'Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre' um Filme Poderoso que Fala Muito com Poucas Palavras
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'Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre' um Filme Poderoso que Fala Muito com Poucas Palavras

Atualizado: 29 de ago. de 2022



Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre” é um longa-metragem dirigido por Eliza Hittman. Vencedor do Urso de Prata de Berlim e bem recebido em outros festivais. O filme abraça uma temática e proposta bem polêmica que gira em torno do aborto.


Uma narrativa forte que pode despertar um impacto muito mais profundo em mulheres mais jovens, devido sua proposta, carga emocional e também por abordar assuntos como estrupo, abusos e relações familiares distantes. Além disso, é um filme muito sensível e bonito sobre o valor da verdadeira amizade.


A narrativa nos apresenta a Autumn (Sidney Flanigan) uma jovem de 17 anos que trabalha junto com sua prima em um supermercado de uma pequena cidade da Pensilvânia. A polêmica do filme se instala justamente quando Autumn descobre estar gravida e procura uma médica para realizar um procedimento de aborto. E logo de cara a jovem é marginalizada pela mesma que condena essa decisão apontando a jovem como uma possível "assassina".


Como na Pensilvânia as leis referentes ao aborto são mais rígidas Autumn com a ajuda de sua prima decidem viajar para Nova York para realizar o procedimento. A partir desse momento somos transportados para um dos aspectos mais bonitos do filme, o elo de amizade entre às duas. Essa é a jornada que 'Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre', proporciona ao telespectador.


Outro detalhe interessante da direção de Eliza Hittman é que ela não cria estereótipos em cima da personagem. Temos aqui uma história narrada sob um olhar atento e potente. Uma voz bem realista que consegue capturar com profundidade o peso de situações que muitas mulheres passam e enfrentam no seu dia a dia.

As atuações são muito boas e conseguem transmitir os sentimentos e emoções de cada cena com uma carga emocional que se aproxima da realidade. A fotografia também possui seu papel fundamental dentro da obra, ela consegue mensurar a densidade e reações da personagem principal trazendo o contexto do filme para bem perto da nossa realidade. Ponto positivo para direção de Hittman que sabe muito bem como conduzir a trama para não cair nas armadilhas do romantismo. A trilha sonora também é muito boa, traz uma versão densa de "Seventeen" da Sharon Van Etter que casou muito bem com a temática do filme.


O filme recebeu uma certa resistência entre alguns dos avaliadores do Oscar. Algo que já era de se esperar em uma trama como essa. Por se tratar de assuntos polêmicos e delicados, o filme acaba dividindo muito as opiniões ao tocar na ferida de uma sociedade conservadora, cheia de rótulos e preconceitos.


Você pode até achar o nome do longa meio estranho e esquisito. Mas no decorrer da trama você vai entender o porquê desse nome e como ele faz todo sentido ao representar uma das cenas de maior carga emocional do filme. Um dos momentos mais fortes e impactante, realizado com muito primor, avaliando a situação de dentro para fora sobre aquele peso e angustia que muitas mulheres carregam dentro de si caladas.



Talvez se a obra fosse dirigida por um homem não teria tanta relevância ou. O fato de ser uma mulher na direção torna o olhar bem mais preciso para certos tipos de situações. O filme não choca por imagens e sim através das sensações e incômodo que ele desperta e provoca em quem está assistindo.


Um filme esplendido e glorioso em sua proposta. Emocionante e verdadeiro. Uma obra para ser vista mais de uma vez para absorver todas as mensagens e reflexões que ela propõe a fazer. Um olhar sensível e honesto que deixa de lado a romantização para falar de aborto.


Filme: Nunca, Raramente Às Vezes, Sempre

Lançamento: 24 de janeiro de 2020

Direção: Eliza Hittman

Roteiro: Eliza Hitman

Gênero: Drama

Onde Ver: Telecine








 

Assista ao trailer logo abaixo




 

Marcello Almeida

É editor e criador do Teoria Cultura.

Pai da Gabriela, Técnico em Radiologia, flamenguista, amante de filmes de terror, adora bandas como: Beatles Radiohead, Teenage Fanclub e Jesus And Mary Chain. Nas horas vagas, gosta de divagar histórias sobre música, cinema e literatura marce.almeidasilvaa@gmail.com



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