O álbum de Liam Gallagher e John Squire, com sua aura nostálgica, é perfeito para quem busca a essência dos anos 90
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O álbum de Liam Gallagher e John Squire, com sua aura nostálgica, é perfeito para quem busca a essência dos anos 90

Liam e John entregaram um disco produzido com muita confiança e de uma dinâmica fascinante.

Liam Gallagher e John Squire
Foto: Tom Oxley


Nostalgia talvez seja a palavra que melhor se encaixa para descrever essa icônica parceria entre Liam Gallagher (ex-Oasis) e John Squire (ex-Stone Roses). Duas lendas do Britpop que se uniram para lançar um super mega álbum. Pelo menos foi mais ou menos assim que Liam vendeu o disco nas redes sociais, destacando que seria o melhor trabalho desde 'Revolver' dos Beatles. Exagero à parte, o disco pode até não ter trazido aquela revolução no cenário indie, mas é inegável o feito desse encontro entre dois grandes músicos que fizeram história e marcaram os corações de muita gente aí no final dos anos 80 e a era de ouro para o Britpop, os idos anos 90.


O Oasis praticamente deu sequência ao que o Stone Roses começou com seu emblemático álbum homônimo, que trouxe clássicos imortalizados como "I Wanna Be Adored" e "Waterfall". É inegável a influência e o cortejo entre eles, assim como aquelas paixões que nascem e vão perpetuando pelo tempo. Finalmente, a colaboração aconteceu em um disco que leva apenas o nome dos dois e faz um passeio nostálgico pelo melhor do que eles fizeram no passado, porém, trazendo elementos do rock dos anos 70 com o glamour do britpop e uma dose de psicodelia. Instaurada pela guitarra de Squire, que consegue guiar os vocais de Liam por uma atmosfera envolvente, o álbum resgata o DNA tanto do Oasis quanto do Stone Roses. E não deixa de ser um convite memorável para mergulhar novamente naquela época.


As faixas foram compostas por Squire em sua casa e gravadas pela dupla em Los Angeles, com o já conhecido produtor Greg Kurstin, responsável pelos três álbuns solos de Liam. Após uma lesão no punho em 2020, Squire se viu ameaçado de não voltar a tocar guitarra; mas, para o bem de todos, ele parece ter voltado a todo vapor, com aquela vontade de recuperar a destreza e um ar de renovação. A sintonia entre os dois, o entrosamento de acordes e vocais, é algo bonito de se ver no decorrer do disco.


Essa conexão já é sentida logo na abertura com a simpática "Raise Your Hands", um rock à moda Oasis com destaque para as guitarras, a bateria e o agradável solo de piano ao final da música. Uma ótima recepção que vai agradar aos fãs de ambas as bandas. Na sequência, chega a bonita "Mars to Liverpool", quem conhece as influências da dupla sabe que os dois possuem uma ligação com o mais conhecido quarteto de Liverpool. Nessa música, isso fica ainda mais evidente, basta escutar o envolvente refrão. "One Day At A Time" começa com uma pegada meio Rolling Stones, com aquela mistura convidativa que emula o rock setentista. Destaque para o violão no início e nos intervalos da letra, que é praticamente uma prece.


Mas, no meio disso tudo, não falta aquela pitada psicodélica; é como se Squire guiasse Liam por um campo onírico de guitarras e melodias um tanto retrô, que, apesar da zona de conforto do disco, entrega um blues muito bem trabalhado em "I'm A Wheel", uma das gratas surpresas entre as dez faixas do álbum, que apresenta aproximadamente cerca de 40 minutos.



Porém, segure o fôlego e o coração, porque a já conhecida "Just Another Rainbow" chega no meio do disco, emanando aquela gostosa nostalgia que viaja entre o som do Oasis com elementos que remetem aos Beatles e até mesmo ao rock britânico dos anos 60 aos 90. Destaque para as guitarras muito presentes na música, sem soarem em demasia. Em "Love You Forever" temos um rock bem ao estilo dos anos 90, principalmente para quem era adolescente na época. Bem provável que você lembre dos arranjos de bateria do Blur, arque-rival do Oasis.


A genialidade de Squire na guitarra, passando do blues para o groove, entrega sua paixão por Jimi Hendrix e Jimmy Page; detalhes bem mais evidentes na balada "Make It Up As You Go Along", uma faixa que puxa mais para o folk. "You’re Not The Only One", com suas batidas especiais, une-se a um solo de guitarra envolvente que, ao mesmo tempo, traz aquele frescor suave e combina com a letra da faixa, que soa um tanto interessante.



"I’m So Bored" – essa introdução é muito Beatles, mesclando "Paperback Writer" com o riff de "Rain". "Mother Nature’s Song", a última faixa do disco, é uma melodiosa balada, muito leve, apesar das guitarras; a letra combina com o clima leve que a canção apresenta. O disco está bem coeso e traz a marca da dupla: é vibrante, melodioso e dançante, especialmente recomendado para quem curte o rock britânico dos anos 90.



No contexto geral, em relação ao aspecto sonoro, as músicas apresentam uma uniformidade intencional, parte do conceito. Squire, que no passado mantinha sua produção musical num nível quase avaro, semelhante à figura do Tio Patinhas guardando tesouros, agora transborda de criatividade. Ele combina harmonias encantadoras com solos marcantes. Claramente, este álbum não alcança o patamar de 'Definitely Maybe' ou 'The Stone Roses' – essas obras-primas, repletas de momentos cativantes, são insuperáveis. No entanto, como uma vitória em termos de estilo e espírito, 'Liam Gallagher John Squire' se mostra à altura de sua herança.


 

Liam Gallagher John Squire

Liam Gallagher John Squire


Ano: 2024

Gênero: Rock, Britpop Revival

Ouça: "Mars to Liverpool", "I’m A Wheel", "You’re Not The Only One"

Humor: Nostálgico

Pra quem curte: Beady Eyes, Oasis, Stone



 

NOTA DO CRÍTICO: 9,0

 

Abaixo o clipe de "Just Another Rainbow"



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