Os diretores começam promissores, mas caem em clichês e não evitam a narrativa comum desses filmes
Quem nunca quis saber do futuro? Nem que fosse o mínimo de detalhes? Ou talvez, fosse melhor nem saber, pois a previsão nos deixaria ainda mais temerosos? O tarô, usado para adivinhação, surgiu entre os Séculos XV e XVI e foi muito utilizado na Europa. Ele se consiste num baralho composto geralmente por 78 cartas representadas por naipes e por figuras (com suas devidas simbologias e significados).
O baralho divinatório esteve presente em algumas produções cinematográficas, em filmes de diversos gêneros. Agora ele surge para alimentar o terror entre os colegas de uma faculdade em ‘O Tarô da Morte’ (‘Tarot’, 2024), longa metragem dirigido por Spenser Cohen e Anna Halberg (‘Os Mercenários 4’, 2023).
O filme foi inspirado num romance 90’s do escritor Nicholas Adams intitulado ‘Horroscope’. Na trama do livro, um assassino impiedoso escolhe suas vítimas baseado nos signos delas. E é o próprio escritor que vai colaborar com a dupla de diretores para a construção do roteiro do filme distribuído pela Sony Pictures e que está no catálogo da Prime Video.
Haley (Harriet Slater) e seus amigos decidem alugar uma casa isolada para comemorar o aniversário de Elise (Larsen Thompson). Depois da farra, encontram no porão da residência um estranho baralho de tarô guardado numa caixa. Mesmo desconfiados e assustados, a curiosidade pesa mais e começam as leituras das cartas. Haley lê o futuro de cada integrante da turma sem saber dos perigos que todos enfrentarão.
Esse início é realmente assustador, apesar da presença dos velhos artifícios clichês do gênero. A porta que se abre sozinha, a luz apagando repentinamente, o porão abandonado, a figura estranha que vista do lado de fora da casa. A cena da leitura das cartas deixa no espectador aquela angústia de qual destino está reservado para cada personagem.
Claro que temos a sensação de estarmos diante de algo bem parecido do que assistimos lá na franquia de filmes ‘Premonição’ (a morte que nunca dá trégua e sempre arruma um jeito). Depois da descoberta do tarô, os participantes do aniversário de Elise serão assombrados e assassinados pelas figuras das cartas (como o Eremita, o Louco, o Mago, etc).
Sendo assim, os mortos vão surgindo dentro de uma linha narrativa clichê com o espectador já desconfiando de quem será o próximo da lista. Algumas mortes até chegam bem elaboradas nos permitindo fazer associações com a previsão do tarô para a vítima, outras, por sua vez, são forçadas e acontecem através da teoria de que muitos personagens de filmes desse tipo agem de forma estúpida agindo contra o próprio bom senso.
O grupo precisa ficar cada vez mais unido. O filme também aproveita para contar o passado misterioso do tarô, mesmo assim, o ritmo da trama não desenvolve tanto e, de qualquer forma, nem traz muita originalidade e mudanças no roteiro. O final, que também poderia ser mais impactante pela descoberta de alguns fatos e pelo embate de alguns personagens, é fraco (apesar de tentar nos confundir com uma cena que parecia não acontecer).
‘O Tarô da Morte’ traz Terror Teen com uma lista de mortes para acontecer, mas nem chega extrapolar no sangue extremo ou no gore (algumas mortes, inclusive, nem são mostradas explicitamente). Também não falta uma parte de Comédia e de Humor Negro, sobretudo através do personagem Paxton (Jacob Batalon, conhecido por trabalhar nos filmes do Homem-Aranha).
Os diretores conseguem imprimir um início até promissor, verdade seja dita, embora caiam numa chuva de clichês e não fujam da narrativa que é comum nestes filmes do tipo ‘mexemos com algo que não deveríamos e agora estamos praticamente sem saída’.
Não funciona por completo e desaba na efemeridade, mesmo que ao entrar num elevador a gente ainda lembre da figura do Louco rindo descaradamente e perseguindo um dos personagens (certamente, um dos pontos mais assustadores do filme).
O Tarô da Morte
‘Tarot’
Ano: 2024
Gênero: Terror
Direção: Spenser Cohen e Anna Halberg
Roteiro: Spenser Cohen e Anna Halberg
Elenco: Harriet Slater, Larsen Thompson, Jacob Batalon
País: Estados Unidos
Duração: 92 min
NOTA DO CRÍTICO: 5,0
Trailer:
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