivido. A voz doce e angelical de Molly Rankin conduz o ouvinte às suntuosas paragens sonoras que propõem um encontro imaginário reunindo The Beach Boys (acompanhados da guitarra absurda de Kevin Shields), Lush, Johnny Marr e uma ou outra visita surpresa de algum célebre expoente pop dos anos 80, recém-chegado de uma máquina do tempo perdida nos entornos gelados de Toronto. Portanto, Belinda Carlisle não é lembrada à toa em uma das melhores faixas do álbum e, sim, também do ano.


Não seria exagero classificar Molly como uma sublime porta-voz da geração atual, afinal ela se qualifica com brio para tal posto ao cantar temas que trafegam por anseios, dúvidas e frustrações da vida moderna, pelas páginas de uma obra literária notável ou ainda por aquelas sensações que podem ser reflexos de dias que, mesmo ensolarados, carregam os vestígios de uma ou outra advertência cinzenta.


Com ‘Blue Rev’, o Alvvays atinge certo ápice que condiciona a banda a figurar entre aquelas agraciadas com a magia sonora distinta capaz de propiciar beleza ímpar e maestria elevada rondando a perfeição. Canções como ‘Tile By Tile’, ‘Bored In Bristol’ e a já mencionada ‘Belinda Says’ atestam tudo isso, em um álbum que chega se impondo como um dos grandes registros desta década.





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