Morre Arthur Hamilton, compositor de “Cry Me a River”, aos 98 anos

Choramos um rio – e seguimos ouvindo

Imagem: Reprodução/Society of Composers and Lyricists

O lendário compositor Arthur Hamilton, autor do clássico “Cry Me a River”, morreu esta semana aos 98 anos. A notícia foi confirmada pela Sociedade de Compositores e Letristas, da qual ele foi presidente, mas a causa e o local da morte não foram divulgados.

Nascido em Seattle, em 1926, Hamilton entrou para a história com canções que atravessaram décadas, estilos e gerações. Seu maior sucesso, “Cry Me a River”, foi lançado originalmente por Julie London em 1955 — e se tornaria um dos standards mais emblemáticos da música americana, regravado por nomes como Ella Fitzgerald, Joe Cocker, Aerosmith e Michael Bublé.

Curiosamente, a faixa foi escrita para o filme Taverna Maldita (1955), estrelado por Janet Leigh, mas acabou excluída do corte final. London, então ex-esposa do diretor Jack Webb, resgatou a canção e a transformou num hit instantâneo, que chegou ao top 10 da Billboard e virou trilha sonora de corações partidos no mundo inteiro.

Mas Hamilton não era compositor de um hit só. Também assinou músicas como “He Needs Me” e “Sing a Rainbow”, ambas criadas para o mesmo filme e posteriormente redescobertas em outros contextos — a segunda, inclusive, virou um clássico infantil. Em 1970, foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original por “Till Love Touches Your Life”, parceria com o maestro Riz Ortolani para o filme Madron. A música foi interpretada por Richard Williams e Jan Daley, mas perdeu o prêmio para “For All We Know”, de As Mil Faces do Amor.

Além da obra musical, Hamilton teve papel fundamental nos bastidores da indústria. Foi o segundo presidente da Sociedade de Compositores e Letristas e também atuou como diretor do departamento de música da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.

Com elegância, melancolia e palavras que ainda doem bonito, Arthur Hamilton escreveu não só uma música eterna — mas um sentimento.